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"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

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domingo, 29 de janeiro de 2023

DOMINGOS DE JANEIRO

 

Mais um ano se inicia cheio de surpresas, mas com a certeza de alento para os necessitados: Bolsonaro foi para Orlando. Uma volta negociada nos parece impossível. Bastaram a neutralidade das Forças Armadas e o receio de prisão real, para a ida do presidente afastado. Agora com um governo alienígena, as coisas pioraram, porquanto inquéritos judiciais serão abertos e requerida a sua detenção, a meu ver erradamente.

 

Hoje, as democracias consagram a tripartição dos poderes em que pese o cesarismo, (Júlio César ousou ameaçar o "senatus romano" e acabou esfaqueado até pelo amigo Brutus). A história não é tão mestra como pensamos, o que estaria a pesar contra o ex-presidente! A restauração do Estado de Direito em sua plenitude, a cada eleição popular, é absolutamente necessária assim como os crimes de lesa-pátria, inadmissível que presidentes lutem por instalar-se no governo da nação para requerer poderes que a Constituição não lhes reconhece.

 

A América Latina, outrora useira e vezeira em pronunciamentos, não terá no Brasil nenhum porta-voz falando português. Chega-se ao poder pelo voto periódico e popular. Vox Populi — vox Dei relata o ditado que remonta à velha Roma dos Césares. A morte de Júlio tem sido propositalmente contada em seu prol, e não o contrário, ou seja, como uma aventura que lhe custou a própria vida, na medida em que buscava o poder unipessoal contra a boa prática dos costumes romanos.

 

Temos todo o mês de janeiro para meditar sobre os rumos da democracia nos países centrais, o que inclui os Estados Unidos (EUA) e a Rússia. Nunca será demasiado vincar que Putin fez carreira opondo-se ao socialismo real, o qual Gorbachev denunciou, seguindo-se Yeltsin e ele próprio, não em nome do socialismo, mas do capitalismo sob a influência do Estado, daí o apelido que lhe deram de autocrata (unir os autocratas e a Igreja Ortodoxa russa em prol do capitalismo de Estado).

 

Em verdade, Putin não representa o falecido socialismo real, mas o Estado russo e seus interesses geopolíticos, hoje carecedor de apoio e, pois, se aproximando da China. Tem muita gente pensando que a Rússia é um Estado socialista, baita falsidade em desfavor de uma análise ponderada do cenário internacional. Toda política externa se faz em prol dos interesses nacionais dos mais de 108 Estados soberanos que dividem o planeta Terra. É de se ver, v.g, como o ex-presidente Bolsonaro se uniu a Putin, assegurando os grãos a Rússia em prol dos nossos interesses, em detrimento da Ucrânia, uma nação que tem menos do que 40 anos (era parte da Rússia).

 

Robert H. Jackson no seu The struggle for judicial supremacy lançou a assertiva de que Marshall, "que entendia tanto de política quanto de leis", escolheu para lançar sua tese um caso em que Jefferson, então Presidente da República, tinha grande interesse partidário e no qual a decisão foi inteiramente favorável ao Executivo. A sua estratégia fora, realmente, magistral. Raul Machado Horta adjudica ao assunto interessantíssimos adminículos: o caso Marbury v. Madison, de 1803, favoreceu, finalmente, os desígnios de Marshall. Tratava-se de assunto de pequena importância, com origem na recusa dos republicanos de Jefferson de empossar modestos juízes de paz nomeados pelos federalistas de Adams, que nos últimos instantes de seu mandato presidencial nomeou algumas dezenas de juízes de paz. No açodamento das providências finais à transmissão do cargo a Jefferson, eleito por partido adverso, o secretário, na época o próprio Marshall, não teve tempo de providenciar o expediente necessário, deixando na mesa os atos de nomeação. Ali os foi encontrar o secretário Madison, sucessor de Marshall. Inteirado dos fatos, Jefferson ordenou que se expedissem apenas 25 atos, inutilizando os demais. Entre os prejudicados, figuravam Marbury e os três companheiros que recorreram à Suprema Corte, em 1801 (William Marbury, Denis Ramsay, Robert Townsend Hooe e William Harper), pleiteando um writ of mandamus contra o secretário Madison, para empossá-los nos cargos...!

