O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa nesta quarta-feira a colher
depoimentos de delatores da Odebrecht na ação em que investiga se a chapa
formada por Dilma Rousseff e Michel Temer cometeu abuso de poder político e
econômico nas eleições presidenciais de 2014 - ação que poderá levar à cassação
do presidente Temer e à inelegibilidade da ex-presidente Dilma.
O
primeiro a ser ouvido será o ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht,
Marcelo Odebrecht, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR),
em Curitiba.
Benedicto
Barbosa da Silva, ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, e Fernando Reis,
ex-presidente da Odebrecht Ambiental, darão depoimento na quinta-feira (2) no
Rio de Janeiro. Na segunda-feira, em Brasília, será a vez dos ex-diretores de
Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar
deporem.
O
relator da ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), ministro Herman
Benjamin, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, estará presente em todas as
oitivas. Ao decidir ouvir os delatores, Herman busca robustecer o seu
relatório, que já estava em fase final de preparação.
Efeitos
Para
advogados com acesso ao caso, esta inclusão tem dois efeitos: as revelações dos
delatores podem atingir o presidente Michel Temer, mas o julgamento do caso
deve demorar mais para ocorrer na corte eleitoral. Se os delatores forem
ouvidos e fizerem observações sobre a campanha do peemedebista, a defesa deverá
convocar testemunhas para contrapor o relato.
A
reportagem revelou que a Odebrecht contou, no acordo de delação, que repassou,
via caixa 2, cerca de R$ 30 milhões para a chapa Dilma-Temer em 2014. Os
recursos, segundo os delatores, foram usados para comprar apoio de PRB, PROS,
PCdoB, PP e PDT. O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos
Pereira, é citado na delação de Alexandrino como um dos que negociou repasse de
R$ 7 milhões do caixa 2 da empresa para o PRB. Pereira nega.
Inicialmente,
o ministro Herman Benjamin havia solicitado ao procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, a autorização para ouvir três relatores - Marcelo Odebrecht,
Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar. O próprio Janot, no entanto, sugeriu
que fossem ouvidos Benedicto Barbosa da Silva e Fernando Reis, afirmando que
eles também relataram fatos relacionados à campanha de 2014.
Defesas
Quando
os novos depoimentos foram marcados, a defesa de Dilma Rousseff afirmou que não
tem "nada a temer". O Palácio do Planalto disse que não se
manifestaria sobre o assunto. A defesa de Michel Temer também não se manifestou
sobre o caso.
Quarta-feira,
1º de Março de 2017 ás 10hs30
COM CAMINHÃO-PIPA, PACOTÃO
ATRAI GENTE DE TODAS AS IDADES EM BRASÍLIA
No
dia em que o racionamento de água no Distrito Federal chegou à Asa Norte, ao
Noroeste e à Vila Planalto, bairros da região central de Brasília, o Pacotão,
bloco de carnaval mais tradicional da capital federal, desfilou com um
caminhão-pipa. Foi uma brincadeira dos fundadores do bloco, que diziam ter o
objetivo de abastecer a população do Plano Piloto.
“Pode
vir aqui hoje com um balde que a gente vai distribuir água para o povo”,
anunciava Wilson Regis, um dos dirigentes do Pacotão. Em uma das laterais do
caminhão, uma faixa dizia “Resolvendo a falta d'água do Roloberg”, em um
trocadilho com o nome do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Os
carros de som do bloco tocavam “Banho Tcheco”, marchinha tema de 2017 do grupo,
que fala da crise hídrica no DF e foi escolhida em um concurso, como acontece
todos os anos. Em um carnaval em que a capital federal teve novos blocos e
muita gente nas ruas, Regis disse que, para o Pacotão, não importava o número
de foliões.
“O
Pacotão não é quantidade, é qualidade. A gente não quer 60 mil, 70 mil
(foliões). A gente sai [da concentração] com 2 mil e vai arrastando mais gente.
Hoje, estamos esperando umas 15 mil pessoas”, disse. O bloco deixou a
concentração, na 302 Norte por volta de 16h e começou seu percurso tradicional,
descendo na contramão a avenida W3.
Segundo
a Polícia Militar, ao chegar ao viaduto da W3, por volta de 18h, o Pacotão
reunia 5 mil foliões. “Pela quantidade degente que continua chegando, acredito
que chegará a 10 mil”, estimou o major Augusto, responsável pela segurança. No
domingo (26), a chuva atrapalhou e apenas cerca de 2,5 mil pessoas acompanharam
o Pacotão.
Irreverência
O
bloco, conhecido pela irreverência e por abrir espaço para os foliões se
manifestarem sobre questões políticas e sociais, foi fundado por jornalistas em
1978. Este ano, o momento de efervescência política do país inspirou cartazes
com críticas tanto ao presidente Michel Temer quanto aos ex-presidentes Dilma
Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
O
Pacotão atraiu foliões de todas as idades. A esteticista Zoraia Andrade, 54
anos, contou que acompanha o bloco há mais de uma década. “Venho aqui porque é
o bloco mais tranquilo. Também acho importante a crítica política”, disse.
A
enfermeira Marja Chaves, 25 anos, e o fisioterapeuta Daniel Saigg, 34, também
são foliões habituais do Pacotão. “É um clássico. Sem contar que tem a pegada
política. Queira ou não, Brasília é a capital do país e não tem como ignorar
essa parte”, comentou Marja. “A gente sabe que vai ser tranquilo. É um bloco
que tem como reunir pessoas mais jovens e mais velhas”, completou Danilo. (EBC)
Quarta-feira,
1º de Março de 2017 ás 10hs30
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