Sergio Moro (Podemos-19)
Da mesma forma como o fabuloso
jogador Pelé foi eleito o Atleta do Século por antecipação, em 1980, vinte anos
antes de passarmos para o século XXI, por haver a certeza de que, no mundo
esportivo, não surgiria nenhum outro que se pudesse comparar a ele, agora
acontece a mesma coisa com relação à Piada do Ano, o disputadíssimo troféu de
imbecilidades, cobiçado no Brasil por governantes, políticos, empresários e
destacadas personalidades civis e militares.
Antes mesmo da virada do ano,
o troféu foi concedido por unanimidade e consenso geral ao procurador Lucas
Furtado e ao ministro Bruno Dantas, do TCU, que abriram investigações sobre
atos de corrupção que teriam sido cometidos pelo ex-juiz Sérgio Moro.
– Fazendo jus ao sobrenome, o
procurador Furtado roubou a cena, porque a ideia da piada foi exclusivamente
dele, embora o ministro Dantas também tenha feito jus a seu sobrenome, ao se
comportar igualmente “como uma anta”, como se diz desde os tempos saudosos da
autoproclamada presidenta Dilma Rousseff, que fez por merecer o apelido de
“presidanta”.
O procurador Furtado também
não se furtou de antecipar explicações sobre seu proceder, em entrevista ao
site Conjur em 23 de agosto de 2020. Disse ele, explicando seu modo de agir:
“Me conferi esse papel de
atuar como uma ponte entre a investigação efetuada pela imprensa e o TCU. Se há
mérito ou demérito nessa minha atuação, atribuo isso à própria imprensa. Minha
função é simplesmente levar essas demandas adiante para que não caiam no vazio
como no passado. Não deixo cair. Investigo qualquer denúncia publicada pela
imprensa desde que contenha o mínimo de elementos que justifiquem um
procedimento no meu campo de atuação“, justificou-se
– Como se vê, o procurador
Furtado faz uma piada atrás da outra. Esse papel de “fazer uma ponte entre a
investigação efetuada pela imprensa e o TCU”, por exemplo, é uma anedota da
melhor qualidade.
Demonstra que até mesmo no
Judiciário ainda há quem acredite no que a imprensa divulga em seu noticiário
político e econômico, que é sempre manipulado de um lado para o outro, de
acordo com as conveniências dos donos dos chamados órgãos de comunicação.
A respeito dessa crença do
procurador, Padre Quevedo diria, revoltadíssimo: “Isso non ecziste”. Aliás,
aqui na Tribuna da Internet a gente acredita tanto na imprensa que criamos até
uma “tradução simultânea”, para que as pessoas raciocinem com mais clareza
sobre as notícias da política e da economia, para ver se há alguma intenção por
trás daquelas palavras.
– O procurador Furtado
esqueceu de fazer a tradução simultânea e ficou roubado no lance, como dizem os
locutores esportivos. A motivação da imprensa, ao denunciar Moro como
“protetor” da recuperação da Odebrecht, mostra ser claramente política.
Se o juiz Moro tivesse
absolvido a Odebrecht, a iniciativa do TCU até faria sentido, o ex-juiz estaria
se beneficiando de decisão tomada antes. Mas aconteceu exatamente o contrário.
Como magistrado, Moro atuou corajosamente para desbaratar o maior esquema de
corrupção já implantado no mundo, e a Odebrecht era uma das empreiteiras
beneficiadas. Estava tão envolvida na corrupção que chegou a criar e manter um
“departamento” exclusivamente para administrar propinas a centenas de
políticos.
Moro atuou para destruir tudo
isso. E a pergunta que resta é a seguinte: Na Alvarez & Marsal, o que o
ex-juiz poderia fazer para “ajudar” a Odebrecht? Nada, absolutamente nada.
Aliás, a empreiteira continua quebrada, embora seus donos permaneçam
bilionários, como é comum no Brasil, sem que procuradores, ministros e
tribunais se preocupem com essas distorções.
Em sua defesa, Sérgio Moro
disse algumas verdades nas redes sociais: “Trabalhei 23 anos na carreira
pública. Lutei contra a corrupção neste país como ninguém jamais havia feito.
Deixei o serviço público e trabalhei honestamente no setor privado para
sustentar minha família. Nunca paguei ou recebi propina, fiz rachadinha ou
comprei mansões”, publicou nas redes.
Esqueceu de dizer que jamais
comprou imóveis em dinheiro vivo, nunca lavou dinheiro em loja de chocolate,
não levou parentes e amigos para passear em jatinho da FAB nem criou emprego
altamente remunerado para uma amante e lhe deu um cartão corporativo, com
direito a viajar 34 vezes ao exterior, clandestinamente e ganhando diárias em
dólar…
Esqueceu também de dizer que
não tem contas bancárias em paraísos fiscais, para obter lucro cada vez que a
moeda brasileira cai de cotação, por imperícia do governo… Realmente, esqueceu
muita coisa. (Tribuna da Internet)
Quinta-feira, 30 de dezembro
2021 às 19:28