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sábado, 1 de janeiro de 2022

E LÁ SE FOI 2021, O ANO EM QUE O CENTRÃO COLOCOU O PRESIDENTE NA COLEIRA…


Quando 2021 começou, o ministro Paulo Guedes dizia que a economia brasileira estava iniciando uma recuperação “em V”. Jair Bolsonaro foi na contramão: “O Brasil está quebrado. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda… teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter”.

 

Guedes tentou contemporizar (em relação às finanças, e não à mídia, claro). Disse que o presidente estava se referindo apenas ao setor público, em situação difícil depois dos “excessos de gastos cometidos pelos governos anteriores”. E, procurando se mostrar no controle da situação, garantiu que o auxílio emergencial só seria prorrogado se fosse possível manter o teto de gastos e que não haveria reajustes aos servidores públicos.

 

 Numa coisa, porém, o presidente e o ministro concordavam: era preciso derrubar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia tinha aprovado a reforma da Previdência que o governo queria, mas Guedes achava que ele boicotava as privatizações e a reforma tributária. Se tivessem um amigo no controle, pensavam presidente e ministro, o governo decolaria.

 

Eles conseguiram. No início de fevereiro, Arthur Lira (PP-AL) foi eleito, inaugurando uma nova era no Congresso. Mas o governo não decolou.

 

Com a prestimosa ajuda do Congresso, o Executivo acochambrou o teto de gastos. Oficializou o calote parcelado dos precatórios judiciais. Estendeu o programa de renda emergencial e acabou com o Bolsa Família, criando o Auxílio Brasil.

 

Também anunciou um reajuste salarial aos policiais federais, levando as outras categorias a ameaçar greve geral em pleno ano eleitoral. Para evitar um tarifaço nas contas de luz, autorizou um socorro de R$ 15 bilhões ao setor elétrico. Reforma tributária, administrativa e privatizações ficaram para as calendas.

 

Fora da seara econômica, Bolsonaro dilapidou as instituições de controle da corrupção, da proteção ao meio ambiente, do patrimônio histórico e do sistema educacional. Domesticou o Exército, trabalhou duro para destruir a credibilidade das nossas eleições e, no 7 de setembro, tentou dar um golpe no Supremo Tribunal Federal.

 

Empoderado pelos R$ 11 bilhões do orçamento secreto — distribuídos segundo critérios imperscrutáveis a uma lista igualmente sigilosa de parlamentares —, Lira relegou Paulo Guedes a um nível de irrelevância que Rodrigo Maia jamais pensou em conseguir. Segurando a chave da gaveta que guarda os 143 pedidos de impeachment de Bolsonaro, colocou o presidente da República na coleira.

 

Com ela, Lira e o Centrão deixam que Bolsonaro esbraveje contra as urnas eletrônicas, mas na hora H sepultam o voto impresso no plenário da Câmara. Deixam que vá aos palanques contra ministros do Supremo, mas nos bastidores avisam que não sustentarão quarteladas. Permitem que o presidente lance suspeitas contra a vacinação, mas, quando o eleitorado reage, afirmam que a palavra final cabe aos técnicos.

 

Considerando o histórico dos três anos de governo Bolsonaro, até que demorou para o Centrão tomar conta de tudo. Mas o bloco não está no poder há tantos governos à toa. Lira e seus aliados sabem exatamente o que é preciso fazer para atravessar Presidências sem perder o comando.

 

 Se 2021 foi o ano em que o Centrão tutelou Bolsonaro, 2022 será o ano em que decidirá seu futuro. Uma decisão que dependerá de diferentes variáveis, mas principalmente do próprio presidente.

 

Um presidente que chega ao final de 2021 da mesma forma como entrou, agindo como se não pudesse fazer nada — quanto à tragédia das chuvas na Bahia, quanto ao aumento do funcionalismo, quanto à vacinação de crianças.

