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segunda-feira, 25 de maio de 2020

O GABINETE DOS HORRORES



A reunião ministerial do governo de Jair realizada em 22 de abril dá uma perspectiva única sobre a sala das máquinas de seu governo populista de direita. Para quem lê a transcrição da reunião, com 75 páginas, fica claro como o governo funciona. Diante do mortal coronavírus, Bolsonaro só está interessado numa coisa: deformar a realidade como lhe convém e expandir seu poder.

Quando o gabinete se reuniu, há cerca de um mês, quase 3 mil brasileiros já haviam morrido em decorrência do vírus. Uma semana antes, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, havia sido demitido. No entanto, o combate à covid-19 e o número crescente de mortes não foram mencionados na reunião.

O tema principal era o Plano Pró-Brasil, que foi apresentado à opinião pública naquele dia. O plano de investimentos estatais em infraestrutura deveria amenizar as consequências da pandemia por meio da criação de empregos. Ele foi coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, o general Walter Braga Netto, o que, para o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi uma afronta. Como superministro, o economista de Chicago deveria reformar o Estado e a economia, reduzir os orçamentos e privatizar estatais. Mas, o Plano Pró-Brasil autoriza a ala militar a gastar o que Guedes tinha economizado por meio de reformas. Nesse meio tempo, nada mais se ouviu do Pró-Brasil.

Nas duas horas de reunião, logo fica claro quem detém as rédeas do governo: o presidente – e os militares. Braga Netto conduz o encontro, concedendo e retirando a palavra. Apesar de ainda haver outros sete generais no gabinete, eles permanecem em silêncio.

Sem abrir a boca, eles escutam enquanto os chicoteadores ideológicos do governo apresentam suas ideias abstrusas: o ministro da Educação, Abraham Weintraub, quer colocar todo o Supremo Tribunal Federal na cadeia; a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, quer que governadores e prefeitos sejam presos; e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sonha com uma nova globalização de valores, na qual o Brasil ajudará a definir, ao lado de outras cinco nações, a nova ordem mundial.

Esses ministros são frequentemente vistos como bobos da corte. Agora fica claro que quem pensa assim está enganado: eles são os pilares decisivos que sustentam Bolsonaro.

O mesmo vale para o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que quer permitir jogos de azar em resorts. Guedes aguarda ansiosamente por milionários vacinados que viriam se divertir no Brasil.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugere que se aproveite a crise do coronavírus para "ir passando a boiada" e mudando a legislação ambiental no Congresso, enquanto a imprensa está distraída.

Os trechos da reunião que foram suprimidos aparentemente escondem declarações desrespeitosas sobre a China. Segundo Guedes, a China é "aquele cara que você sabe que tem que aguentar" porque o país compra muito do Brasil.

Bolsonaro usa insultos grosseiros para falar sobre seus adversários políticos. Ou seja, sobre todos os que não pensam como ele. O presidente queixa-se do fato de que, segundo diz, a imprensa só implica com ele. Qualquer ministro que for elogiado por jornalistas, perderá o cargo, afirma. Ele exige que os ministros o defendam publicamente. Além disso, ele quer armar a população rapidamente, pois, segundo ele, somente com cidadãos armados é possível evitar uma ditadura.

A frase decisiva é aquela em que ele exige que "gente da segurança nossa no Rio de Janeiro" seja finalmente trocada. Se isso não for feito, então que se troque o chefe dele, e se isso não puder ser feito, que se troque também o ministro, diz. "E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira."

Essas declarações foram o motivo por que o também presente e então ainda ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciou sua demissão pouco depois. O presidente teria tentado interferir na Polícia Federal para barrar investigações sobre corrupção envolvendo seu filho Flávio Bolsonaro. Como prova, Moro exigiu a divulgação da gravação da reunião – e o Supremo concordou.

A interpretação jurídica é que com tais declarações de Bolsonaro não é possível comprovar sem margem para dúvidas que Bolsonaro queria interferir no aparato policial para proteger seu filho.

Apoiadores de Bolsonaro pensam o mesmo: nas redes sociais, eles comemoraram os trechos divulgados com o slogan "Bolsonaro 2022". Para eles, agora nada impede que seu ídolo seja reeleito. A aparente inação e falta de interesse do presidente na pandemia não parece incomodá-los.

