Principal base de sustentação do
presidente Michel Temer no Congresso Nacional, o PSDB deve adiar mais uma vez
sua decisão de desembarque ou não do governo peemedebista. O partido marcou
para a tarde desta segunda-feira, 12, reunião de sua executiva nacional para
tratar do assunto. O encontro, porém, deve servir apenas para discussão, sem
anúncio de uma decisão final.
"A ideia é não tomar uma
decisão segunda-feira (12/6). Será mais ouvir os diversos segmentos. É muito
curto o tempo entre a decisão do TSE e a reunião", afirmou o
secretário-geral do PSDB, o deputado Silvio Torres (SP). Ele se referia ao
julgamento do Tribunal Superior Eleitoral concluído na última sexta-feira, 9, e
que absolveu a chapa Dilma-Temer da cassação por 4 votos a 3.
Nos bastidores, tucanos
argumentam que, após o TSE, é preciso agora esperar a denúncia contra Temer que
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve enviar até o fim de junho.
"Temos que nos preocupar também com os 14 milhões de desempregados no
Brasil e, sobre esse aspecto, é que o PSDB deve decidir", afirmou o líder
do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP).
Sem perspectiva de anunciar uma
decisão, os principais caciques tucanos podem não comparecer à reunião desta
segunda-feira. Um dos parlamentares mais próximos do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), Torres afirma que o gestor paulista e outros
governadores avaliam não comparecer. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
não irá ao encontro, segundo sua assessoria de imprensa, pois tem uma reunião
no Instituto FHC.
Os grupos de Alckmin e do senador
afastado Aécio Neves (MG) atuam nos bastidores para evitar o desembarque agora.
A avaliação de "aecistas" é de que o rompimento dos tucanos com o
governo Temer pode prejudicar o mineiro. O pensamento é de que, caso o PSDB
desembarque, o PMDB, maior partido do Congresso, atuará para que o tucano seja
cassado. Aécio foi fortemente atingido pela delação da JBS.
Dos quatro ministros do PSDB,
Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo)
também trabalham contra o rompimento. Os ministros e o próprio presidente
Michel Temer entraram em campo na semana passada e conversaram pessoalmente ou
por telefone com parlamentares tucanos para tentar conter o movimento favorável
ao desembarque.
Na reunião desta segunda-feira, a
defesa mais enfática pelo rompimento será feita pelos
"cabeças-pretas", como são chamados os tucanos mais novos. O grupo,
formado principalmente por deputados, é o que mais pressiona o presidente
interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), a desembarcar. Eles temem que
a impopularidade de Temer contamine o PSDB nas eleições de 2018.
Interlocutores de Tasso dizem que
ele está relutante em adiar mais uma vez a decisão pelo desembarque ou não. Na
semana passada, o senador cearense deu declarações públicas mais fortes que
foram interpretadas como um desejo dele de que o PSDB rompa com o governo
Temer. Em uma delas, disse que o partido não precisa de ministério para apoiar
as reformas.
Segunda-feira, 12 de Junho, 2017
as 08hs00
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