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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

GREVES: QUANDO TODOS PERDEM


Freqüentemente os meios de comunicação relatam notícias sobre greves, geralmente de servidores públicos. E quem mais perde e sofre com isso (às vezes muito) é, sem dúvida nenhuma, a sociedade (o cidadão em geral). Mas os grevistas também perdem. Mesmo que tenham suas reivindicações atendidas – o que nem sempre acontece - os grevistas desperdiçam muito tempo, às vezes meses, e depois precisam correr atrás do tempo perdido - muitas vezes comprometendo fins-de-semana e férias.
 
As greves sempre trazem muitos transtornos para todos, mas são consideradas como um "mal necessário" - uma forma dos trabalhadores conseguirem benefícios e melhores salários. Não vejo a coisa desta forma.
Para mim as greves são sintomas de uma sociedade caótica e/ou injusta; que precisa de mecanismos de confronto e jogo de forças para definir o que é 'justo' e quem pode mais. Isso não tem nada a ver com salários dignos, nem com merecimento de classe... Para mim as greves são formas quase tão estúpidas quanto as guerras e revoluções sangrentas para se resolver conflitos de interesse; e bastaria que houvessem alguns mecanismos sociais, muito mais inteligentes e eficientes, para resolver as questões trabalhistas sem que houvesse a necessidade de greve nenhuma.
 
O primeiro mecanismo social proposto para se evitar distorções e salários defasados seria a criação de uma tabela referencial de salários; que considere a qualificação técnica necessária para todas as classes e/ou categorias - inclusive para a classe política (lembrando que numa sociedade
justa nenhum salário mensal fixo deve ultrapassar vinte vezes o menor salário e que para serviços semelhantes devem haver salários semelhantes).
Esta tabela, a ser discutida pela sociedade e seus representantes de classe,
deve estar vinculada ao salário-mínimo local (proporcional) - do tipo: um salário técnico equivale a dois salários-mínimos, e etc.
Isso faria com que o aumento do salário-mínimo atinja a todos na mesma proporção e não a apenas uma categoria em especial.
Na verdade os aumentos de salário só se justificam quando há aumentos de preços (inflação) ou quando há merecimento por aumento de produção e maior lucro; ou, ainda, para corrigir distorções...

A tabela proposta seria apenas uma das referências, mas não a única para definir o salário de cada classe trabalhadora. Além do salário-mínimo da sua categoria, o trabalhador também deveria receber uma quantia extra pela sua produção - isso pode ser incluído na divisão dos lucros das empresas, por exemplo.
Outros fatores também podem aumentar um salário básico, como: periculosidade, insalubridade, horários especiais, horas extras, desgaste físico e mental, desconforto, etc.
 
O importante é que se tenha um referencial para se definir se um salário está abaixo ou acima da média de sua categoria, além das diferenças (justas ou absurdas) entre os salários de cada categoria; e isso deve ser suficiente para que se utilize o próximo mecanismo proposto para evitar greves: o julgamento do mérito a ser discutido.
Por exemplo: uma categoria não está satisfeita com os salários ou com alguma condição de trabalho; então, ao invés de fazer greve, esta categoria faz uma reivindicação junto à Justiça do Trabalho; e a questão passará a ser resolvida ali - sem nenhuma necessidade de greve; sem nenhum impasse; sem nenhum transtorno para a sociedade e com uma decisão muito mais justa. Caso não seja justa, isso ficará muito claro e deve caber recursos sob pena de haver até uma situação de desobediência civil - como já acontece nas greves...
 
Resumindo: bastaria que estes mecanismos existissem e fossem utilizados para que nunca mais as greves viessem a ameaçar o bom andamento da sociedade e a vida dos cidadãos.
 
Uma sociedade onde há a necessidade de greves é uma sociedade injusta e caótica.
Numa sociedade inteligente, e justa, não há nenhuma razão para haver greves.

Celso Afonso Brum Sagastume

Quarta Feira,12/10/2011 ás 18h:05

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