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"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

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sábado, 23 de maio de 2020

O IMPERADOR FAZ OPOSIÇÃO A SI MESMO E ESTÁ ARRASANDO SEU PRÓPRIO GOVERNO



A exibição do vídeo editado focalizando a reunião ministerial de 22 de abril, liberada pelo ministro Celso de Mello, relator do processo no Supremo, mostra a verdadeira face da administração que se iniciou como a redenção do país após o desmoronamento do governo Dilma Rousseff, que arrastou consigo a imagem do Partido dos Trabalhadores envolvido numa onda inédita em matéria de corrupção.

Agora assiste-se com perplexidade ao comportamento presidencial na célebre reunião de 22 de abril. A exibição do vídeo destina-se a ser incorporada ao processo que coloca o ex-ministro Sérgio Moro como o principal adversário de Jair Bolsonaro.

Partes referentes a países foram suprimidas na exibição. Também algumas partes relativas ao Supremo Tribunal Federal foram extirpadas e outras mantidas na gravação.

A gravação da reunião ministerial acentuou a fase deplorável em que se encontra a política brasileira. Jamais poder-se-ia considerar o nível revelado pelos próprios atores a começar pelo presidente Bolsonaro e a prosseguir ladeira abaixo pelo ministro da Educação. Este ofendeu a corte Suprema, seus integrantes e colocou na pauta o fechamento do próprio STF.

Não é preciso dizer mais nada a respeito da gravação que para avaliá-la e julgar seus personagens basta acompanhar as imagens da demolição.

O ministro da Economia quer barrar acesso ao fundo de apoio a estados e municípios se eles não pagarem dívidas que assumiram com bancos privados e não agirem junto aos parlamentares no sentido de evitar a derrubada do provável veto do presidente da República aos dispositivos que preveem reajuste salarial dos funcionários públicos.

Paulo Guedes argumenta com base no fato de liberar 60 bilhões de reais a estados e municípios. Na minha opinião o adicional de 60 bilhões de reais, como o anunciado pelo Ministério, não existe. São recursos já consignados no orçamento de 2020 e não uma parcela adicional proporcionada por esse fundo.

Claro, pois se os 60 bilhões fossem gerados agora. teria de ser ampliado o orçamento da União cujo teto é de 3,6 trilhões de reais. Não existe débito sem crédito e vice-versa. Portanto, o que está por trás do anúncio é uma troca de rubricas totalizando o montante ilusório para efeito político.

Na edição desta sexta-feira da Folha de São Paulo, matéria de Bruna Narcizo destaca a reação de empresários contra a ideia proposta pelo presidente Bolsonaro no sentido de que as empresas devem pressionar governadores para garantir o congelamento salarial até dezembro de 2021.

Os empresários Horácio Lafer Piva, da Klabin, João Guilherme Sabino, um dos principais acionistas da usina São Martinho, Luiza Helena, do Magazine Luiza, entre outros, reagiram negativamente à ideia. Colocaram a seguinte questão: empresários não têm de pressionar governadores. Seria um caso muito estranho.

O general Augusto Heleno, Chefe do Gabinete da Segurança Institucional, segundo a Folha de S. Paulo, afirmou que os militares não vão dar golpe contra a democracia no país.

Negou qualquer intervenção militar no sentido de implantar nova ditadura no país. Com essas declarações Augusto Heleno propôs-se a desarmar os boatos que andam circulando em Brasília. Tudo bem. Mas o general, no final da tarde momentos, antes da liberação do vídeo irritou-se com um despacho formal que o ministro Celso de Melo encaminhando à Procuradoria Geral da República ação judicial que prevê a busca e apreensão do celular do presidente da República e também os telefones de seus filhos. A notícia explodiu com intensidade, mas passou a ser desconsiderada após uma análise da jornalista Natuza Nery na Globonews. A proposta não foi de Celso de Melo e sim de autores da respectiva ação.

Veja o vídeo da reunião ministerial:



*Tribuna da Internet

Sexta-feira, 22 de maio, 2020 ás 10:00


sexta-feira, 22 de maio de 2020

OPERAÇÃO CLOROQUINA


O Messias tem de ser preso pelo exercício ilegal da medicina: charlatanismo. Ele insiste em induzir a população à eficácia do medicamento cloroquina no combate à Covid-19. Antes essa substância fosse completamente inócua. Mas não é. Desenvolvida para o tratamento da malária, artrite reumatoide e lúpus, no caso do novo coronavírus o remédio pode causar danos irreversíveis – entre eles, a morte. É, assim, inadmissível a sua prescrição, como atestam estudos e conclusões dos principais pesquisadores da comunidade científica mundial.

