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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

MORO VÊ UMA AVENIDA PARA 3ª VIA CRESCER E DEFENDE AGLUTINAÇÃO RÁPIDA

 

O ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência da República, defendeu uma rápida aglutinação da terceira via em torno de uma única candidatura ao Palácio do Planalto para enfrentar o que considera “extremos” nas eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro.

 

Em entrevista exclusiva à Reuters, Moro disse que a aglutinação tem de se dar em torno de projetos e sugeriu que o critério deve ser quem está mais na frente nas pesquisas –na maioria das sondagens de opinião ele aparece neste momento numericamente em terceiro lugar.

 

“O que a gente tem conversado com as pessoas em geral é uma insatisfação em ter que escolher outras propostas que já fracassaram. Então tem uma larga avenida para qualquer outro projeto. Eu tenho conversado com outros candidatos, potenciais candidatos que também estão se apresentando, e há uma possibilidade mais à frente ou em qualquer momento de uma aglutinação”, disse, em entrevista online.

 

Ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do atual governo, Moro afirmou que a união já deveria ter ocorrido e que Lula e Bolsonaro –que lideram as pesquisas de intenção de voto– são candidatos que, segundo ele, jogam com a mentira e a destruição de reputações alheias.

 

Ele disse ter “potencial para vencer os extremos”, mas admitiu que poderia abrir mão se houver um projeto convergente que estiver à frente dele nas pesquisas.

 

“Eu não tenho uma ambição pessoal que eu colocaria na frente do país. Agora, o que as pesquisas revelam, é que o meu projeto está em terceiro desde que a gente lançou o meu nome, colocou o meu nome à disposição em novembro”, destacou.

 

Moro minimizou o fato de apresentar praticamente os mesmos índices de intenção de voto nas pesquisas eleitorais desde novembro passado, quando se filiou ao Podemos e anunciou sua pré-candidatura.

 

“A campanha ainda nem começou, ainda estamos na fase de pré-campanha, de estruturar o projeto”, disse, acrescentando que prepara propostas para as áreas de economia, justiça, saúde e cultura para apresentar um “sólido projeto” e percorrer o país inteiro discutindo-o.

 

Para Moro, não há um “cronograma exato” para a evolução nas pesquisas. “A gente tem expectativa de que o crescimento seja natural, mas não tem nenhuma ansiedade e preocupação de ganhar a eleição em março”, ironizou.

 

Dizendo-se um candidato de centro, Moro negou ter como foco de campanha tirar votos de Bolsonaro. Em vez disso, disse, querer atrair eleitores de ambos os campos.

 

“No fundo, o Brasil merece algo melhor do que isso. A gente precisa apresentar projeto, a gente precisa discutir esse projeto e a gente precisa apresentar como que a gente constrói um Brasil que volta a crescer. Quem tem credibilidade para fazer isso. Ou vale a pena insistir nos erros do passado ou nos erros do presente?”, observou.

 

Moro defendeu a necessidade de o país retomar a confiança perdida em razão do que considera erros na gestão da política econômica e da insegurança decorrente da instabilidade política.

 

Para ele, ainda há uma grande demanda social que precisa ser enfrentada, com responsabilidade fiscal, para se reduzir a relação dívida/PIB de forma a sair do descontrole inflacionário e levar à redução da taxa de juros.

 

Na avaliação do ex-juiz, somente gerando condições favoráveis é que ocorrerão investimentos externos e internos no país. Para isso, defende a aprovação das reformas tributária –para alterar o atual sistema complexo e anticompetitivo que incentiva a guerra fiscal– e a administrativa –para se garantir serviços públicos de qualidade e adequar o tamanho do Estado. O Congresso já tem projetos em tramitação para essas duas reformas.

 

O pré-candidato destacou que a agenda de privatizações não pode ser um tabu, citando empresas como o Banco do Brasil, a Eletrobrás, a Caixa Econômica e a Petrobras. Defendeu que o tema seja abordado pelo ângulo do aumento da eficiência e não sob a ótica ideológica.

 

“Temos que buscar o modelo para não correr o risco de substituir o monopólio estatal por privado”, alertou.

 

No caso da Petrobras, ressaltou seu papel fundamental para o país e o fato de a empresa configurar como orgulho nacional, mas ponderou que é necessário discutir o uso e a sustentabilidade do combustível fóssil.

 

Moro afirmou que ainda terá como propostas, dentro de um pacote de medidas no campo ético e político, o fim da reeleição para cargos do Executivo já em 2023, fim do foro privilegiado, inclusive para presidente da República, e a volta da execução da pena para condenados em segunda instância, além do mandato fixo para diretor-geral da Polícia Federal.

 

O ex-juiz da Lava Jato disse que a operação virou um orgulho nacional, impedindo que se “quebrasse” a Petrobras. Lembrou da recuperação de 6 bilhões de reais desviados da estatal e argumentou que a investigação mudou a tradição de impunidade no país.

 

Moro defendeu avanços decorrentes da Lava Jato, e avaliou que reações do sistema político e decisões de “parte do Supremo” acabaram enfraquecendo o combate à corrupção no Brasil. Não deixou de citar o envio de casos da Justiça Federal para a Eleitoral e a anulação da condenação de Lula.

 

“Ninguém diz no mérito que o Lula é inocente, sequer o STF. A anulação foi por motivos meramente formais”, disse, ao destacar o que para ele é o retorno de não se agir contra ricos e poderosos.