 

Difícil acreditar que Bolsonaro não saiba o que está fazendo. É mais provável que acredite que o casamento com o Centrão vá protegê-lo da derrota em 2022. Talvez o que lhe falte seja a noção de que, em alguns meses, com o fundo eleitoral e o orçamento secreto devidamente distribuídos, essa união poderá não ser mais tão interessante. Será nessa hora que os aliados decidirão se continuam a trabalhar pela reeleição do presidente ou se o abandonam pela estrada, com coleira, com Paulo Guedes, com tudo.

 

*O Globo

Sábado, 01 de janeiro 2022 às 16:17


 

terça-feira, 19 de maio de 2020

NA MIRA DO INQUÉRITO, ELE MUDA O TOM PARA NÃO ATRAPALHAR RELACIONAMENTO



Diante de negociação avançada com o bloco parlamentar conhecido como Centrão, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a mudar o tom do discurso na manifestação favorável ao seu governo realizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no domingo (dia 17/05).

Dessa vez, houve cuidado até mesmo de seguranças do Palácio do Planalto para evitar faixas com mensagem antidemocráticas. Mesmo assim, vários apoiadores (Milicianos) seguravam cartazes e faixas em defesa do fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Integrantes do Centrão ouvidos pelo blog avaliam que Bolsonaro fez um gesto de aproximação política com o bloco, num momento em que precisa ter uma base de segurança no Congresso Nacional para barrar um eventual processo de impeachment ou mesmo uma denúncia por parte da Procuradoria Geral da República (PGR).

A avaliação no próprio Centrão é de que a situação de Bolsonaro na investigação de interferência política na Polícia Federal ficou mais complicada após entrevista do empresário Paulo Marinho à “Folha de São Paulo”.

Ao jornal, o empresário afirmou que o senador Flávio Bolsonaro foi avisado que a PF realizaria uma operação e que o ex-assessor dele Fabrício Queiroz seria um dos atingidos.

 “O novo tom de Bolsonaro, sem ataques ao Congresso, não é por acaso. No momento em que está negociando apoio com deputados, ele não poderia ficar atacando o Congresso. Isso seria fatal para essa negociação”, disse ao blog um líder de uma das legendas do Centrão.

O Planalto iniciou a distribuição de cargos e está negociando a liberação de emendas para conseguir formar uma base de 250 deputados.

*Folha

Terça-feira, 19 de maio, 2020 ás 11:00


terça-feira, 28 de abril de 2020

BOLSONARO TENTA CRIAR BASE ANTI-IMPEACHMENT


A estratégia do presidente Jair Bolsonaro de se aproximar de líderes do Centrão pode levar ao Palácio do Planalto o apoio de um grupo decisivo para seu futuro no cargo. Para barrar um eventual processo de impeachment, Bolsonaro necessitaria reunir 172 votos que rejeitem as acusações crime de responsabilidade contra si. E se ainda não há certeza sobre os números atuais da base aliada no Congresso, tampouco avalia-se que o presidente estaria longe de atingir essa quantidade de apoios.

Um cacique partidário que esteve recentemente com Bolsonaro considera que ele conquistou, com mudança de tratamento e oferta de cargos de segundo e terceiro escalão, os partidos de bancadas médias no Centrão. Com isso, rachou o bloco que dava sustentação ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de quem Bolsonaro desconfia e a quem passou a atacar como principal adversário no Congresso.

Atualmente, o governo negocia cargos na administração federal com lideranças do Progressistas (legenda com 40 deputados), PL (39), PSD (37), Solidariedade (14), PTB (12) e Republicanos (31). O último partido abriga filhos do presidente. Seriam 173, sem contar eventuais defecções, um a mais do mínimo que precisa. Teria ainda pelo menos metade dos votos no PSL (53), ala de seu antigo partido que poderá migrar com a criação do Aliança pelo Brasil, e uma parcela significativa de apoios no PSD (37) e no MDB (34). Contaria ainda com apoio relevante na bancada da bíblia, nas frentes evangélica e católica, e apoios individuais em Podemos (12), Patriota (5), PSC (9), entre outros partidos nanicos.

Como mostrou o Estado, o presidente é alvo de 31 pedidos de impeachment na Câmara, número superior a de antecessores e que cresceu após o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro acusá-lo de interferência política na Polícia Federal. Em outra frente, parlamentares também tentam colocar de pé uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias.