Além da cloroquina e de sua versão mais branda, a hidroxicloroquina, não apresentarem a menor comprovação científica contra o coronavírus, esse medicamento que Jair Bolsonaro e o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, querem empurrar garganta abaixo dos brasileiros, tem efeitos colaterais perigosíssimos. São eles: convulsão, confusão mental, taquicardia, comprometimento hepático, arritmia, parada cardíaca, lesão muscular, vaso dilatação, hipotensão, manifestações na pele, visão dupla, cegueira e embranquecimento capilar. E morte. A lista parece não ter fim e cada um dos malefícios citados são comprovados por médicos, pesquisadores e cientistas. Claro que Bolsonaro acha que sabe muito mais que todos eles juntos. Quanto a Pazuello, como general ele é um excelente recruta: obedece cegamente às ordens do capitão.


Jogando no lixo toda e qualquer contraindicação, a dupla capitão-recruta assinou na quarta-feira 20 um falso protocolo (eles chamam de protocolo), no qual recomendam o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, em duas tomadas de 400 mg ao dia, para pessoas que estiverem no estágio inicial da infecção. Por que o protocolo não pode levar esse nome? Simplesmente porque não tem assinatura de nenhum responsável da área médica do ministério (denunciado isso, soltaram uma segunda edição assinada). Acredite se quiser, mas o texto que recomenda tal substância é apócrifo. Para sorte dos brasileiros, legalmente nenhum médico é obrigado a seguir a dupla charlatã — e, caso o profissional da saúde queira prescrevê-lo, é imprescindível a anuência do paciente. O equivocado “protocolo” chegaria a ser ridículo não fosse um perigoso caminho para o falecimento por arritmia cardíaca — de seu trecho final consta que não há comprovação científica. Ele próprio se anula. Como já se disse, Bolsonaro tem de ser preso. E com uma agravante do tamanho de sua perversidade: segundo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro chegou a pedir que fosse alterada a bula (alteração de bula!!!) Da medicação no Brasil, introduzindo que poderia ser indicada à Covid-19.

A ciência, diferentemente de Bolsonaro, é séria. E não lida com achismos. Estudos das universidades americanas da Carolina do Sul e da Virgínia, dois templos mundiais de pesquisas, comprovaram um aumento considerável na letalidade de infectados que trataram a doença com cloroquina ou hidroxicloroquina: 27,8% dos 368 pacientes avaliados, internados em 170 hospitais, morreram após tomarem tais remédios. Já aqueles que o combinaram com antibióticos, a percentagem de letalidade foi de 22,1 %. O índice de óbitos entre enfermos que não fizeram esse tratamento é muito mais baixo: 11,4%. De acordo com a Universidade de Álvaro, em Coimbra, uma das mais conceituadas do planeta, a mortalidade daqueles que usaram cloroquina no tratamento do coronavírus foi 3,6% maior se cotejada com o número de falecimentos entre os que não se valeram do medicamento. Ou seja, uma pessoa infectada, mas que o coronavírus não apresentava risco algum, pode ocupar os leitos hospitalares após o uso indevido da cloroquina e do hidroxicloroquina. Pode morrer! A Universidade de Columbia, excelência no campo da pesquisa científica, também comprovou o aumento de casos de parada cardíaca nos pacientes.

E as tradicionais universidades de Harvard e Oxford vão na mesma linha de conclusões. Seja em sua versão mais concentrada (cloroquina) ou menos saturada (hidroxicloroquina), a sua indevida utilização prolonga a chamada “ativação do sistema elétrico do corpo humano”, responsável por nos manter de pé. E vivos. Quando essas “fases elétricas” que ativam o coração são prolongadas ocorre um alto risco de arritmia e parada cardíaca. “A ampliação da prescrição vai matar mais gente em casa”, alertou Mandetta. Unidas, as sociedades brasileiras de Infectologia, de Medicina Intensiva e de Pneumologia, redigiram um manifesto: “a indicação vai na contramão de todos os estudos da comunidade científica”. Mais de quatrocentas entidades criticam o presidente.

“Ciência e política: duas vocações”, de autoria de Max Weber, um dos fundadores da Sociologia, é uma obra que Bolsonaro poderia tentar ler, embora seja provável que ele não conseguiria entendê-la em uma palavra sequer. Por que? Porque burrice e más intenções, esse sim, são uma única profissão na cabeça do presidente. Vale frisar, aqui, que alguém que tenta criminosamente alterar a bula de uma medicação, como afirmou Mandetta a respeito do mandatário, é criminoso. Tal qual a cloroquina, Bolsonaro é contraindicado à vida! 

