A
empresa de segurança Kaspersky Lab detectou em 2015 um total de 884.774 novos
malwares, os softwares maliciosos que complicam a vida dos usuários de
dispositivos móveis.
O
número é três vezes o registrado pela empresa em 2014: 295.539.
E,
entre as novas ameaças, a empresa citou um trojan - nome dado a programas
maliciosos disfarçados de legítimos - chamado Triada, cujo alvo são os
dispositivos que usam o sistema operacional Android.
Dada
a sua complexidade, os especialistas o comparam a malwares criados para atacar
o Windows. "É sigiloso, modular, persistente e foi criado por
cibercriminosos muito profissionais", disse a Kaspersky Lab em seu site.
"Os
dispositivos que usam as versões 4.4.4 e anteriores de Android OS estão em
risco", disse. De acordo com o informe da empresa, cerca da metade dos 20
principais trojans em 2015 eram programas maliciosos "com habilidade de
conseguir direitos de acesso de superusuário".
Esses
direitos dão aos hackers o privilégio de instalar aplicativos e programas em
smartphones de uma pessoa sem que ela saiba. Existem 11 "famílias de
trojan móveis" que usam esses privilégios. "Três deles - Ztorg, Gorpo
e Leech - atuam em cooperação mútua."
Em
2015, 94.344 usuários únicos foram atacados por um vírus ransomware, um
programa que se instala rapidamente em seu celular e bloqueia o acesso ao
usuário como se sequestrasse seus arquivos. Para recuperar o acesso, é preciso
pagar um resgate.
O
número é cinco vezes o de 2014, quando foram reportados 18.478 casos, informou
a empresa. O que fazer?
A
BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, consultou vários especialistas sobre o
que pode ser feito para proteger nossos telefones de ataque cibernéticos.
Apresentamos aqui seis recomendações:
1)
Não seja um 'hacker' do próprio telefone
O
especialista em segurança informática Luis Enrique Corredera recomenda não
rotear (ou fazer root) seu celular. Esse termo é conhecido dos usuários de
Android e consiste em conseguir acessar o sistema do telefone para fazer
mudanças profundas.
A
palavra faz alusão a root, que em inglês significa raiz. Para os usuários de
iOS, a mesma atividade é conhecida como jailbreaking, que em inglês significa
fuga.
E
é precisamente esse o primeiro conselho que a Kaspersky Lab deu quando
perguntada sobre formas de cuidar dos dispositivos móveis. "Evite o
'jailbreaking' do telefone", disse Fabio Assolini, analista de segurança
da empresa.
"Seu
smartphone passa a ser um objetivo maior para agentes maliciosos quando você o
'hackeia' para baixar aplicativos de outros sistemas operacionais ou mudar a
operadora de telefonia", acrescentou.
2)
Pense no pior
Há
uma medida com a qual todos os especialistas parecem concordar: use o senso
comum. Ou ainda: pense no pior que pode acontecer. Segure o dedo antes de
clicar em uma janela que, por exemplo, pede acesso à configuração de seu
celular ou convida a instalar um programa.
Para
Corredera, é importante "evitar aplicativos que não sejam de lojas
oficiais ou de fontes confiáveis, nem reagir apressadamente a mensagens que
simulam anúncios de antivírus que supostamente detectaram um problema e nos
pedem para fazer uma análise".
O
fundador da empresa de segurança digital Flag Solutions aconselha os usuários a
não desativar uma opção no Android conhecida como "verificar
aplicativos", função que analisa todos os aplicativos antes e depois de
instalá-las para evitar que um software malicioso se instale.
"Supõe-se
que os aplicativos passem por controles rígidos de segurança. Se o aplicativo
for suspeito, essa função a detectará", disse Corredera.
O
Kaspersky Lab também recomenda não abrir arquivos anexados a e-mails em seu
telefone. "Assim como um malware para computadores, arquivos anexos em
celulares podem conter programa maliciosos", diz a empresa. Eles também
não aconselham clicar em links de mensagens de texto que possam ser spams,
porque elas podem te levar a sites maliciosos.
3)
Instale um 'doberman'
Assim
como muitas pessoas gostariam de instalar três fechaduras, duas grades, alarme
e ter um cão de raça doberman na porta de nossas casas, o mesmo deve ser feito
com o celular.
"Bloqueie
o acesso a seu dispositivo móvel com uma senha forte para evitar que pessoas
não autorizadas tenham acesso a sua lista de contatos, fotos pessoais,
aplicativos e e-mails", indica Kaspersky Lab. Instalar um programa
antimalware também é importante.
4)
Veja o que os outros fazem
Não
se trata de ser "maria vai com as outras", mas não custa nada ler a
opinião de outros internautas.
O
engenheiro de sistemas Antonio Navas, que tem ampla experiência em
desenvolvimento de aplicativos móveis, acredita que na hora de baixar é preciso
se certificar de que sejam apps conhecidos.
"Devem
ser aplicativos que tenham muitas resenhas e que sejam usadas por muitos
usuários. É preciso ter cuidado principalmente com jogos ou apps que prometem
bloquear, por exemplo, anúncios", disse.
"Se
você realmente quer instalar apps que não são muitos conhecidos, é
imprescindível checar as autorizações que o app necessita e se alguma delas
soar estranha é melhor não instalar", disse ele, que é diretor de
engenharia do Duolingo (app de ensino de idiomas).
5)
Imagine que você está em frente ao seu computador
Há
muitas medidas de segurança que implementamos para proteger nossos computadores
pessoais. De fato, várias delas podem ser usadas para proteger nossos
celulares.
"Tenha
muito cuidado com possíveis sites de phishing (termo que vem do inglês fish,
pescar, usados para "fisgar" o usuário convencendo-o a passar
informações como senhas e número de contas) durante o uso de seu celular",
diz Assolini.
Se
puder, digite diretamente o endereço do site que você procura. "Se você
clica num link para uma nova página, cheque a URL para ter certeza de que você
não está sendo redirecionado para um site desconhecido."
Outro
conselho é fazer backups de segurança e ter cópias do que você tem no celular.
Por exemplo, salve com regularidade suas fotos, vídeos e outros conteúdos que
são muito importantes para você em HDs externos.
A
Kaspersky Lab também sugere ativar a opção de apagar conteúdo remotamente.
"O problema mais comum que afeta os usuários de celular é a perda física
de seus telefones. Eles podem ser esquecidos no táxi ou roubados", diz
Assolini. "Limpar a memória irá impedir que ladrões acessem a informação
pessoal em seu telefone."
6)
Cuidado com quem te segue
Ainda
que fisicamente ninguém esteja atrás de você, na internet muitas pessoas podem
ver o que você faz com seu celular. Por isso, a empresa recomenda desligar a
função bluetooth quando ela não estiver sendo utilizada.
"Qualquer
pessoa com um telefone com bluetooth pode espiar facilmente sua atividade no
telefone, suas ligações e as mensagens de texto que você envia. Além disso, não
aceite mensagens enviadas via bluetooth de números de telefone
desconhecidos", diz a Kaspersky Lab.
E
evite redes wi-fi públicas, pois "a informação que se transmite através
dessas redes não seguras pode ser interceptada por criminosos. Isso pode
incluir seu número de conta bancária ou cartão de crédito", disse a
empresa dedicada à segurança informática.
Margarita
RodríguezDa BBC Mundot
Sábado,
12 de março, 2016