Um
aplicativo na internet vai monitorar postagens nas redes sociais que reproduzam
mensagens de ódio, racismo, intolerância e que promovam a violência. Criado
pelo Laboratório de Estudos em Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES), o instrumento será lançado este mês e permitirá que
usuários sejam identificados e denunciados.
De
acordo com o professor responsável pelo projeto, Fábio Malini, os direitos
humanos são vistos de maneira pejorativa na internet e discursos de ódio tem
ganhado fôlego. “É preciso desmantelar esse processo”, defende. Por meio da
disponibilização dos dados, ele acredita que é possível criar políticas
públicas “que amparem e empoderem as vítimas”.
Encomendado
pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, o Monitor de
Direitos Humanos, como foi batizado o aplicativo, buscará palavras-chaves em
conversas que estimulem violência sexual contra mulheres, racismo e
discriminação contra negros, índios, imigrantes, gays, lésbicas, travestis e transexuais.
Os dados ficarão disponíveis online.
A
blogueira e professora universitária Lola Aronovich relata ser vítima frequente
de agressões e até ameaças de morte pela internet, por defender dos direitos
das mulheres. Nos fóruns de discussão em que participa, várias mensagens de
ódio são postadas.
Para
a blogueira, o monitoramento dos ataques, a investigação e a punição dos
autores são importantes para frear crimes, que chegam a extrapolar o mundo
virtual. "Mensagens nas redes têm estimulado mortes e suicídios no mundo
real", disse. “Não podemos mais fingir que não acontece”, acrescentou.
Quem
não expõe ideias na rede, não está livre de violência. Para a jovem Maria das
Dores Martins dos Reis bastou ser negra e postar uma foto no Facebook ao lado
do namorado, que é branco, para ser alvo de discriminação. A foto recebeu
dezenas de comentários racistas e foi compartilhada em grupos criados
especialmente para agredi-la.
“É
como se fosse uma diversão para ele. Só que para quem sofre não é legal. Isso
dói e machuca”, revelou, que, mesmo após ter denunciado o caso, não viu
agressores condenados.
No
último sábado (31), a atriz Taís Araújo foi alvo de mensagens racistas nas
redes sociais. A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, por meio de nota,
informou nessa segunda-feira (2) que a Delegacia de Repressão aos Crimes de
Informática (DRCI) vai instaurar inquérito para apurar o crime. A atriz será
ouvida e os autores identificados serão intimados a depor. O racismo é crime no
Brasil e, por lei, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional pode ser
condenado a reclusão de um a três anos e pagamento de multa.
Fonte:
Agência Brasil
Terça-feira,
03 de novembro, 2015
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