Seu computador pode ser uma espécie de cofre:
estão guardadas nele informações valiosas, como senhas e dados de contas
bancárias. No entanto é como se este cofre não fosse totalmente seguro, pois
está sujeito a ataque de hackers.
O
último exemplo de uma grande ação de hackers aconteceu na sexta-feira, em um
dos ataques mais graves a atingir os Estados Unidos nos últimos dez anos. A
ação mirou em sites como Spotify, Airbnb e o Twitter e afetou milhões de
usuários.
Mas
nem todos os ataques são tão óbvios. Em alguns casos, usuários têm suas senhas
roubadas e compartilhadas com outras pessoas ou grupos, o que permite furtar
suas identidades digitais e até dinheiro. Quando percebem o que aconteceu, já é
tarde.
A
BBC consultou especialistas para saber como descobrir se o seu computador já
não é mais seguro e o que fazer diante de um ciberataque.
Ataques
silenciosos
Jim
Wheeler, diretor de ciberoperações da Protection Group International (PGI), uma
companhia de segurança com sede na Grã-Bretanha, explicou que qualquer
computador ou conta digital pode ser hackeada.
O
problema é que os usuários domésticos e empresas muitas vezes não sabem que
estão sendo atacados. "Em 60% dos casos, as vítimas só ficam sabendo
depois e por meio de uma terceira pessoa (a quem transmitiram o vírus) ou por
uma instituição (como o banco)", disse Wheeler.
Segundo
o especialista, em alguns casos, os usuários só percebem quando tentam acessar
uma conta e não conseguem ou quando o computador fica mais lento. Geralmente, é
difícil notar.
Ángel
Bahamontes, especialista em informática forense e presidente da Associação
Nacional de Avaliadores e Peritos Judiciais Informáticos da Espanha, concorda
com Wheeler.
"Algumas
coisas podem ser medidas e outras, não. Muitos ataques são silenciosos (como os
cavalos de troia), e, quando você tenta solucionar o problema, o dano já está
feito", explicou.
Mudança de senhas
O
erro mais comum é usar a mesma senha (que muitas vezes já não é muito segura)
em vários sites. E os hackers se aproveitam disso. Mas existe uma forma de
conter os danos até depois de um ataque: mude a senha imediatamente.
O
cientista da informação Jeremiah Onaolapo e seus colegas do University College
de Londres chegaram a esta conclusão depois de uma experiência na qual criaram
cem contas do serviço de email do Google, o Gmail, e compartilharam estas
contas em sites onde elas poderiam ser hackeadas.
Eles
descobriram que os piratas não agem imediatamente, mas esperam alguns minutos.
Este tempo é muito importante para que o usuário possa se proteger ao alterar a
senha.
"É
fundamental que o usuário inclua letras e números. Quanto mais longas e
complexas, melhor", explicou Wheeler.
Mas
aí surge outro problema: como lembrar de senhas tão complicadas?
Uma
boa ideia pode ser usar o gerenciador de senhas, um programa que permite
armazenar todas de forma segura. Uma das sugestões de Wheeler é o LastPass, que
é grátis.
Claudio
Chifla, perito judicial em informática, afirma que "não devemos facilitar
para ninguém (o acesso) a nossas senhas. E as que usamos não devem ter dados
pessoais (como o nome do bicho de estimação ou a data de nascimento).
O
especialista conta que é "recomendável que as senhas sejam formadas por
letras e números que não se repitam e que ao menos uma das letras seja
maiúscula. Também use pelo menos um símbolo".
Sem riscos
desnecessários
"Entre
outras medidas importantes, está usar sistemas de verificação de identidade em
duas etapas e manter seu sistema atualizado (o computador e o navegador)",
alertou Wheeler.
"É
preciso utilizar sempre programas com licenças originais adquiridos e baixados
de páginas oficiais, de fontes de confiança", acrescentou Chifla. De
acordo com o especialista, também é melhor "evitar abrir emails estranhos
e não clicar em links e páginas desconhecidas".
"Normalmente,
percebemos que fomos hackeados porque nossos contatos recebem algum email
estranho de nossa caixa de emails. Outro sinal clássico é quando o rendimento
de nosso computador cai ou páginas de publicidade começam a abrir de forma
aleatória."
"Um
grande perigo é que nosso aparelho seja usado sem nosso conhecimento para
cometer crimes."
Para
que isso não aconteça, Wheeler lembra de outra medida importante: não publicar
muita informação pessoal nas redes sociais.
"Pense
nisso como se você estivesse expondo seus dados para todo mundo em um centro
comercial", explicou.
Prudência
Bahamontes
acredita que muitos ataques de hackers só acontecem devido à falta de
prudência.
"As
pessoas fornecem dados sem verificar quem está pedindo - por exemplo, em apps
gratuitos -, baixam programas que colocam em risco o computador e depositam o
dinheiro em contas de PayPal que conseguiram participando de promoções
falsas", explicou.
"Grande
parte dos ataques poderia ser evitada com algum cuidado e bom senso",
garante Bahamontes. Para o especialista, também é importante "se informar
sobre cibersegurança, com conhecimentos básicos", para evitar os ataques.
"É
importante que as pessoas tenham mais consciência dos riscos. Na maioria das
vezes, nem o usuário e nem o criador do site onde ocorreu o ataque percebem que
os hackers estão agindo", explicou Wheeler. "Não é preciso ser um
gênio para fazer um ciberataque. Até um menino de 14 anos consegue."
Os sinais
Segundo
a Associação Nacional de Cibersegurança e Perícia Tecnológica (ANCITE) em
Madri, na Espanha, um dos principais sianis de alerta é o comportamento
diferente do computador, com programas que param de funcionar, arquivos com
conteúdo trocado, flutuações repentinas na conexão com a internet ou erros ao
acessar um serviço com sua senha.
Outro
é o aparecimento de barras de ferramentas adicionais no seu navegador (pode ser
um software malicioso). Fique atento caso janelas de publicidade apareçam com
frequência enquanto você navega. Ou se o programa antivírus ou antimalware para
de funcionar ou parece ter sido desabilitado.
Quando
alguns de seus contatos recebem emails falsos ou com publicidade vindos de sua
conta, também é um sinal de falha na segurança. E, quando você nota que
aumentou o consumo de dados no seu plano de internet no celular, tome cuidado:
pode ser malware.
O que fazer?
A
ANCITE recomenda que os usuários façam periodicamente cópias de segurança de
seus arquivos. Se você guarda tudo isso na nuvem, coloque senhas e não confie
em serviços gratuitos.
Use
programas antivírus e antimalware e os mantenha atualizados. Se você acha que
algum hacker está usando seu computador remotamente, desconecte imediatamente
da internet.
No
caso de smartphones, não instale aplicativos que não venham de sites oficiais
do seu sistema operacional. Mude suas credenciais para acessar os sites
afetados.
Habilite
a verificação em duas etapas para aumentar a segurança. Nunca use a mesma senha
em serviços diferentes de internet e mude estas senhas sem usar dados pessoais
e públicos. (G1)
Domingo,
30 de outubro, 2016
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