Facebook, Google e mais seis
empresas lançam site em que propõem novo modelo de coleta de informações de
usuários. E aproveitam para condenar propostas de nacionalização de data
centers como a incluída no Marco Civil
Oito das principais empresas de
tecnologia do mundo se uniram e enviaram nesta segunda-feira uma carta ao
presidente americano Barack Obama pedindo "mudanças urgentes"
relativas ao monitoramento feito pelo governo americano a seus serviços, uma
resposta às recentes denúncias feitas por Edward Snowden, ex-consultor da CIA,
de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos teria espionado
comunicações de cidadãos americanos e estrangeiros. O documento, subscrito por
Apple, Facebook, Google, Microsoft, LinkedIn, AOL, Twitter e Yahoo, também
critica governos que exigem que empresas de internet mantenham data centers em
território nacional, proposta abraçada pela presidência de Dilma Rousseff, que
deseja vê-la incluída no Marco Civil da internet, projeto que de lei que
pretende disciplinar a web brasileira.
As sugestões das empresas de
tecnologia serão apresentadas no site Reform Government Surveillance (algo como
Pela Mudança do Monitoramento Governamental) e trazem a assinatura dos
principais executivos de tecnologia do mundo, casos dos CEOs Mark Zuckerberg
(Facebook), Marissa Mayer (Yahoo!), Larry Page (Google) e Dick Costolo
(Twitter). "Há uma necessidade real de melhor comunicação e de novos
limites para a coleta de informação pelos governos", afirma Zuckerberg.
As companhias também endereçam
questões relacionadas à legislação da internet a outros países. Um dos tópicos
chama atenção: "Os governos não devem exigir que provedores de serviços
operem localmente ou mantenham sua infraestrutura dentro das fronteiras de
certo país." Não há menção a nenhuma nação, mas a medida é uma clara
crítica à tese do governo brasileiro de que a localização dos data centers
ajudaria no combate à espionagem. A proposta foi incluída no projeto do Marco
Civil da Internet em julho, após a suspeita de que a NSA espionou autoridades e
empresas brasileiras, como a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras.
Analistas estão de acordo quanto
aos prejuízos acarretados pela medida. Em recente entrevista ao site de VEJA, o
diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo
Lemos, explicou que a presença forçada dos data centers afugentará empresas do
país. "Os sites terão receio de oferecer serviços a usuários brasileiros
com medo de, no futuro, ter que montar um data center local", afirmou. A
hospedagem compulsória também pode provocar uma enxurrada de ordens judiciais
exigindo acesso a informações pessoais, além da retirada de conteúdos do ar —
com prejuízo óbvio à liberdade de expressão.
No Reform Governement
Surveillance, as empresas de tecnologia afirmam que estão realizando
investimentos para aumentar a segurança dos usuários, evitando assim o
monitoramento sem autorização em seus serviços. Em junho, Google e Yahoo
anunciaram o desenvolvimento de iniciativas para criptografar toda a
comunicação entre os usuários, dificultando o acesso externo a informações
pessoais. Na última sexta-feira, foi a vez de a Microsoft anunciar o uso da
mesma técnica para ampliar a segurança dos dados enviados por meio de serviços
como o e-mail gratuito Outlook.com e o backup em nuvem SkyDrive. Estima-se que
o projeto da companhia americana seja concluído em meados de 2014.
Veja.com
Segunda-feira,09 de dezembro,2013