O poder e alcance das redes sociais prometem movimentar a corrida
eleitoral deste ano. O grande uso das mídias digitais pelos eleitores deve ser
um componente importante e problemático. Relevantes fontes de informação,
interatividade, elas permitem o amplo debate de ideias e de projetos, além da
exposição irrestrita de opiniões. A democratização da informação é
inquestionável.
Mas, apesar dos grandes avanços conquistados com a definição de regras,
direitos e deveres do ambiente virtual por meio do Marco Civil da Internet, a
preocupação com o nível do debate online é latente. Qualquer manifestação de
opinião ou suposto post informativo publicados na rede com intenções
eleitoreiras podem obter alcance inimaginável e repercussão imensurável,
destruindo reputações, manchando carreiras e prejudicando campanhas.
Já tivemos exemplos das consequências trágicas que um vídeo ou nota
viralizados podem provocar. A dona de casa do Guarujá que, ao ser confundida
com uma criminosa, foi linchada, por exemplo, é um triste episódio que começou
com uma informação equivocada divulgada pela internet. O cidadão tem de estar
ciente de sua responsabilidade ao postar ou replicar qualquer tipo de
informação nas redes sociais. Curtir ou compartilhar um conteúdo está a um
simples clique, mas é preciso refletir sobre as suas consequências.
Infelizmente, alguns veem a internet como uma “terra sem lei”, onde a barreira
do monitor encoraja as pessoas a postarem informações mentirosas e ofensivas,
por não checar a veracidade, ou por má fé mesmo.
A corrida pelo poder já usa artifícios muitas vezes escusos de fofocas
pessoais a acusações levianas. No entanto, com o amplo acesso à internet pela
população e o grande uso das redes sociais, o poder de destruição aumentou.
As redes de contatos permitem que o jogo político seja ainda mais ácido,
dependendo das estratégias e intenções dos candidatos e partidos. As notícias de
que estão sendo contratadas equipes especializadas em direito e tecnologia da
informação para monitorar a internet durante as campanhas estão a todo vapor.
Os candidatos tentam se blindar, monitorando as redes sociais. Mais uma prova
da relevância do mundo online, nenhum candidato está disposto a negligenciá-lo.
A disputa promete ser intensa nas urnas e na internet. É preciso ter
sempre em mente que o candidato pode ser punido por não cumprir a legislação
eleitoral, mas também o cidadão pode ser responsabilizado civil e criminalmente
pelo conteúdo que produz nas redes sociais. A fiscalização e investigação podem
até encontrar obstáculos, mas tem crescido o número de questões digitais
levadas ao Judiciário. Eleições limpas em qualquer ambiente, real ou virtual,
deve ser um pré-requisito por todos os que prezam pela democracia.
Henrique Tibúrcio é presidente da OAB-GO
Domingo, 20 de julho, 2014
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