Para o presidente tocar o barco e governar, no entanto, a conta é outra. Ele dependeria de pelo menos 308 votos para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição.

O Centrão comanda a Mesa Diretora da Câmara desde 2015, com a eleição para a presidência do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso e condenado por Moro em processo da Lava Jato. Embora a saída do "superministro" tenha desgastado o presidente junto ao seu eleitorado, lideranças do grupo - ao qual ele próprio fez parte no passado - comemoraram a demissão. O ex-juiz criminal e seu braço direito na PF, Maurício Valeixo, simbolizavam uma herança da Lava Jato, uma operação que atingiu dezenas de parlamentares e partidos do bloco informal.

Como o presidente se elegeu rechaçando a “velha política” e alijou os caciques da articulação política, Maia seguia como interlocutor oficial do grupo junto ao Planalto. E mantinha seu poder. Isolado, com popularidade em queda, agravamento da pandemia (quase 4 mil mortes por covid-19) e crise econômica, Bolsonaro resolveu mudar.

Agora, Maia “perdeu cedo o Centrão para Bolsonaro”, resume um dos líderes do grupo. Deputados que estiveram com o presidente consideram que Maia agiu nos bastidores para denunciar um “toma lá da cá”. Apesar de imoral, a prática é corriqueira no presidencialismo e nunca foi condenado como criminosa. E o DEM de Maia não só indicou nomes ao governo como trabalhou para manter seus apadrinhados depois de ameaças de retaliação pelo Planalto. Com isso, Maia teria jogado os partidos fisiológicos no colo de Bolsonaro. Como consequência, o presidente e o Centrão estariam adorando viver um “amor sem intermediários”.

Há dúvidas ainda sobre qual seria o comportamento dos partidos de esquerda, principalmente do PT (53), em relação às denúncias de Moro. A oposição quer remover Bolsonaro, mas sem beneficiar Moro. Ele é algoz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem prendeu e condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Agora, poderia sair eleitoralmente fortalecido se prosperasse um impedimento com base em suas denúncias.

Não bastassem essas variáveis – os votos pró-Bolsonaro no Centrão e a má vontade da oposição com Moro – ainda há as dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus. Com o isolamento social, o impeachment dependeria de uma convocação para reunião presencial por parte de Maia e Alcolumbre.

Apesar da grande quantidade de pedidos, Maia disse que o momento não é de por esse tema na pauta. O Estado apurou que Maia não quer tratar do assunto enquanto não houver um sinal mais claro do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as acusações de interferência política de Bolsonaro na PF, como fez Moro. Na prática, a ideia é ganhar tempo. “Acho que todos esses processos precisam ser pensados com muito cuidado”, disse Maia.

Além de demorado, um processo completo requer o funcionamento de comissões especiais para analisar as denúncias na Câmara e no Senado, antes das votações plenárias. Na prática, as longas discussões e oitivas de testemunhos seriam inviáveis, na avaliação de parlamentares, por meio do sistema virtual de votações remotas. A tecnologia foi desenvolvida apenas para o plenário, e nenhuma comissão funciona atualmente no Congresso.

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), partidário de Moro e hoje crítico de Bolsonaro, considera inviáveis votações remotas de um assunto dessa magnitude, pois poderiam ser questionadas legalmente, para além das dificuldades operacionais. Ele avalia ser “muito difícil” haver alguma repercussão no Congresso, sem um movimento que parta dos chefes do Poder Legislativo.

“Na realidade, o Congresso está em recesso. As reuniões virtuais só ocorrem quando convocadas. E, quando tem alguma efervescência, a primeira coisa que o Davi faz é não convocar. Aí o Congresso permanece mudo, e o que ocorrem são manifestações isoladas, mas não decisão coletiva. Mais do que nunca a palavra do Senado está na mão do Davi e a palavra da Câmara na do Maia. Tudo está na mão deles”, disse o senador.

*Estadão

Terça-feira, 28 de Abril, 2020 ás 18:00