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quarta-feira, 20 de maio de 2020

A ORIGEM DAS MILÍCIAS DIGITAIS



Passou da hora de elucidar o funcionamento deste esquema criminoso, capaz de vencer eleições e manipular a opinião pública

A história começa com um magnata norte-americano chamado Robert Mercer, dono de um fundo de investimentos que utilizava algoritmos e modelos matemáticos para prever o futuro e fazer seus clientes ainda mais ricos. Ou melhor, começa com a associação de Mercer com outra figura das sombras, Steve Bannon, ex-executivo do Goldman Sachs que vociferava ideias fascistas nas redes sociais. Juntos, decidiram usar seus conhecimentos e fortunas para incidir politicamente. Nasceu daí uma empresa chamada Cambridge Analytica.

Com ela armaram um grande esquema de Big Data com o objetivo de manipular os resultados de diversos processos eleitorais. O Brexit e a eleição de Donald Trump foram os pioneiros. O primeiro passo da operação foi coletar de forma ardilosa os dados de cidadãos em celulares e redes sociais, sem que eles soubessem, por meio de aplicativos, enquetes ou de testes do tipo quizz. Assim, com questionários ingênuos, milhões de pessoas deixaram dados sobre seus traços de personalidade, desejos e medos.

Com esses dados em mãos, eles utilizaram técnicas de segmentação comportamental, definindo o perfil psicológico dos eleitores. O cruzamento com os dados que deixamos nas redes sociais, a cada curtida ou comentário, formava um conjunto que permitiu catalogar as pessoas em diferentes “caixas psicológicas”. Os rastros digitais nos revelam. Esse método não foi inventado pela Cambridge Anaytica. Já era utilizado há muito tempo como estratégia de mercado, para levar a mercadoria certa ao cliente certo. Começou com os planos de saúde nos EUA. A novidade da Cambridge foi aplicá-la em larga escala, violando a privacidade e para finalidade eleitoral.

A partir dessa operação, tornou-se possível personalizar a mensagem política. A segmentação permitia definir qual tipo de conteúdo cada eleitor receberia, aquele que melhor se adequava à sua história digital.  Não é mais receber o mesmo santinho, ver a mesma placa, assistir à mesma propaganda.

Para uma senhora diabética, a mensagem vai falar sobre o preços de medicamentos. Para um homem que pesquisou cercas elétricas para sua casa, mensagens sobre violência, medidas de segurança pública. Ou, na versão brasileira, para uma senhora evangélica, mensagens sobre o kit gay e mamadeira de piroca. Não foram todos que as receberam. Apenas aqueles que teriam maior propensão de acreditar.

O modelo da Cambridge contou ainda com uma estratégia de intoxicação informativa. Para isso, Mercer adquiriu, antes das eleições dos EUA, o portal de notícias Breibarth News, onde eram ancoradas as narrativas em que seriam distribuídas as informações aos eleitores. Os links, com ar de seriedade, eram depois disparados nas redes sociais.

Estamos falando de uma estratégia sofisticada de comunicação política. Algo que alguém tão limitado como Carluxo jamais teria condições de imaginar. Sim, a operação veio pronta, sob medida, para uso do bolsonarismo. Carluxo é apenas um gestor na ponta.
A milícia digital bolsonarista constituiu-se de forma profissional em 2018, na pré-campanha à Presidência. Um dos momentos mais visíveis de sua formação foi a greve dos caminhoneiros. Ali houve uma coordenação para incidir naquele processo. Mensagens personalizadas eram criadas e a vinculação de Bolsonaro com a greve começou a tomar as redes sociais. Foi um “laboratório”, um experimento do que viria pela frente e segue rolando.

A partir da base fornecida pela rede de extrema-direita internacional, desenvolveram técnicas de controle de narrativa. Cria-se um fato, não importa se é verdadeiro, e fazem um ataque sincronizado para o “fato” começar a circular nas redes. Usam sites de “jornalismo fake”, ao estilo do Breibarth nos EUA, para difundir uma notícia distorcida ou falsa. E criam mensagens personalizadas de Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp. Ao fim, usam os bots (robôs) e serviços de mensagem automática para ampliar o alcance. Funciona. Ganharam uma eleição desse modo e há um ano e meio governam com base nisso.

Passou da hora de as autoridades elucidarem o funcionamento desse esquema. A omissão do Tribunal Superior Eleitoral custa um preço alto ao País. A negligência das plataformas nas violações de privacidade e no bloqueio de disparos criminosos segue permitindo a manipulação da opinião pública pela milícia digital.

