O
INSS deu início a um pente-fino nas concessões de empréstimos a
recém-aposentados para combater o vazamento de dados de segurados para bancos e
outras instituições financeiras.
Segurados
que pedem aposentadorias e pensões têm recebido ofertas de empréstimo antes
mesmo de serem comunicados pelo órgão de que os benefícios solicitados foram
concedidos.
O
presidente do INSS, Renato Rodrigues Vieira, admitiu que há “inegável fuga de
informações” e o “aproveitamento indevido” de dados de segurados por empresas
do ramo de crédito.
A
investigação, iniciada há cerca de um mês, busca identificar se os vazamentos
ocorrem nas três etapas que envolvem as concessões de benefícios
previdenciários: o tráfego de dados nos sistemas da Dataprev (empresa de
tecnologia da Previdência), nas análises dos requerimentos realizadas por
servidores do órgão ou no processamento dos pagamentos por meio da rede
bancária.
“Não
podemos desconsiderar qualquer momento em que pode ocorrer fuga de informações,
pois isso tornaria a nossa apuração precária”, disse Vieira. “No momento, temos
a certeza de que as fugas de dados acontecem e há acesso a aposentados que nem
sequer foram comunicados [da concessão do benefício]”, afirmou.
Dados
de segurados ou beneficiários do INSS devem ser mantidos em sigilo e, em nenhuma
hipótese, podem ser fornecidos a terceiros. Mas a reportagem já flagrou o
comércio de cadastros com nomes de aposentados e pensionistas nas ruas da
capital paulista e na internet.
Em
fevereiro deste ano, uma página de compra e venda de produtos oferecia esse
tipo de cadastro, sendo que o vendedor disponibilizava o seu número de telefone
para combinar o preço.
Em
abril de 2015, o Agora denunciou a venda de CDs com milhares de dados de
aposentados nas proximidades do viaduto Santa Ifigênia, região central da
capital paulista, a poucos metros da sede da Superintendência do INSS em São
Paulo.
Além
do vazamento de dados de segurados, o presidente do INSS afirmou que o órgão
também promove a revisão de outros pontos considerados críticos em seu fluxo de
informações, que são a prova de vida dos beneficiários (recadastramento de
senha) e os contratos de prestação de serviço.
ALTA
DO CRÉDITO
Os
empréstimos consignados, que têm as parcelas descontadas diretamente dos
salários de aposentados, têm crescido entre aposentados e pensionistas do INSS.
Em
2018, essa modalidade de crédito foi concedida 16,2 milhões de vezes a
beneficiários da Previdência. O número é 6,1% superior aos 15,3 milhões de
consignados registrados em 2017, segundo dados do INSS.
Quando
considerado o valor total emprestado aos segurados, o crescimento é maior: o
total acumulado em fevereiro deste ano é de R$ 129,3 bilhões, número 11%
superior aos R$ 116,6 bilhões acumulados até o mesmo mês do ano passado, de
acordo com dados do Banco Central.
Para
reduzir o assédio de instituições financeiras a novos beneficiários, o INSS
bloqueou a concessão desses empréstimos nos primeiros 90 dias após a concessão.
A
Febraban informou que “os bancos trabalham com critérios rígidos de
confidencialidade de dados”. (FolhaPress)
Domingo,
07 de abril, 2019 ás 15:00
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