 

Marshall admitiu à Justiça a pretensão. Preocupava-o a resistência do Executivo à decisão favorável da Suprema Corte. O caso, que não envolvia interesse material, colocou mais à vontade o Chief-Justice para firmar decisão de profundas consequências políticas. No exame do caso, Marshall invoca a inconstitucionalidade do artigo 13, da lei de 1789, no qual se basearam os recorrentes; artigo esse que deferia, à Suprema Corte, a faculdade de expedir, diretamente, writ of mandamus, em desacordo como o texto constitucional, que lhe conferiu, em princípio, jurisdição de apelação. "Inicialmente, os interessados deveriam postular seu direito perante uma das Cortes de Distrito, para, em grau de recurso, se cabível, submeter o caso à apreciação da Suprema Corte. Lançado o princípio, Marshall realiza uma retirada, no bom sentido militar, invocando a incompetência da Corte Suprema para decidir o caso concreto".

 

Obra de arte política, a sentença reconhecia o princípio do controle judiciário da constitucionalidade das leis!

*Correio Brasiliense

Domingo, 29 de janeiro 2023 às 10:22

quarta-feira, 3 de junho de 2020

GOVERNO INSERE 2 MILHÕES DE ANÚNCIOS EM SITES DE FAKE NEWS E PORNOGRÁFICOS



Relatório produzido a pedido da CPMI das Fake News identificou 2,065 milhões de anúncios pagos com verba da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em sites, aplicativos de telefone celular e canais de Youtubers que veiculam conteúdo considerado inadequado. Entre eles estão sites que divulgam notícias falsas, oferecem investimentos ilegais e até aplicativos com conteúdo pornográfico.

O relatório, elaborado por consultores legislativos, foi divulgado nesta terça-feira pela CPMI. Seus dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação (LAI).

O relatório diz que, apesar de ter solicitado informações do período entre janeiro e novembro de 2019, a Secom só forneceu dados referentes a 38 dias, entre 6 de junho e 13 de julho do ano passado.

Mesmo assim, segundo o relatório, foi possível identificar que parte dos anúncios pagos pela Secom foi parar em canais com conteúdo inadequado.

A verba utilizada neste período era para a campanha sobre a Reforma da Previdência e se refere a recursos distribuídos na internet por meio da plataforma Adwords e Adsense do Google. Essa publicidade é direcionada de forma automática aos sites pelas plataformas, mas é possível ao anunciante bloquear tanto sites específicos quanto categorias de assuntos.

No total, os consultores da CPMI idenficaram 843 canais considerados inadequados que veicularam um total de 2.065.479 anúncios. Entre esses canais estão 47 sites que divulgam notícias falsas, 741 canais do Youtube que foram removidos pela plataforma por descumprimento de regras, 12 sites com notícias sobre jogos de azar, sete que fazem ofertas de investimentos ilegais e quatro com conteúdo pornográfico.

A classificação do que é um site que divulga notícias falsas foi feita pela própria equipe que elaborou o relatório. Entre os sites colocados nesta categoria estão o “Jornal da Cidade Online”, “Jornal 21 Brasil”, “Terça Livre”, “Folha do Brasil”, “Diário do Centro do Mundo” e “Revista Fórum”. O “Jornal da Cidade Online” é o mesmo que, segundo o perfil Sleeping Giants Brasil, recebeu verba publicitária do Banco do Brasil.

Ao todo, os 47 sites que divulgam notícias falsas identificados pelo relatório receberam 653.378 anúncios. Os sites com conteúdo pornográfico receberam 27 anúncios.

O documento aponta ainda a necessidade de questionar a Secom sobre o total de anúncios veiculados ao longo de todo o ano de 2019 em relação ao site Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos. O relatório afirma que, durante oitiva na CPMI, o blogueiro afirmou que não recebia dinheiro público, mas os dados da Secom mostraram que seu canal no YouTube recebeu 1.447 anúncios.

“Necessário, portanto, formular questionamento àquela secretaria para quantificar exatamente o montante pago ao canal em todo o período de vigência do contrato com o Google Adsense, tendo em vista que tivemos acesso apenas aos dados parciais”, diz um trecho do relatório.

