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"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

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domingo, 31 de maio de 2020

PLANALTO ABRE LICITAÇÃO EM BUSCA DE FORNECEDOR DE INTERNET PARA AVIÕES PRESIDENCIAIS POR R$ 3,5 MILHÕES



O governo publicou um edital para contratação de uma empresa para fornecer serviços de conectividade nos aviões que transportam o presidente em viagens pelo país e pelo mundo.

O governo busca um fornecedor de banda larga e serviços de telefonia para a aeronave Embraer 190 PR, em viagens nacionais, e no Airbus A319CJ, para internacionais. O principal meio de transporte do presidente é o Airbus, e duas aeronaves Embraer 190 são consideradas reservas, nos casos de indisponibilidade da primeira.

Pelo valor anual estimado de R$ 3,5 milhões, a empresa vencedora deverá oferecer serviço de comunicação via satélite para transmissão de voz e dados, como descreve o edital. O documento afirma que o presidente será o principal usuário do serviço. Caso a tripulação tenha necessidade de acesso a informações essenciais à navegação aérea, também poderá utilizá-lo.

O principal objetivo esperado com a contratação, tal como descrito pelo edital, é “manter o Presidente da República conectado ao centro de governo”. O contrato atual, assinado em 2018 com a empresa Transat, tem o valor anual de R$ 2,7 milhões. Segundo o governo federal, a proposta apresentada pela Transat para continuar operando o serviço de conectividade nos aviões do presidente foi de R$ 7 milhões.

Como as partes não chegaram a um acordo, o governo Bolsonaro decidiu abrir o edital com base em propostas preliminares que recebeu, chegando ao valor de R$ 3,5 milhões. Entre junho de 2018 e fevereiro de 2020, a média mensal de consumo de dados nesses aviões foi de 9.100 megabytes, ou 9,1 gigabytes.

Por isso, o edital estabelece a contratação de 10.000 megabytes (ou 10 gigabytes) por mês, que responde pela maior parte do valor do contrato. O edital também prevê 60 minutos de ligações para telefones fixos e mais 60 minutos para telefones móveis por mês. A abertura do pregão está marcada para 9 de junho, às 9h30.

*Folha

Domingo, 31 de maio, 2020 ás 00:05


sexta-feira, 29 de maio de 2020

COM ATUAÇÃO PÍFIA DURANTE CRISE NA SAÚDE, O GOVERNO TEM REPROVAÇÃO DE 50%, APONTA PESQUISA



Pesquisa do Datafolha mostra que o brasileiro está mais insatisfeito com a condução de Jair Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus. Segundo o instituto, em levantamento feito na segunda-feira, dia 25, e na terça-feira, dia 26, 50% dos 2.069 entrevistados consideram o manejo da crise pelo presidente ruim ou péssimo – 5 pontos a mais do que em 27 de abril e 17 acima do registrado em 18 a 20 de março, na primeira aferição do tipo.

A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. A aprovação do desempenho de Bolsonaro segue a tendência de estabilidade identificada na avaliação geral, ficando nos mesmos 27% de um mês atrás. Já 22% o acham regular na crise.

A piora na avaliação acompanha a turbulência instalada no governo, que perdeu há quase duas semanas o segundo ministro da Saúde em meio à pandemia por não concordar com as orientações de Bolsonaro, que critica o isolamento social e defende a ampliação do uso da cloroquina contra a Covid-19.

Com efeito, a pasta comandada interinamente pelo general Eduardo Pazzuelo viu desabar sua aprovação popular. No começo da crise, era de 55%, subindo para 76% no começo de abril, quando o ministro Luiz Henrique Mandetta comandava um foco de resistência às políticas de Bolsonaro.

Após a queda de Mandetta e a entrada de Nelson Teich, em 17 de abril, a aprovação aferida dez dias depois pelo Datafolha voltara aos 55% iniciais. Agora, são 45% de ótimo/bom, de todo modo bastante acima dos 27% do presidente.

Bolsonaro é pior avaliado em regiões populosas, nas quais a presença do vírus e a disfunção do cotidiano tendem a ser maiores. No Nordeste e no Sudeste, ele tem 52% de rejeição à sua atuação. Os mais ricos (62% de ruim/péssimo entre quem ganha mais de 10 salários mínimos) e instruídos (57%) são os mais insatisfeitos.

Os governadores de estado, em sua maioria antípodas de Bolsonaro na disputa, como João Doria (PSDB-SP), seguem melhor avaliados do que o chefe do Executivo. Pressionados pelas quarentenas prolongadas, eles também registram perdas: de 54% de aprovação, oscilaram para 50%, menor índice nominal desde o começo da pandemia.

Acham seus governadores regulares no combate à Covid-19 24% e os insatisfeitos são 25%, um salto de 5 pontos ante a pesquisa anterior. Os chefes estaduais do Sul seguem sendo os mais bem avaliados, com 68% de ótimo e bom, seguidos pelo bloco empatado de Nordeste (53%), Norte/Centro-Oeste (52%) e Sudeste (50%).

 A mais populosa região do país é a com maior rejeição a seus governadores na crise, 31%, enquanto o Sul só registra 11% de ruim e péssimo. Desta vez, o Datafolha apurou a percepção de responsabilidade dos governantes pela disseminação do patógeno pelo país, que teve 419.340 casos e 25.945 mortes até a tarde desta quinta (28).

