Sergio Moro(podemos-19)
Na próxima quinta-feira (2/12),
o ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro (Podemos) lançará o
seu livro “Contra o sistema da corrupção”. Na obra, o ex-juiz faz uma revisão
dos principais episódios enquanto atuava na 13ª Vara Criminal de Curitiba, e na
segunda parte ele dá detalhes sobre a fritura pública que sofreu do presidente
Jair Bolsonaro (PL)
Em um dos trechos do livro,
Sergio Moro conta que ao retornar de férias do Canadá, em janeiro de 2020,
voltou a ser pressionado para substituir o diretor-geral da Polícia Federal.
Durante uma reunião com o presidente e um outro ministro, foram apresentados
três nomes para que ele escolhesse.
“Daqueles três, dois eram
absolutamente inaceitáveis, por falta de histórico suficiente na Polícia
Federal ou por outras questões específicas. Apenas um deles, o delegado da PF
Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), me
parecia aceitável, apesar de sua pouca experiência.”
A princípio, o ex-ministro
concordou com a troca. “Mas, logo depois, quando refleti melhor, percebi que
caíra em uma armadilha. Primeiro, porque não havia motivo para a saída do
diretor-geral (Maurício) Valeixo. Segundo, embora Ramagem até aparentasse ser um
bom profissional, seria visto como uma interferência do Planalto na Polícia
Federal – o delegado era muito próximo da família Bolsonaro desde a campanha de
2018, quando comandou a segurança do então candidato a presidente.”
“No fundo, o principal motivo
para eu mudar de posição foi que comecei a desconfiar das razões do presidente
para a mudança pretendida. Por que o presidente queria tirar Valeixo, um
profissional respeitado pela categoria, sem qualquer motivo objetivo, e
substituí-lo por alguém de sua relação pessoal? O tempo me daria razão.”
Sergio Moro também relata
outra crise com o presidente Jair Bolsonaro. Sobre a reunião, realizada em
janeiro de 2020, na qual o mandatário se reuniu com os secretários de Segurança
Pública dos Estados e do Distrito Federal para estudar uma possível divisão do
Ministério da Justiça e Segurança Pública. A reunião foi transmitida via redes
sociais.
“No mesmo dia, várias pessoas
me procuraram querendo saber o que eu faria diante daquela fritura pública.
Apesar do desgaste, eu estava tranquilo quanto ao rumo que devia tomar. Tinha
sido convidado para ficar à frente do Ministério da Justiça e Segurança
Pública. Se a pasta fosse dividida, não continuaria no governo de jeito algum.”
Diante desse e de outros
episódios, Sergio Moro começou a tirar suas próprias conclusões. “Eu não
poderia confiar nele, já que, com frequência, Bolsonaro recorria gratuitamente
a esses expedientes reprováveis de fritura pública. Também concluí que ele
simplesmente não confiava em mim e não desejava a minha presença no governo.
Daí, o reiterado desejo de retirar poder de mim ou do Ministério da Justiça ou
de me contrariar, como ocorreu nos episódios do Coaf, dos vetos ao projeto de
lei anticrime, da separação do ministério, da substituição do diretor-geral da
Polícia Federal ou do superintendente da PF no Rio de Janeiro.”
Com informações do UOL.
Terça-feira, 30de novembro
2021 às 18:10