Allan dos Santos é um dos investigados no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e que investiga uma suposta rede de divulgação de notícias falsas e ataques contra ministros da Corte. No domingo, reportagem do GLOBO revelou que, além de receber por anúncios pagos pela Secom, o blogueiro recebeu por anúncios pago pela Petrobras e Eletrobras.

Foram identificados ainda cinco canais que fazem promoção pessoal de autoridades como o presidente Jair Bolsonaro e que receberam anúncios pagos pela Secom. Entre os canais identificados pelo documento estão canais no YouTube como o “Bolsonaro TV” e o canal pessoal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), além do site do senador.

O relatório aponta que a destinação de verba pública para a promoção pessoal de autoridades pode ser interpretada como violação à Constituição Federal.

“A veiculação de anúncios, pela Secom, em canais desse tipo pode gerar questionamento com base no § 1º do art. 37 da Constituição, pois abre a possibilidade de se interpretar tal fato como utilização da publicidade oficial para promoção pessoal, conduta vedada pela Carta Magna”, diz um trecho do documento.

O documento critica a forma como a Secom utilizou suas verbas e aponta para o potencial prejuízo à imagem do governo.

“Além disso, fica claro que a utilização do programa Google Adsense pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República gerou várias incorreções na condução da política de publicidade oficial da Presidência da República”, diz um trecho.

“Como pudemos observar, houve descontrole do target (alvo) das ações publicitárias, o que redundou em desperdício de recursos públicos. Adicionalmente, o dinheiro da publicidade oficial terminou por ser empregado em diversos canais com conteúdo inadequado, fazendo com que a imagem do Governo Federal fosse veiculada em canais de baixa qualidade e associada a conteúdos falsos, criminosos, de cunho sexual ou referentes a promoção pessoal do Presidente da República”, diz outro trecho do relatório.

*O Globo

Quarta-feira, 03 de junho, 2020 ás 10:00



segunda-feira, 1 de junho de 2020

EX-MINISTRO MOSTROU-SE INDESTRUTÍVEL E EXIBIU A VERDADE


Desde o início do governo caudilho, o editor Carlos Newton já vinha nos alertando, que o ministro da Justiça e Segurança Pública, estava desconfortável e insatisfeito dentro do governo.

Muitos de nós, comentaristas já antigos deste democrático blog, contrariávamos o editor Carlos Newton dizendo que não era bem assim, que ele estava sendo precipitado etc…

Partíamos do princípio de que Sérgio precisou deixar para trás, de forma definitiva, uma belíssima carreira na magistratura, construída com esforços imensos. E o fez acreditando num projeto  para tornar o Brasil muito melhor, principalmente no campo da segurança pública e no combate à corrupção.

Lembro bem de que o comentarista Francisco Bendl era um dos que pensavam como eu. Ou seja, que Moro se entenderia com o presidente, superando algumas pequenas diferenças, e no fim tudo daria certo.

Os meses de governo foram se passando e o ministro Moro foi recebendo de Bolsonaro traições, grosserias, situações vexatórias, piadinhas…

O presidente se posicionava e mandava votar contra as sugestões do ministro da Justiça, aprontando poucas e boas, conforme alguns episódios que estão citados no artigo do editor Carlos Newton de sábado (30/05).

Até que chegou o momento onde Bozo começou a exigir que esse seu subordinado cruzasse as fronteiras da ética, da legalidade e da moralidade, para passar a ser um mero despachante das ordens presidenciais.

O ministro não aceita o assédio do presidente e pede para sair, de forma brilhante, e sem quaisquer manchas vindas do caudilhismo imundo.

Moro mostrou-se indestrutível, e agora está colaborando firmemente para que o país conheça muitos dos crimes e artimanhas imorais desse presidente, e também da verdadeira quadrilha criminosa que o cerca.

Muita água vai rolar, mas o Brasil tornar-se-á imensamente mais limpo. Só que para isso é fundamental retirar a cobra do poder, pelos meios constitucionais, e apurar toda essa trama criminosa, cujos indícios aparecem por todos os lados.

*Tribuna da internet

Segunda-feira, 1º de junho, 2020 ás 17:00