Mensagem

"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

Ja temos 2 membro, seja o terceiro do

terça-feira, 5 de agosto de 2014

TELEFÓNICA BRASIL OFERECE 6700 MILHÕES PELA EMPRESA DE BANDA LARGA DA VIVENDI

Enquanto a Oi anda às voltas com a fusão com a PT, a Telefónica vai às compras. A empresa liderada por César Alierta anunciou nesta terça-feira uma oferta de 20.100 milhões de reais (cerca de 6700 milhões de euros) pela aquisição da GVT, empresa de cabo e banda larga da Vivendi. Em cima da mesa está uma oferta em dinheiro e acções: cerca de 12 mil milhões de reais e uma participação em torno de 12% do capital da nova empresa que resultar da fusão entre a Telefónica Brasil e a Global Village Telecom (GVT).

Isto se a Vivendi aceitar o negócio e vender a sua operadora de televisão por cabo, que tem oferta de banda larga, mas não tem serviço de telecomunicações móveis e que, na junção com a Telefónica Brasil (dona da Vivo), passaria a estar apta a oferecer serviços convergentes, ou seja, pacotes de serviços que incluem televisão, internet e comunicações fixas e móveis.

Se a operação for para a frente dará origem ao maior operador de banda larga do mercado brasileiro, com mais de sete milhões de clientes e 30% do mercado, à frente da Telmex. A nova empresa teria 1,5 milhões de clientes de TV paga, com uma quota de 7,84% do mercado, depois da Telmex e da Sky, de acordo com uma nota de research divulgada nesta terça-feira pelo Millennium Investment Banking.

Segundo a versão electrónica do jornal Folha de São Paulo, a oferta da Telefónica surge depois de o presidente da empresa francesa, Vincent Bollore, ter afirmado que o grupo, apesar de estar a focar-se na área de média, gostaria de manter o seu último activo do sector das telecomunicações. Em comunicado, a empresa veio dizer que nenhuma das suas unidades está à venda, mas que irá analisar a oferta espanhola na próxima reunião do conselho de administração.

Numa espécie de dois em um, a Telefónica procura ainda com esta operação resolver uma questão pendente com as autoridades brasileiras. Em causa está a sua posição de 8,3% na Telecom Italia (TI), que também é dona da operadora móvel TIM. A presença da Telefónica no capital da Telecom Itália nunca foi bem aceite pela Conselho Administrativo de Defesa Económica (CADE), tendo em conta que a Telefónica controla a Vivo, que concorre directamente com a TIM.

Agora a Telefónica admite que as acções da TI podem ser usadas como parte do pagamento pela compra da GVT. No comunicado enviado ao regulador da bolsa espanhol, a Telefónica explica que, “na hipótese de a Vivendi estar interessada na aquisição de uma participação estável na Telecom Itália”, poderia “oferecer-lhe a compra” da posição de 8,3% do capital e votos da Telecom Itália, directamente ou através de instrumentos convertíveis em acções. A oferta é válida até 3 de Setembro.

O site do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba (onde está sedeada a GVT, que tem presença em 160 cidades), destaca “a ironia” por detrás desta oferta da Telefónica. O jornal recorda que, em 2009, a GVT foi pretexto para uma troca de acusações entre espanhóis e franceses quando os segundos conseguiram levar a melhor na disputa pelo controlo da operadora de cabo recorrendo à compra de acções e opções através de um fundo anónimo. O fundo foi multado pelo regulador da bolsa brasileiro em cerca de dez milhões de reais (aproximadamente três milhões de euros ao câmbio actual), mas a Vivendi ganhou a batalha.

A aquisição da GVT faz todo o sentido para a TIM, para se tornar num operador convergente, com serviços de televisão e comunicações fixas. No mês passado o presidente executivo da TI, Marco Patuano, tinha dito que a fusão entre estas empresas não está na agenda, embora não possa ser descartada. Para a Telefónica, que tem de desfazer-se da sua posição (indirecta) na TIM, faz todo o sentido antecipar-se a um negócio que deixará a sua concorrente directa mais forte.

ANA BRITO


Terça-feira, 5 de agosto, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário