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terça-feira, 13 de agosto de 2019

Esquerda parece não perceber que as ruas aplaudem e aprovam Sergio Moro



O ministro da Justiça, Sergio Moro, é visto de uma maneira pelo povão e de outra pelos ideologizados de direita (puramente heroico) e de esquerda (mal-intencionado, praticamente criminoso). Uma curiosidade: entre pessoas mais pobres e de classe média — e não se está divulgando pesquisas, mas vulgarizando resultado de conversas esparsas com pessoas nas ruas e no comércio —, ainda é visto como o juiz de Curitiba que pôs a “cambada de ladrões” (a palavra “corruptos” é menos mencionada) na cadeia. A prisão do ex-presidente Lula é vista como um “trunfo” e um indicativo de que o Brasil pode funcionar, pois é uma prova de que a impunidade, embora não tenha acabado, está diminuindo.

Quanto ao fato de Sergio Moro supostamente ter combinado táticas e estratégias com procuradores do Ministério Público Federal para “fisgar” corruptos — como se fosse orientador de uma espécie de força-tarefa justiceira, as pessoas, desde que não ideologizadas à esquerda e à direita, têm o mesmo sentimento: se é para prender larápios, aqueles que dilapidam o Erário, então tudo é lícito. Elas dizem que os poderosos usam as leis para se protegerem, procrastinando inquéritos e processos e, no final, se livram das penas. Então, se alguém trabalha para pôr empresários e políticos venais na cadeia, agindo legal ou ilegalmente, está legitimado. É assim que pensa parte dos brasileiros — talvez a maioria.

Para “capturar” corruptos, os que roubam o país há décadas, “vale tudo”. Eis o pensamento dominante. Por isso, apesar do bombardeio da imprensa, que divulga com estardalhaço mensagens trocadas entre Sergio Moro e procuradores federais, como Deltan Dallagnol, a popularidade do ministro permanece alta e intocável. Insistindo, é visto como o indivíduo que, atuando contra o establishment, teve coragem e competência para condenar ladravazes do Erário — e das esperanças da sociedade — e “enviá-los” para a cadeia. “Legalidade”, ante isto, é visto como “filigrana”. A ideia de Estado de Direito, na opinião de muitos brasileiros, é vista não como uma maneira de proteger todos, e sim como um modo de salvaguardar os direitos dos que têm dinheiro e poder.
Hoje, se a disputa eleitoral fosse entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro, é provável que o ex-juiz teria um páreo muito mais duro do que Fernando Haddad para o presidente. Fica-se com a impressão de que, tendo percebido isto, Bolsonaro defende seu ministro, o apoia em várias coisas, mas não em tudo. Porque sabe que, na política, o adversário mora às vezes ao lado, na mesma “casa”, não a quilômetros de distância.

Uma palavra sobre a esquerda. Não há dúvida de que a esquerda tem intelectuais sofisticados, para além dos militantes que só repetem frases de efeito e bordões. Mas, quando se comportam meramente como militantes, intelectuais começam a perder a capacidade de distinguir o que é real e o que é desejo. Os que são petistas tratam Sergio Moro como “criminoso”, como se tivesse cometido crimes como os dos investigados e penalizados pela Operação Lava Jato. Pensam, por certo, que influenciam a sociedade, sobretudo aqueles que teoricamente não têm opinião formada a respeito da questão. Pois, por aquilo que se ouve nas ruas, as pessoas têm noção de que possíveis atos ilegais (ou ilegítimos) cometidos por Sergio Moro e Deltan Dallagnol foram necessários para pôr corruptos na cadeia. Então, quando combate Sergio Moro, tentando gerar uma equivalência entre suas ações punitivas e as ações dos corruptos — sugerindo que estes são vítimas —, a esquerda (a imprensa às vezes parece seguir pelo mesmo sendeiro) se coloca, na prática, contra a maioria da sociedade patropi.

Quando questionadas no apoio a Sergio Moro, que pode ter “abusado” da lei, as pessoas sugerem que as coisas devem ser vistas com gradação: não há como combater poderosos — incrustados na máquina do Estado ou no mercado há décadas — atuando 100% dentro das regras legais. O ex-juiz Sergio Moro é visto como realista e dotado de bom senso. Aqueles que o combatem são percebidos como mal-intencionados. A percepção coletiva sugere que o ministro da Justiça, quando atuou como magistrado, não deve ser criticado? Não. O que se mostra, acima, é como a sociedade percebe sua ação. (Com o Jornal Opção)

Terça-feira, 13 de agosto, 2019 ás 12:00


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