Para 33%, Bolsonaro é muito responsável pela curva de infecção do Sars-Cov2. Outros 20% acham que ele é um pouco responsável, enquanto 45% o eximem de responsabilidade.

Entre os que mais acham que ele é responsável estão dois grupos que, durante 2019, estiveram mais ao lado do presidente: os mais ricos (42%) e instruídos (43%). Já os grupos que mais isentam Bolsonaro são os maiores de 60 anos (50% acham que ele não tem responsabilidade) e as donas de casa (52%).

No nível estadual, o quadro é mais róseo para os governadores. Acham vós responsáveis 19%, ante 20% que veem um pouco de responsabilidade. Para 58%, não há nada a debitar na conta dos governadores sobre o espraiamento do vírus. O cruzamento dos dados de aprovação com o grau de adesão do entrevistado a medidas para tentar mitigar a crise apontam para uma divisão em times no país: os que estão com os governadores e os que estão com Bolsonaro.

A aprovação do presidente é inversamente proporcional ao grau de adesão ao isolamento social, indo de 42% de ótimo e bom entre quem diz viver normalmente a 16% entre os totalmente ilhados em casa. No grupo mais preponderante (50% da população), aqueles que só saem quando é indispensável, a taxa está em 26%.

Entre aqueles que defendem a adoção do confinamento mais radical, o “lockdown”, só 15% acham Bolsonaro ótimo ou bom. Já o caminho é inverso quando o que está em questão é a avaliação dos governadores. Sua aprovação cresce de 30% entre os que não respeitam quarentenas para 52% entre os isolados, marcando 54% no grupo dos que só saem quando é indispensável. Seguindo a mesma lógica, 58% dos que aprovam o “lockdown” acham seus líderes nos estados bons ou ótimos na crise.

*Folha online

Sexta-feira, 29 de maio, 2020 ás 10:00

quinta-feira, 28 de maio de 2020

MOURÃO ASSISTE À DERROCADA DE SEU EX-AMIGO BOLSONARO



Já falamos muito aqui na Tribuna da Internet sobre a reunião ministerial do dia 22 de abril, mas o tema é inesgotável. Além daquela impressionante apresentação do presidente Jair Bolsonaro, que mais parecia à beira de um ataque de nervos, como se fosse personagem do genial cineasta Pedro Almodóvar, é preciso notar também as participações especiais de três outros grandes membros do elenco – o chefe da Casa Civil, Braga Netto, o vice-presidente Hamilton Mourão e o então ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O general Braga Netto ainda teve algumas falas, tentava organizar a bagunça, funcionava como uma espécie de primeiro-ministro, digamos assim, mas o ex-juiz Moro e o vice Mourão entraram mudos e saíram calados, embora suas posturas sempre fossem muito significativas. Afinal, como o mestre chinês Confúcio dizia em relação à imagem, também um olhar pode ser mais expressivo do que mil palavras.

Mourão e Braga tinham comportamento semelhante quando Bolsonaro viajava naquelas frases agressivas, ameaçadoras e desconexas – os dois faziam olhar de paisagem, era como se não estivessem ali.

Só de vez em quando é que fitavam o delirante presidente. A diferença é que Braga demonstrava impaciência, enquanto Mourão exibia um discreto sorriso irônico. É claro que o vice-presidente está assistindo à derrocada de seu ex-amigo Bolsonaro com indisfarçável satisfação, um sentimento natural para quem foi tão humilhado como ele, a ponto de ser impedido de ocupar a Presidência durante a longa recuperação de Bolsonaro na terceira cirurgia.

Na reunião, Mourão tinha um caderninho que o livrava de ficar olhando para Bolsonaro. Entre um faniquito e outro, Mourão fingia fazer alguma anotação e conseguia se abstrair. Mas o ministro Braga Netto, que ainda não usa o caderninho salvador, tinha de se socorrer mexendo no celular, e seu constrangimento na reunião era indisfarçável.

Entre os principais personagens, detectava-se um clima de cinismo e hipocrisia, dois sentimentos que parecem caracterizar esse governo. O ex-juiz Moro destoava dos demais. Ficou praticamente o tempo todo na mesma posição, com o semblante fechado, os braços cruzados e sem jamais olhar para Bolsonaro, nem mesmo nos momentos de maior agressividade do presidente. Moro comportou-se com a dignidade de sempre, era um personagem à parte naquele palco iluminado e sem estrelas.

Em suma, é preciso dizer que o ministro Celso de Mello prestou um inestimável serviço público.ao permitir a divulgação da quase totalidade da reunião ministerial do dia 22 de abril, quem assistiu ao vídeo ficou conhecendo Bolsonaro melhor e passou a ter certeza de que ele não tem o menor equilíbrio para presidir esse país.

Aliás, tinha tudo para dar certo. Sua ascensão ao poder foi cercada por um fortíssimo clima de esperança que ele não soube cultivar ou manter. Agora, desde o início deste ano ele se arrasta pateticamente no Planalto, como um zumbi político caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, como dizia Caetano Veloso.

*Tribuna da internet

Quinta-feira, 28 de maio, 2020 ás 11:00