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"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

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domingo, 25 de dezembro de 2016

REFORMAS, CORRUPÇÃO E TRUMP SÃO DESAFIOS DA AGENDA ECONÔMICA DE 2017



“Estamos no ano que não acaba nunca.” A frase do economista José Roberto Mendonça de Barros resume o sentimento do brasileiro. O ano de 2016 concentrou tantos eventos mirabolantes – para o bem e para o mal – que exauriu a capacidade de assimilação até dos pensadores mais afiados.

Na largada, prometia ser o ano da virada, mas termina na maior recessão da história. Foi o ano de salto nos pedidos de recuperação judiciais entre empresas e de acelerado empobrecimento das família. As vendas despencaram. Tivemos o pior Dia das Crianças em três anos, a pior Páscoa em 10, o pior Dia das Mães em 13. O número de desempregados é inédito: 18 milhões, somando esperançosos de encontrar uma vaga e desalentados que desistiram dela.

Na esfera política, foi o ano do segundo impeachment desde a redemocratização. Como quem deve trocar pneu furado com o carro andando, a nova equipe econômica tenta, no meio da crise, deter o déficit nas contas da União, estancar o avanço da calamidade financeira nos Estados e a explosão da dívida pública.

Foi também uma fase de estonteantes denúncias. Na franja mais promíscua entre público e privado, a Operação Lava Jato encerrou o seu terceiro ano com 120 condenações. Em breve se torna pública e oficial a “delação do fim do mundo”, que levou o grupo Odebrecht a assumir a maior multa da história por pagamento de propinas. Já se sabe que suas 77 delações mancham o governo e o Congresso – os mesmos entes que devem levar adiante o duro ajuste fiscal e reformas polêmicas.

Convicções. Desse ano que “não tem fim”, Mendonça de Barros extraiu duas convicções: “Há uma gigantesca rejeição à corrupção como prática de ganhar e exercer o poder. E a crise econômica se mostra mais dura do que se imaginava”. O desafio é equilibrar as demandas, sem que uma não esfacele a outra. Talvez uma alternativa esteja na visão de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central: “A responsabilidade fiscal é a primeira providência para o combate à corrupção”.

Em seu diagnóstico, o cientista político americano Albert Fishlow argumenta que essas tarefas são desafiadoras, porque implicam em reformas econômicas – como a da Previdência – e políticas – como a redução no número de partidos –, sem a penalização dos mais pobres: “As necessidades são extraordinariamente numerosas, enquanto as maneiras de supri-las são escassas”, diz ele.

Junte-se à equação o fato de o País ser uma democracia, aberta ao debate, e que as medidas não são unanimidades. A proposta de emenda à Constituição que limita as despesa, a PEC do Teto dos Gastos, já vale em 2017, mas atrai divergências. “Mesmo que ocorram reformas amplas nos gastos obrigatórios, o limite proposto gerará uma queda real do gasto social per capita. Em um País com a demanda crescente por serviços públicos, é um retrocesso”, diz o ex-ministro Nelson Barbosa. A reforma da Previdência, vital para o teto e ainda em tramitação, é mais controversa . “O governo argumenta que se não aprovada, vai estourar a Previdência. Não apresenta, no entanto, os dados, premissas e memória de cálculo que deveriam embasar essa ameaça”, diz o economista Amir Khair.

Também não ajuda o ambiente externo intrincado, principalmente a partir da eleição de Donald Trump à presidência dos EUA. “Trump muda tudo. A única questão é em que direção”, diz Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Juntando os cenários interno e externo, Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, reforça que há muito trabalho pela frente: “Terminamos 2016 com perspectivas melhores, graças a nova equipe econômica, mas longe do que desejamos e do que o País merece”.

Distorções. Essa frustração, porém, tende a se manter. As distorções econômicas são imensas e demandam tempo para serem resolvidas, como explica Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central. “O retorno dos superávits primários somente ocorrerá com a elevação das receitas vindas da retomada do crescimento, mas isto não será fácil”, diz ele. Pior. O cenário é tão incerto que ainda pode faltar “margem ao governo para impedir a continuidade da recessão”, diz a economista Monica de Bolle. No artigo batizado de “Retrospectiva 2017”, ela lista o custo de diagnósticos errados no próximo ano. “Que venha 2018. Ou torçamos para nada disso aconteça.” (AE)

Domingo, 25 de dezembro de 2016

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

IBGE: CELULAR SE CONSOLIDA COMO O PRINCIPAL MEIO DE ACESSO À INTERNET NO BRASIL




O uso do telefone celular se consolida como o principal meio para acessar a internet no Brasil. É o que mostra o Suplemento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado, 92,1% dos domicílios brasileiros acessaram a internet por meio do telefone celular, enquanto 70,1% dos domicílios o fizeram por meio do microcomputador. Em 2014, o acesso à internet (80,4% dos domicílios) por meio do celular também foi predominante em relação ao uso do computador (76,6% dos domicílios).

“É interessante observar que o computador tem perdido espaço nessa utilização da internet enquanto outros equipamentos têm ganhado relevância. O acesso pelo telefone celular vem ganhando mais importância frente ao meio mais tradicional, que era o microcomputador”, comentou a pesquisadora do IBGE Helena Oliveira Monteiro. “Em 2015, verificamos pela primeira vez uma redução em termos absolutos no número de domicílios que acessaram a internet por meio de microcomputador, passando de 28,2 milhões de domicílios, em 2014, para 27,5 milhões, em 2015.”

Em 2015, todas as regiões passaram a navegar na rede mais pelo celular. A Região Norte apresenta o maior percentual de domicílios que usam o telefone celular para acesso à internet (96,7%), seguida do Centro-Oeste (95,6%), do Nordeste (93,9%), do Sudeste (91,5%) e do Sul (88,2%).
No Pará, 66,1% dos domicílios usaram somente o telefone celular ou tablet para acessar a internet. É o maior percentual entre as unidades da Federação.

A pesquisadora do IBGE diz que o fato de o acesso à internet móvel ser mais barato do que a internet fixa é uma das razões de o celular predominar no Norte do país. Outro motivo é a infraestrutura. “A Região Norte tem uma dificuldade maior em passar cabo, o que poderia aumentar essa proporção de acesso à banda larga fixa”, destaca Helena.

Uso da internet

No ano passado, o percentual de pessoas que acessaram a internet alcançou 57,5% da população de 10 anos ou mais de idade, o que corresponde a 102,1 milhões de pessoas. O contingente formado pelos jovens de 18 ou 19 anos teve a maior proporção (82,9%). Em todos os grupos compreendidos na faixa de 10 a 49 anos de idade, o uso da internet ultrapassou 50%, mostra a pesquisa.

A utilização da internet mostrou relação direta com os anos de estudo, indicando proporções crescentes entre os mais escolarizados. O maior percentual de acesso à internet foi observado na população com 15 anos ou mais de estudo (92,3%).

Em 2015, a internet foi usada por 79,8% dos estudantes e 51,7% dos que não estudam. Alunos da rede privada (97,3%) acessaram mais internet do que os da rede pública (73,7%).

Pessoas que trabalham em educação, saúde e serviços sociais foram as que mais usaram internet: 87,1% contra quem trabalha no serviço agrícola, com 16,8%.

Quanto maior o rendimento, maior a utilização da internet: 92,1% das pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos acessaram a internet contra 32,7% das pessoas sem rendimento ou que ganham até um quarto do salário mínimo.

Quinta-feira, 22 de dezembro de 2016