Sobre os restantes ministros e militares não há mais dúvidas após a divulgação do conteúdo da reunião: a partir de agora, eles são corresponsáveis tanto pelo número crescente de mortes na pandemia como pela tentativa de acabar com as instituições democráticas.
*msn

Segunda-feira, 25 de maio, 2020 ás 10:00

sábado, 23 de maio de 2020

O IMPERADOR FAZ OPOSIÇÃO A SI MESMO E ESTÁ ARRASANDO SEU PRÓPRIO GOVERNO



A exibição do vídeo editado focalizando a reunião ministerial de 22 de abril, liberada pelo ministro Celso de Mello, relator do processo no Supremo, mostra a verdadeira face da administração que se iniciou como a redenção do país após o desmoronamento do governo Dilma Rousseff, que arrastou consigo a imagem do Partido dos Trabalhadores envolvido numa onda inédita em matéria de corrupção.

Agora assiste-se com perplexidade ao comportamento presidencial na célebre reunião de 22 de abril. A exibição do vídeo destina-se a ser incorporada ao processo que coloca o ex-ministro Sérgio Moro como o principal adversário de Jair Bolsonaro.

Partes referentes a países foram suprimidas na exibição. Também algumas partes relativas ao Supremo Tribunal Federal foram extirpadas e outras mantidas na gravação.

A gravação da reunião ministerial acentuou a fase deplorável em que se encontra a política brasileira. Jamais poder-se-ia considerar o nível revelado pelos próprios atores a começar pelo presidente Bolsonaro e a prosseguir ladeira abaixo pelo ministro da Educação. Este ofendeu a corte Suprema, seus integrantes e colocou na pauta o fechamento do próprio STF.

Não é preciso dizer mais nada a respeito da gravação que para avaliá-la e julgar seus personagens basta acompanhar as imagens da demolição.

O ministro da Economia quer barrar acesso ao fundo de apoio a estados e municípios se eles não pagarem dívidas que assumiram com bancos privados e não agirem junto aos parlamentares no sentido de evitar a derrubada do provável veto do presidente da República aos dispositivos que preveem reajuste salarial dos funcionários públicos.

Paulo Guedes argumenta com base no fato de liberar 60 bilhões de reais a estados e municípios. Na minha opinião o adicional de 60 bilhões de reais, como o anunciado pelo Ministério, não existe. São recursos já consignados no orçamento de 2020 e não uma parcela adicional proporcionada por esse fundo.

Claro, pois se os 60 bilhões fossem gerados agora. teria de ser ampliado o orçamento da União cujo teto é de 3,6 trilhões de reais. Não existe débito sem crédito e vice-versa. Portanto, o que está por trás do anúncio é uma troca de rubricas totalizando o montante ilusório para efeito político.

Na edição desta sexta-feira da Folha de São Paulo, matéria de Bruna Narcizo destaca a reação de empresários contra a ideia proposta pelo presidente Bolsonaro no sentido de que as empresas devem pressionar governadores para garantir o congelamento salarial até dezembro de 2021.

Os empresários Horácio Lafer Piva, da Klabin, João Guilherme Sabino, um dos principais acionistas da usina São Martinho, Luiza Helena, do Magazine Luiza, entre outros, reagiram negativamente à ideia. Colocaram a seguinte questão: empresários não têm de pressionar governadores. Seria um caso muito estranho.

O general Augusto Heleno, Chefe do Gabinete da Segurança Institucional, segundo a Folha de S. Paulo, afirmou que os militares não vão dar golpe contra a democracia no país.

Negou qualquer intervenção militar no sentido de implantar nova ditadura no país. Com essas declarações Augusto Heleno propôs-se a desarmar os boatos que andam circulando em Brasília. Tudo bem. Mas o general, no final da tarde momentos, antes da liberação do vídeo irritou-se com um despacho formal que o ministro Celso de Melo encaminhando à Procuradoria Geral da República ação judicial que prevê a busca e apreensão do celular do presidente da República e também os telefones de seus filhos. A notícia explodiu com intensidade, mas passou a ser desconsiderada após uma análise da jornalista Natuza Nery na Globonews. A proposta não foi de Celso de Melo e sim de autores da respectiva ação.

Veja o vídeo da reunião ministerial:



*Tribuna da Internet

Sexta-feira, 22 de maio, 2020 ás 10:00