O
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta
quinta-feira (26) que "ninguém deseja ser relator da Lava Jato"
porque isso "tumultua a vida de todos".
"Evidentemente,
qualquer um que for designado relator terá que assumir. Não se pode dizer que
lá não está. Apenas isso. [Mas] Acho que ninguém deseja ser relator da Lava
Jato", afirmou, após uma palestra em São Paulo.
A
declaração foi dada um dia depois de o ministro ter dito que, se fosse nomeado
relator, atuaria com "mesma naturalidade que decide todos os
processos".
Segundo
o magistrado, o próprio ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo na
quinta (19), que relatava o caso, dizia não gostou de ter assumido a tarefa.
"A
rigor, isso tumultua a vida de todos e desorganiza por completo o gabinete, que
passa a ser concentrado nesse tipo de matéria", afirmou Mendes.
Ele
não quis opinar sobre como a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, deve
redistribuir a relatoria.
Mendes
também evitou falar sobre a nomeação de um substituto para o cargo de Zavascki.
Questionado
sobre texto escrito pelo candidato mais cotado ao posto, o presidente do TST
(Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra Filho, o ministro do Supremo
afirmou que "vai ter polêmica sobre qualquer candidato". "Sempre
foi assim, em tese. Isso permite que se faça uma boa seleção".
Em
artigo de 2012, Gandra Filho havia dito que "a mulher deve obedecer e ser
submissa ao marido" e "casais homoafetivos não devem ter os mesmos
direitos dos heterossexuais; isso deturpa o conceito de família".
O
presidente do TST divulgou nota contestando reportagens sobre artigo e dizendo
que os textos descontextualizam sua obra jurídica.
Na
nota, Martins Filho diz não ter "postura nem homofóbica, nem
machista". "Diante de notícias veiculadas pela imprensa,
descontextualizando quatro parágrafos de obra jurídica de minha lavra, venho
esclarecer não ter postura nem homofóbica, nem machista", diz.
O
presidente do TST afirma deixar claro no artigo, de 70 páginas, "que as
pessoas homossexuais devem ser respeitadas em sua orientação e ter seus
direitos garantidos, ainda que não sob a modalidade de matrimônio para sua
união".
No
artigo de 2012, Gandra Filho escreveu ainda: "Além disso, das uniões
homoafetivas, derivam direitos que devem ser tutelados pelo Estado, conforme
antes mesmo da decisão proferida pelo STF já vinha ocorrendo, mormente em
questões patrimoniais."
Eleições
Durante
sua palestra, Gilmar Mendes, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), criticou a reforma eleitoral que aboliu o financiamento privado de
campanhas e a redação da lei da Ficha Limpa -voltou a repetir que ela parecia
ter sido escrita por um bêbado.
Conhecido
por ser crítico ao PT, também reclamou da postura do ex-presidente Lula nas
eleições de 2010 -segundo ele, "inaugurava até poste" para promover a
então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff.
Indagado
pelo mediador do evento sobre a politização do STF, ele disse que a Corte
também tem um papel político, embora não seja partidário. "O presidente do
Supremo tem uma função política exemplar", disse.
Sexta-feira,
27 de Janeiro de 2017 ás 11hs45
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