Hoje há três grandes dúvidas a serem esclarecidas. Primeiro, quem financia? Há dinheiro público? Segundo, quem oferece a tecnologia? Por fim, onde estão os servidores que segmentam as mensagens e organizam os disparos? É muito provável que, no dia em que encontrarmos a resposta, o governo atual caia.

* Carta Capital.

Quarta-feira, 20 de maio, 2020 ás 10:00


sexta-feira, 1 de maio de 2020

ELEIÇÕES MUNICIPAIS NÃO DEVEM SER AGLUTINADAS ÀS PRESIDENCIAIS, DIZ BARROSO



O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou ser “totalmente contra” o aglutinamento das eleições municipais às eleições gerais de 2022 em razão do avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Ele destacou que os representantes do último pleito municipal foram eleitos para um mandato de quatro anos, e não seis. “Há um problema democrático”, pontua.

As declarações foram dadas nesta sexta-feira durante transmissão ao vivo realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O ministro destaca a maior dificuldade que a Justiça Eleitoral teria de avaliar todos os pedidos de impugnação de candidaturas durante as campanhas, o que poderia levar à cassações e anulações dos pleitos tardiamente. De acordo com ele, as eleições de outubro devem contar com pelo menos 750 mil candidatos para cargos como prefeitos e vereadores.

Além disso, os eleitores também seriam prejudicados pela maior complexidade do pleito, que teria a escolha de sete candidatos diferentes. “É muita informação ao mesmo tempo e com a quantidade de partidos e candidatos que temos, você compromete a qualidade do voto e a capacidade do eleitor de fazer uma escolha consciente”, destaca.

Outro risco ressaltado por Barroso seria a mistura das pautas das esferas de poder, no que ele chamou de “municipalização da eleição nacional” e “nacionalização da eleição municipal”.

Barroso ressalta, porém, que o País não deve descartar o adiamento das eleições municipais do primeiro domingo de outubro para novembro ou dezembro. “Se não houver condições de realizá-las em segurança absoluta, acho que nós corremos o risco de termos que adiar as eleições”, afirmou. 

Ele afirma que a decisão deve ser pautada por parâmetros sanitários e não políticos, apesar de demandar aprovação do Congresso Nacional. “Por minha vontade, nada seria modificado porque as eleições são um rito vital para a democracia, porém, há um risco real”, avaliou.

*Estadão Conteúdo

Sexta-feira, 1º de Maio, 2020 ás 17h28


sexta-feira, 3 de abril de 2020

MINISTROS DO TSE CONSIDERAM ADIAR ELEIÇÕES, MAS DESCARTAM PRORROGAR MANDATOS



O adiamento das eleições municipais, marcadas para outro deste ano, está sendo discutido entre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme revelou Luis Roberto Barroso, ministro que assume a corte em maio, em entrevista ao jornal O Globo. A discussão entrou em pauta devido à pandemia do ching ling .

A decisão sobre manter ou não a data das eleições deve ser tomada entre o fim de maio e o início de junho. Na análise dos ministros, caso adiamento se faça necessário, o mais provável é que o limite para uma nova data seja dentro do mês de dezembro.

“A saúde pública, a saúde da população é o bem maior a ser preservado. Por isso, no momento certo será preciso fazer uma avaliação criteriosa acerca desse tema do adiamento das eleições. Mas nós estamos em abril. O debate ainda é precoce. Não há certeza de como a contaminação vai evoluir. Na hipótese de adiamento, ele deve ser pelo período mínimo necessário para que as eleições possam se realizar com segurança para a população. Estamos falando de semanas, talvez dezembro”, afirmou Barroso.

O principal motivo para a preocupação em evitar um adiamento muito longo é o fato de que, se isso acontecer, mandatos de prefeitos e vereadores terão que ser prorrogados. Essa possibilidade não é bem vista por Barroso.

“A ideia de prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores até 2022 não me parece boa. Do ponto de vista da democracia, a prorrogação frauda o mandato dado pelo eleitor, que era de quatro anos, e priva esse mesmo eleitor do direito de votar pela renovação dos dirigentes municipais. Se for inevitável adiar as eleições, o ideal é que elas sejam ainda este ano, para que não seja necessária a prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores”, avaliou o ministro. (Ig)

Sexta-feira, 03 de Abril, 2020 ás 11:00