O site de tecnologia americano
The Verge publicou uma reportagem nesta terça-feira fazendo uma relação entre
os altos preços de aparelhos eletrônicos no Brasil e o aumento do contrabando
de gadgets. O site, que compara os preços de aparelhos desbloqueados no País
como o iPhone (cerca de US$ 700 no Mercado Livre, considerado uma
"pechincha", US$ 100 a mais que na Apple Store americana) e o Galaxy
S4, (US$ 1,1 mil por aqui contra US$ 630 nos EUA), afirma que os altos preços
dos "smartphones mais caros do mundo" fazem os consumidores
recorrerem a canais mais "subversivos".
O texto do The Verge afirma que
os impostos e taxas de importação jogaram para cima os preços no Brasil e cita
o caso de dois comissários de bordo que, no ano passado, foram presos em São
Paulo por suspeita de contrabando de 14 smartphones, tablets e diversos jogos
para o País. "É impossível medir o tamanho do mercado do Brasil para
mercadorias contrabandeadas, mas as evidências sugerem que está crescendo. Em
2011, a Receita Federal do País apreendeu US$ 812 milhões em mercadorias em
aeroportos, fronteiras e portos, marcando um aumento de 16% sobre o ano
anterior. Segundo o Ministério da Justiça do Brasil, o valor das mercadorias
apreendidas - incluindo drogas, munições e eletrônicos - triplicou de 2004 a
2010", diz o site.
O The Verge afirma que os preços
elevados do Brasil tornaram o País um alvo preferencial para contrabandistas,
que podem oferecer produtos eletrônicos e outros bens de valor abaixo do
mercado e ainda ver lucro. "Há várias razões para os altos custos do
Brasil, mas especialistas colocar grande parte da culpa sobre altas tarifas de
importação e de um sistema tributário complicado", diz o site, que destaca
que as empresas podem escapar tarifas e impostos através da criação de unidades
de produção no Brasil.
"Do ponto de vista
industrial, a política parece ter valido a pena. Huawei, Nokia, ZTE e criaram
instalações de distribuição e fabricação no Brasil, e Foxconn - que fabrica
produtos da Apple e Sony - já está construindo sua quinta fábrica lá depois de
entrar no mercado em 2011", diz a reportagem.
O The Verge ouviu o antropólogo
da Universidade de Leiden Carlos Aguiar, que estudou extensivamente o comércio
ilegal em toda a América Latina,
para quem o aumento do mercado negro no Brasil para gadgets tem menos a ver com a política econômica do que com a mudança na dinâmica social. "Há uma classe média emergente no Brasil e em toda a América do Sul", diz Aguiar. "Eles não são ricos, mas não tão pobres quanto os seus pais foram, então, de repente, você tem milhões de pessoas que querem comprar produtos, os iPhones e produtos high-end que vêem em pessoas ricas e na TV."
para quem o aumento do mercado negro no Brasil para gadgets tem menos a ver com a política econômica do que com a mudança na dinâmica social. "Há uma classe média emergente no Brasil e em toda a América do Sul", diz Aguiar. "Eles não são ricos, mas não tão pobres quanto os seus pais foram, então, de repente, você tem milhões de pessoas que querem comprar produtos, os iPhones e produtos high-end que vêem em pessoas ricas e na TV."
Quarta-feira 31 de julho