O
governo cobrou do Google, maior ferramenta global de buscas na internet, que
instale no país um data center após as denúncias de espionagem dos Estados
Unidos contra cidadãos brasileiros. O assunto foi tratado nesta terça-feira em
encontro do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com o presidente do
Google Brasil, Fabio Coelho.
"É
importante ter data center no Brasil", disse Bernardo a jornalistas após o
encontro. "Isso resolveria algumas situações."
Há
duas semanas, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou convites a
ministros, ao embaixador norte-americano no país e a representantes de grandes
empresas da Internet para uma audiência sobre as denúncias de espionagem a
cidadãos brasileiros por parte do governo norte-americano.
O
convite aconteceu após o ex-prestador de serviços da Agência Nacional de
Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden revelar
programas secretos de espionagem do governo norte-americano.
A
revelação gerou mal-estar com aliados europeus de Washington e descontentamento
na América Latina, depois que o jornal O Globo revelou que países da região
também eram alvos da espionagem norte-americana.
"A
verdade é que a situação do jeito que ficou, com as denúncias do Snowden, ficou
constrangedora", disse Bernardo. "É uma situação que vamos resolver
no campo diplomático, mas isso afeta empresas do setor."
Segundo
o ministro, Coelho negou que o Google tenha entregue ao governo norte-americano
dados em massa, como foi denunciado. O executivo teria dito também que a
questão financeira não é um empecilho para a instalação de um data center no
país, mas sim a arquitetura da rede.
Atualmente,
quando demandado pela Justiça brasileira a ceder dados, o Google argumenta que
não atende o pedido porque o data center fica no exterior, disse o ministro.
Marco
Civil da Internet
Paulo Bernardo, recebeu o apoio do presidente do Google Brasil para a aprovação do Marco Civil da Internet. A matéria tramita no Congresso Nacional. Segundo o ministro, o único ponto que preocupa a Google é relativo à exigência de construção de datacenters, o que a obrigaria a armazenar dados no Brasil. "Essa parte da conversa foi um pouco mais seca", informou Paulo Bernardo.
Paulo
Bernardo sugeriu que a empresa aproveite algumas tecnologias que dispõe para
investir também no provimento de internet na Região Amazônica. "Eles têm
balões que podem prover internet na Amazônia. Tanto com balões fixos, como com
os que voam a mais de 30 quilômetros de altitude. Eles sugeriram que eu visite
a empresa nos Estados Unidos para dizer isso pessoalmente a seus chefes".
A previsão é de que a viagem ocorra no segundo semestre deste ano.
Segundo
o ministro, algumas divergências pontuais persistem, mas há uma avaliação de
que o projeto é importante e precisa ser votado. "A situação mudou, e há
melhores condições para a votação. Por isso, sugerimos à Casa Civil e à
Secretaria de Relações Institucionais que o governo peça urgência
constitucional ao projeto. Se for acatado, mandaremos uma mensagem e, então, se
estabelecerá o prazo de 45 dias para a votação em cada uma das casas",
disse.
"Há
possibilidade de aprovar, mas temos de trabalhar. Vamos conversar com os
parlamentares e discutir com eles os pontos que ainda têm divergências mas que,
na minha opinião, podem ser resolvidos com poucos ajustes, sem mudanças
radicais", acrescentou Paulo Bernardo.
Ao
sair da reunião com o ministro, o presidente do Google se recusou a responder
perguntas dos jornalistas, limitando-se a apresentar a posição de apoio ao
Marco Civil da Internet e informar sobre o convite feito ao ministro para que
visite a sede da empresa nos Estados Unidos.
Fonte: Portal
terra
Terça-feira 23 de julho
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