O projeto de óculos inteligentes do
Google tem causado furor no mundo da tecnologia, em meio a especulações sobre
seu visual e suas habilidades. Protótipos, na versão Explorer, estão sendo
testados por cerca de mil usuários; o produto deve começar a ser vendido ao
público no ano que vem.
Enquanto alguns creem que
computadores "de vestir" são o próximo passo da era digital, outros
temem a ainda maior perda de privacidade por conta da invenção. A BBC conversou
com alguns usuários do Google Glass e com observadores do setor, para analisar
as perspectivas futuras dessa tecnologia:
Dan McLaughlin, engenheiro sênior
de software da empresa de tecnologia Agilent diz que foi "a primeira
pessoa da costa oeste (dos Estados Unidos)" a buscar o aparelho.
"Tendo usado o Google Glass por algumas semanas, estou surpreso sobretudo
pelo fato de ainda ter muito o que aprender e a descobrir", disse.
"As ideias preconcebidas que
temos antes de usar o óculos são quase todas irrelevantes. O Google Glass é
diferente: a palavra 'novidade' é muito fraca para descrevê-lo. Como
desenvolverdor (de softwares), estou começando a ter uma ideia de como criar
aplicações úteis para esta nova forma tão íntima de acessar a informação",
detalhou.
"Em um nível mais pessoal,
nunca conheci tanta gente em tão pouco tempo, simplesmente porque as pessoas
estão curiosas, amigáveis e interessadas em saber o que é isso e onde ele vai
nos levar. Meus empecilhos foram principalmente técnicos. Uso óculos e, como
parte do programa Explorer, não tenho acesso à armação, que ainda está sendo
desenvolvida. Como fotógrafo amador, as coisas não mudaram muito - só ficaram
mais convenientes. 'A melhor câmera é a que você leva consigo', diz um ditado
em inglês. Então, em vez de pegar o meu celular e abrir o aplicativo da câmera,
(com o Glass) ficou mais fácil tirar fotos do meu filho de dez anos",
descreveu.
"O principal é que posso
checar as horas sem parecer que estou com pressa, atender telefonemas sem fazer
nenhum esforço e acessar novos e-mails tão rapidamente que nem parece que estou
trabalhando. Estou ansioso para ver onde isso vai me levar. Por exemplo, uso um
sistema de gerenciamento de tarefas no meu computador - posso desenvolver um
aplicativo para facilitar esse processo no Glass? E no trabalho, quando eu
precisar ajudar um colega a consertar um equipamento, quando ele necessita das
duas mãos livres? E quanto a manter contato com a minha família, que mora longe
- há alguma forma de eu me aproximar dela? Não sei para onde (essa tecnologia)
vai, mas tenho certeza absoluta de que será interessante", conclui.
Mark Kaelin, editor sênior da
empresa de conteúdo online CBS Interactive se diz "ainda cético quanto ao
conceito" do Google Glass. "A maioria das pessoas empolgadas com os
óculos são escravas de seus aparelhos móveis, têm a necessidade compulsiva de
responder a cada mensagem e checar cada e-mail. O Google Glass parece ter sido
feito especialmente para elas. A habilidade de alimentar essa compulsão sem ter
que sequer olhar para seu celular deve equivaler a um nirvana", pondera.
"Felizmente, pelo menos por
enquanto, essas pessoas são a exceção. Da minha perspectiva, os óculos do
Google parecem ser mais uma receita para criar mais gente irritantemente
mal-educada que fala sozinha em público. Você sabe de quem eu estou falando:
daquelas pessoas que existem em seu mundo virtual próprio, indiferentes à
estranheza social que causam. Óculos de realidade aumentada são apenas uma
maneira mais perfeita para elas evitarem a interação real com pessoas normais
como eu e você", critica.
Foto: BBCBrasil.com
Segunda-feira 06 de maio