O
Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta terça-feira (21) à Justiça
Federal o jornalista americano Glenn Greenwald, responsável pelo site The
Intercept Brasil, e mais seis pessoas, após ter sido encontrado em um
computador na casa de Luiz Henrique Molição, acusado de ser um dos invasores de
celulares de autoridades, um áudio em que o jornalista orienta a destruição de
mensagens.
A
denúncia ocorreu no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão de
celulares de autoridades. A denúncia é por crimes de organização criminosa,
lavagem de dinheiro e interceptação telefônica, informática ou telemática
ilegal.
Segundo
a denúncia, Greenwald teria auxiliado, orientado e incentivado as atividades
criminosas do grupo.
Uma
decisão liminar concedida em agosto do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Greenwald não fosse
investigado ou responsabilizado por receber, obter ou publicar informações de
interesse jornalístico. O pedido de liminar havia sido feito pelo partido Rede
Sustentabilidade. Desde junho do ano passado, o site de Greenwald tem publicado
supostas mensagens trocadas por autoridades da República. Glenn afirmava ter
obtido o material de uma fonte anônima.
Denúncia
Na
denúncia, o procurador responsável ressalta que, em respeito a tal decisão, não
houve investigação contra Greenwald, mas que ainda assim resolveu denunciá-lo
em razão da prova de áudio encontrada.
A
orientação para que mensagens que ligavam os hackers ao site de Greenwald
fossem apagadas teria sido dada pelo americano depois dos primeiros vazamentos
de mensagens do celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio
Moro, diz a denúncia. Para o MPF, isso caracterizaria “clara conduta de participação
auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção à fonte jornalística
em uma imunidade para orientação de criminosos”.
A
procuradoria diz entender não ser crime somente a publicação do material obtido
de forma ilícita, mas argumenta que Greenwald teria ido além ao orientar sobre
como dificultar a investigação dos crimes. O MPF informou que a denúncia foi
encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) para eventual pedido para
que seja revogada a liminar do Supremo que impede o jornalista de ser
investigado.
Além
de Greenwald e Molição, foram denunciados: Walter Delgatti Netto e Thiago
Eliezer Martins Santos, apontados como mentores e líderes do grupo; Danilo
Cristiano Marques, acusado de ser testa de ferro de Delgatti na obtenção de
materiais para o cometimento dos crimes; o programador Gustavo Henrique Elias
Santos, que teria desenvolvido as técnicas para a invasão dos celulares de
autoridades; e Suellen Oliveira, esposa de Gustavo que teria atuado como
laranja.
Fraude bancária
O
grupo ainda deve ser alvo de outra denúncia pelo crime de fraude bancária, que
ainda segue em investigação, de acordo com o MPF.
A
denúncia apresentada nesta terça-feira (21) à 10ª Vara Federal de Brasília diz
ter ficado provada a ocorrência de 126 interceptações telefônicas, telemáticas
ou de informática e 176 invasões de dispositivos informáticos de terceiros,
resultando na obtenção de informações sigilosas. Entre os envolvidos, somente
Greenwald não foi acusado pelo crime de lavagem de dinheiro.
(Com
informações da Agência Brasil)
Terça-feira,
21 de janeiro, 2020 ás 18:00
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