*IstoÉ

Sexta-feira, 22 de maio, 2020 ás 10:00

quinta-feira, 21 de maio de 2020

ELE OMITIU DA AGENDA ENCONTRO COM DELEGADO QUE CHEFIARIA PF DO RIO


O presidente omitiu de sua agenda oficial o encontro que teve com o delegado da Polícia Federal Carlos Henrique Oliveira de Sousa, que na época havia sido escolhido pela PF para comandar a Superintendência do Rio de Janeiro. Esse encontro foi revelado pelo próprio Carlos Henrique em depoimento prestado ontem, mas não consta em nenhum dia da agenda presidencial do segundo semestre de 2019, segundo levantamento feito pelo Globo.

No depoimento, Carlos Henrique narra ter sido levado ao Palácio do Planalto pelo delegado Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para conhecer Bolsonaro. Ramagem era o nome escolhido pelo presidente para comandar a PF em substituição ao diretor-geral Maurício Valeixo, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes vetou essa nomeação, por entender haver “desvio de finalidade”.

No segundo semestre, a agenda de Bolsonaro registra dez reuniões com a presença de Ramagem, mas nenhuma delas com a presença de Carlos Henrique. Desses encontros, três deles foram a sós entre Ramagem e Bolsonaro. Não há registro de qualquer agenda de Carlos Henrique Oliveira com o presidente.

As  interferências indevidas do presidente Bolsonaro na PF do Rio de Janeiro são alvo de um inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal, que apura se o presidente tinha interesse em interferir em investigações em andamento contra familiares e aliados. O delegado Carlos Henrique Oliveira, que hoje ocupa o cargo número dois na hierarquia da PF, foi ouvido duas vezes nessa investigação.

Segundo fontes da PF, na época do encontro, Carlos Henrique Oliveira havia sido anunciado pela corporação como o novo superintendente do Rio, mas a sua nomeação no Diário Oficial estava travada por uma resistência de Bolsonaro. Isso porque, em agosto do ano passado, o presidente tentou indicar um nome sua confiança para o cargo, mas houve resistência interna da PF. A corporação não quis nomear o indicado por Bolsonaro e escolheu Carlos Henrique para chefiar a PF do Rio.

Em 15 de agosto, a PF soltou uma nota anunciando o seu nome para o cargo, mas a nomeação demorou meses para sair no Diário Oficial.

Entre outubro e novembro, ainda sem sua nomeação definida, Carlos Henrique foi levado por Ramagem para o encontro com Bolsonaro. Segundo interlocutores, Ramagem viabilizou o encontro para que Bolsonaro conhecesse o futuro superintendente da PF do Rio e, com isso, diminuísse a resistência com a indicação de seu nome. De acordo com fontes da PF, o então ministro da Justiça Sergio Moro só foi informado do encontro depois que ele ocorreu.

A agenda presidencial registra encontros a sós entre Ramagem e Bolsonaro em 2 e 7 de novembro. Esse período coincide com o relato feito por Carlos Henrique, de que esteve em Brasília próximo ao final do curso de formação de policiais federais quando foi levado ao Planalto por Ramagem. A cerimônia de encerramento desse curso foi em 8 de novembro.

Pouco tempo após o encontro, a nomeação de Carlos Henrique foi destravada. O decreto de nomeação foi publicado no Diário Oficial da União em 21 de novembro.

A reportagem questionou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto na noite de ontem sobre a omissão ao encontro com Carlos Henrique, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.

Em seu primeiro depoimento, Carlos Henrique havia omitido sua relação com Ramagem. Por isso, ele pediu aos investigadores para ser ouvido novamente. Neste segundo depoimento, o delegado revelou que foi levado ao encontro com Bolsonaro por Ramagem.

 “Havia um convite prévio do delegado Alexandre Ramagem para que o depoente comparecesse numa audiência com o presidente Jair Bolsonaro”, relatou no seu depoimento. Segundo Carlos Henrique, o então ministro da Justiça Sergio Moro e o então diretor-geral da PF Maurício Valeixo foram informados do convite e autorizaram o encontro, mas não participaram da reunião.

“A reunião ocorreu no Palácio do Planalto, tendo participado apenas o depoente, o delegado Alexandre Ramagem e o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.

Segundo seu relato, Bolsonaro contou sobre sua trajetória política, mas não falou sobre investigações em andamento na Superintendência do Rio.

*O Globo

Quinta-feira, 21 de maio, 2020 ás 07:10