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terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

NESSA GUERRA ENTRE ESQUERDA E BOLSONARISTAS, QUEM ESTÁ AMEAÇANDO MAIS A DEMOCRACIA?

 


Engana-se quem considera que o presidente Jair Bolsonaro está morto para as eleições de outubro. Apesar de todos os absurdos, erros e perdas de apoios, o presidente tem o cargo, estrategistas e vai operar cada vez mais o temor do irreal “comunismo” e da real volta do PT e do ex-presidente Lula.

 

Se o Supremo, setores do Congresso e da opinião pública trabalham com a hipótese de Bolsonaro reagir à la Donald Trump em caso de derrota, grupos bolsonaristas, inclusive da área militar, reagem na mesma moeda: segundo eles, se alguém tem condições de agitar as ruas do País são Lula e esquerda.

 

 No discurso público e nos bastidores, oficiais de Exército, Marinha e Aeronáutica garantem que não participarão de nenhuma “aventura golpista” a favor de Bolsonaro ou de ninguém.

 

E acrescentam: vão respeitar o resultado das urnas, qualquer que seja o novo presidente – ou seja, o novo comandante em chefe das Forças Armadas.

 

Nas conversas ao pé do ouvido, porém, as três forças trabalham com variados cenários e o mais drástico é de convulsão nacional. Isso vale também para o caso de derrota de Lula, não só para a de Bolsonaro.

 

Nessas análises, as ameaças de Bolsonaro são mais explícitas, mas menos críveis. Para um filho, basta “um cabo e um soldado” para invadir o Supremo; para um então ministro, os ministros da Corte deveriam ser presos; daqui e dali fala-se em “novo AI-5”. E o próprio presidente ameaça descumprir ordem judicial em pleno Sete de Setembro. Só “bravata”?

 

O problema, para setores militares e bolsonaristas, porém, está na esquerda. Segundo eles, Lula tem liderança, está ressentido depois de preso e conta com MST, sindicalistas e radicais, com capacidade para produzir tumultos de rua, quebra-quebra e ameaças à democracia em caso de derrota.

 

Atenção: não considero esse risco, mas escrevo porque se trata de informação relevante, para ficar no radar o que setores bolsonaristas pensam e, eventualmente, podem usar para validar algum tipo de “reação à altura”.

 

Na realidade, foi Bolsonaro quem desde o início do seu governo armou civis, foi complacente com o motim da PM no Ceará e forçou alianças com as polícias. E é ele quem insiste na fake news de que a eleição de 2018 foi fraudada e as urnas eletrônicas não são confiáveis. É ele, enfim, quem replica Trump, capaz de estimular a invasão do Capitólio.

 

Não é à toa que, após quase 40 anos da redemocratização, os presidentes do Supremo, do TSE e do Senado se sintam obrigados a defender a democracia e as instituições.

 

Não há clima nem lideranças capazes de incendiar o País, ganhe quem ganhar, mas a campanha vai ser sangrenta…

*Estadão

Terça-feira, 08 de fevereiro 2022 às 13:29

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