 

Moro, por outro lado, foi considerado pelo Supremo parcial no julgamento de Lula sobre o triplex, suspeição essa que posteriormente foi estendida a outros processos contra o petista.

 

O ex-juiz rebateu a apuração do Tribunal de Contas da União sobre a consultoria que prestou após ter deixado o governo Bolsonaro, ainda em 2020. Segundo ele, jamais teve qualquer relação financeira ou de trabalho com empresas da Lava Jato e o procedimento, a seu juízo, tem indícios de ser “absolutamente ilegal” e de estar sendo utilizada de forma política.

 

“Não cabe ao TCU investigar relações privadas”, afirmou. “Não tenho qualquer receio em relação a isso”, reforçou ele, ao considerar que o caso será arquivado.

(Reuters)

Quarta-feira, 23 de fevereiro 2022 às 19:06

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

AGORA MORO TEM DE TRABALHAR DOBRADO, DIZ CIENTISTA POLÍTICO

 

A 11 meses do pleito, os lances deste novembro farão história na disputa presidencial de 2022. E não apenas pelo início da pré-campanha de Sérgio Moro. A filiação do ex-juiz ao Podemos não é uma surpresa, mas provoca um rearranjo que aprofunda a fragmentação da terceira via, o caminho do meio entre o esfaqueado e o ex-presidiario.

 

Nos dias 21 e 22, os tucanos vão às prévias para escolher seu representante, enquanto o presidente Jair Bolsonaro decide se entra ou não no PL. Estes e outros fatos marcam uma “novembrada”, diz o sociólogo e cientista político Antônio Lavareda. Nesta entrevista, ele avalia os próximos passos da corrida eleitoral:

 

Como a chegada de Moro impacta o tabuleiro das eleições?

Ela deu impulso a uma “novembrada” que terá destaque na história do pleito de 2022. Temos o ex-juiz no Podemos, prévias no PSDB e Bolsonaro migrando para o PL. Vale citar o nascimento do União Brasil, na fusão DEM e PSL, que passa a ser a maior legenda do País uma vez registrada no Tribunal Superior Eleitoral. Ciro Gomes inaugurou a movimentação, retomando as rédeas do PDT na votação da PEC dos precatórios. Desses fatos, cuja importância agita o noticiário e dá visibilidade aos pré-candidatos, não se deve aguardar grandes alterações nas pesquisas. De Moro a Lula, nenhum desses nomes saiu das listas testadas mês a mês pelos institutos. Lula, seguido por Bolsonaro, deve se manter na liderança, com a terceira colocação disputada por Ciro e Moro. Além do presidente, os demais candidatos prefeririam que o ex-juiz ficasse fora da disputa; ele amplia a fragmentação e dificulta a decolagem de um nome da terceira via.

 

O que o discurso de Moro mostra de projeto de País?

Ele fez uma “panorâmica” dos principais problemas, enfatizando a gravidade da crise social e econômica, procurando deixar a imagem de alguém monotemático. Como a última pesquisa Ipespe mostrou, 44% dos brasileiros querem que o próximo presidente se dedique aos temas econômicos na largada do mandato, ao passo que apenas 6% querem vê-lo priorizar o combate à corrupção. O esforço inicial, correto, de Moro, não será uma tarefa fácil, pois ele chega impregnado pela longa exposição na mídia como juiz e, depois, como ministro de Bolsonaro. Segundo a Bíblia – por acaso no Livro dos Juízes – Deus dá até duas oportunidades aos escolhidos. Moro seria imbatível em 2018, no apogeu da Lava Jato. Não foi candidato. E teve uma segunda chance após sair do ministério. Em abril de 2020, com 18%, estava dois pontos atrás de Bolsonaro. Mas saiu do País e tenta hoje uma terceira oportunidade de protagonizar. Inicia agora bem abaixo (8%). É mais forte entre os eleitores mais velhos, de maior escolaridade, no Sul e Sudeste. Ainda distante de Bolsonaro mesmo nesses segmentos. Terá de disputar os 55% que elegeram o presidente.

 

Ciro fez uma aposta de risco ao trucar a bancada do PDT ou foi jogo de cena?

“Ciro sendo Ciro.” Impetuoso, movido por convicções. Foi essa a mensagem que desejou passar. Risco calculado. Ele conhece seus correligionários, e estes sabem que o PDT não poderia prescindir da candidatura. Tem buscado atualizar sua imagem. A confirmação de Moro lhe traz dificuldades. Com Lula tomando a maior fatia do voto à esquerda, restou-lhe buscar uma fatia da centro-direita. Esse espaço, já povoado por muitas candidaturas, fica ainda mais saturado.

 

O PSDB sairá das prévias como?

Elas foram uma saída inteligente dos tucanos para escapar à irrelevância. Ocuparam espaço na mídia, geraram expectativa e mexeram nos brios do partido afetado pela letargia após a derrota de 2018. E apontam para a necessidade de o Brasil adotar obrigatoriamente esse caminho de escolha transparente democrática vigente em outros países.

 

E o que vem por aí?

Depois da “novembrada”, as atenções estarão voltadas para as composições finais, coligações e acerto dos vices. Isso de dezembro até meados do primeiro semestre de 2022. Vale um olhar especial sobre o saldo contábil das migrações na janela partidária de março. Afora um eventual resultado positivo do esforço de coordenação de uma candidatura competitiva mais à centro-direita, enxugando a lista de candidatos não deve haver novidades: 2022 será uma eleição “normal”, sem espaço para outsiders.

* Estadão

Quarta-feira, 17 de novembro 2021 às 12:09