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"O maior inimigo da autoridade é o desprezo e a maneira mais segura de solapá-la é o riso." (Hannah Arendt 1906-1975)

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A TURMA DO BALDE DE ÁGUA FRIA




Somente gato escaldado tem medo de água fria?

Nada tem mais capacidade de arrefecer uma discussão acalorada, um movimento popular reivindicatório, ou qualquer tipo de manifestação, que um balde de água fria. Aliás, esta técnica ainda é literalmente empregada, em algumas situações, quando a polícia utiliza jatos de água fortíssimos para dispersar a multidão que resolveu protestar contra alguma irregularidade ou escândalo com o dinheiro público. Mas o sentido figurado, longe de significar um banho gelado, materializa-se quando alguma autoridade ignora a lei e decide contra a população.

O Brasil da pós-Ditadura Militar está se tornando um especialista em dar banho de água fria na sociedade, através de atitudes dos responsáveis pelas instituições que deveriam zelar pelos valores éticos, morais, além de assumir a missão de serem os guardiões da lei. Basta ver o que fazem a alta corte da Justiça, quando algum figurão é pego pelas operações da Polícia Federal. Rapidamente algum ministro do STF ou STJ, dependendo da competência para decidir, socorre o privilegiado jogando um indesejável balde de água fria na cabeça do cidadão comum.

Sabe-se que a mídia tem lá as suas posições tendenciosas, mas nem por isso podemos ignorar o que ela mostra sobre os deslizes das autoridades. Só que o poder dos que gostam de rasgar a lei é tão marcante que a tal liberdade de expressão torna-se utopia. Quem não lembra que a Justiça proibiu um grande jornal de São Paulo veicular noticias sobre a família Sarney? Isso depois que uma operação descobriu inúmeros escândalos sobre o filho do presidente do Senado Federal, o empresário Fernando Sarney.
Por que o grupo não procurou seus direitos?
A libertação de Roger Abdelmassih, pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, o médico acusado de abusar das pacientes que se submetiam a fertilização artificial, é o exemplo de uma piscina de água congelada.
Como aceitar isso? Aos 66 anos, foi condenado a 278 anos de prisão, pela juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, por praticar 56 estupros na sua clínica. Renovou o passaporte, fugiu para o Líbano, onde vive livre, sem chance de retorno porque não existe tratado de extradição entre os países.

Como fica a credibilidade, com relação à Justiça, das pessoas lesadas moralmente e psicologicamente por esse monstro? Por que tanta generosidade com alguém de tão desprezível essência humana? O que impediu alguém de moral de questionar a decisão de Gilmar Mendes? São por esse e por outros exemplos que poucos acreditam na Justiça deste país.
Se a própria instituição responsável por zelar pela lei sempre joga um balde de água fria nos casos de infratores que deveriam ser punidos... Onde o cidadão vai procurar os seus direitos violados?
Mas a sociedade mostrou que pode devolver o balde de água fria costumeiramente aplicado pelos governantes. O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu no último domingo (25/09/11) o dinheiro gasto inutilmente na compra de ambulâncias para a Saúde Pública no país, já que a maioria não funcionou desde que adquiridas e entregues às prefeituras.
Para que aumentar impostos para o setor se a verba é mal utilizada? Além desse descaso, o que mais chamou a atenção foram as condições que as poucas ambulâncias trabalham - uma vergonha!
Infelizmente os descasos, os escândalos e a falta de atuação dos órgãos que deveriam defender os direitos do cidadão, não são capazes de mobilizar o povo para protestar publicamente.
Recuamos impotentes diante do balde de água fria? Ainda bem que o mesmo programa que mostrou a inutilidade das nossas ambulâncias, exibiu imagens dos estudantes chilenos exigindo mais investimentos no ensino público do país. Isso não estimula os nossos estudantes a lutar por seus direitos? Adianta esperar por quem nunca vai ajudar? Então...


(J R Ichihara)
Segunda – feira 03/10/2011 ás 7h:05

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