Decidido
a ficar de fora dos palanques nas eleições de outubro para não criar desafetos
e mágoas na base e nem comprometer a governabilidade, o presidente em
exercício, Michel Temer, tem trabalhado discretamente nos bastidores e por meio
de interlocutores para realizar um mapeamento das preferências e prioridades de
cada partido em relação à disputa eleitoral.
A
ideia do governo é minimizar que possíveis rivalidades municipais ultrapassem
as barreiras eleitorais e cheguem a comprometer a base aliada de Temer no
Congresso. Ao mapear as prioridades das siglas aliadas, o governo pretende
escalar alguns ministros e interlocutores com perfil mais político para fazer
uma espécie de coordenação com o objetivo de azeitar as escolhas.
Em
suas agendas recentes no Palácio do Planalto, Temer tem tratado do tema, mas
sempre ressaltando que não subirá em palanques "ao menos no primeiro
turno". No segundo, porém, caso não tenha mais candidatos da base
disputando, Temer pode considerar a importância de sua participação para
derrotar o candidato da oposição.
A
ideia de fazer um mapeamento corrobora o objetivo de que os partidos da base
aliada elejam o maior número de prefeitos e vereadores possível. Apesar de ter
sido presidente do PMDB por muitos anos, aliados dizem que Temer tem se
mostrado "acima do partido" e trabalhado com o espírito de base
forte.
Essa
esperada vitória sobre a oposição poderia ajudar o governo na medida em que
deixaria o PT, por exemplo, ainda mais fragilizado com a opinião pública. Na
quarta-feira, em jantar com a cúpula do DEM, segundo fontes que participaram do
encontro, o tema eleições ficou em segundo plano.
O
líder do partido da Câmara, Pauderney Avelino, questionou ao presidente sobre
qual seria seu comportamento nas eleições e disse que Temer negou a
possibilidade de interferência. "Ele disse que não vai se meter, foi bem
direto na resposta. Ele sabe que vai ter às vezes dois ou três aliados na
disputa e disse que não quer criar rachas na base", confirmou.
O
presidente do DEM, senador José Agripino (RN), que também esteve no jantar no
Jaburu, declarou que a prioridade de Temer neste momento é outra. "Ele não
vai se meter, seria mexer na estabilidade da base. Ele não fará isso",
afirmou. Outro deputado que esteve com Temer nesta semana observou que, apesar
da intenção do presidente em construir consensos para evitar rachas, os acordos
pré-eleitorais não costumam dar certo. Segundo este parlamentar, as conversas
no Congresso são deixadas para trás após a "guerra eleitoral" e
sempre há fissuras para serem costuradas.
No
segundo turno, Temer quer que os partidos da base aliada se entendam em torno
de um nome para derrotar o candidato da oposição e aí estuda a possibilidade de
dar um apoio mais efetivo. Em sabatina realizada pelo portal UOL, o jornal
Folha de S.Paulo e SBT, a pré-candidata a prefeitura de São Paulo, Marta
Suplicy, minimizou a ausência de Temer na convenção de sábado que ratificará
sua candidatura, mas avisou que espera contar com ele no palanque, ao menos no
segundo turno.
São Paulo
A
eleição na capital paulista é o principal foco do Planalto e de Temer. Além de
ser o mais importante colégio eleitoral, o presidente considera que é
fundamental derrotar o prefeito Fernando Haddad, do PT, partido da presidente
afastada Dilma Rousseff. "De qualquer jeito o PT tem que ser
derrotado", salientou um interlocutor.
O
presidente do PSDB, senador Aécio Neves, foi um dos que esteve com Temer na
quarta-feira no Planalto. Após a conversa, que oficialmente teve como tema o
projeto de Reforma Política, o tucano minimizou o anúncio da chapa do ex-tucano
Andrea Matarazzo como vice de Marta Suplicy, hoje no PDMB, e que os candidatos
do PSDB são aqueles consagrados nas convenções do partido. "Em São Paulo
nosso candidato é o João Dória e a partir de agora os adversários do PSDB não
estão dentro do partido", disse, ressaltando que o "principal adversário
em São Paulo é o PT como continuará sendo", completou. (AE)
Sexta-feira,
29 de julho, 2016
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