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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO


Chegou o dia da jovem Danila Dands gravar seu tão sonhado CD, “a voz da liberdade” , em (13/10).  Ela  solta a voz para dizer: CRACK TÔ FORA!”.

Danila tem 25 anos e cumpre pena há cinco anos no Presídio Feminino do Distrito Federal, (Colméia). A história de vida de Danila é intrigante. Ela nasceu dentro do presídio, quando sua mãe cumpria pena por tráfico de drogas. Aos seis meses de vida ela deixou o presídio para viver com sua avó materna, em uma cidade do interior de Goiás.

Danila recebeu da avó princípios cristãos e morais fortes, sobre os quais viveu até seus 11 anos, quando sua avó morreu. Diante da situação Danila retornou a Brasília para viver com sua mãe, que segundo ela, vivia em Ceilândia dentro de uma “boca de fumo”.

O cenário estava pronto, triste com a perda da avó, em um ambiente novo e desconhecido, envolto em cenas do submundo do crime, desabrochando para juventude, Danila foi tragada para o mundo que a levaria para trás das grades.

Viu no primeiro namorado a chance de ter aconchego, carinho e proteção, diante do medo, próprio de criança,  ao testemunhar, como ela mesma relata, assassinatos por acertos de contas e muitas maldades, praticadas pelos criminosos que a cercavam. O álcool foi o companheiro para anestesiar as dores da nova vida.

Aos 13 anos foi mãe de seu primeiro filho, e veio o segundo e  o terceiro e maus tratos do marido, que logo foi preso por tráfico de drogas. Ao visitar o marido na cadeia, veio o pedido para que ela levasse drogas para ele. Danila disse que pensou por muitos dias, mas decidiu fazer o que o marido havia pedido. Nervosa e trêmula, Danila foi presa em flagrante por porte de drogas em área de segurança. Começava aí uma sequência de tragédias na vida da moça. 

Dois anos em regime fechado, período em que Danila não recebeu uma visita sequer, nem de amigos, nem de familiares. Trancada e  longe dos filhos amargou a solidão da vida atrás das grades. “Minha companhia era a música, nunca parei de cantar”, conta Danila, que se separou do pai de seus três filhos por meio de uma carta que escreveu.

Veio a liberdade condicional. Danila tinha a chance de reescrever a sua história. Mas para onde ir? Ex-presidiária e sem emprego? A única alternativa era voltar para casa mãe lá, na “boca de fumo”.

Danila livre,  conheceu um homem, trabalhador e disposto a mudar a vida da jovem. Apaixonados faziam planos para o futuro. Mas, para Danila as coisas não parecem fáceis. Uma batida policial na casa da mãe e drogas por todo lado. “A droga era da minha mãe, mas tive pena dela, que já estava velha e não ia agüentar a prisão, então decidi assumir e disse que era tudo meu. Voltei para cadeia, dessa vez presa em flagrante por tráfico de drogas”, relata Danila.

Novamente atrás das grades, a jovem descobriu que estava grávida. O  pai da criança que era funcionário da Companhia Energética de Brasília (CEB),  passou a visitá-la, deu assistência e acompanhou a gravidez. Aos nove meses de gestação, com a expectativa da chegada do bebê, Danila passa por mais uma perda. O pai da criança prestes a nascer, morre eletrocutado, quando realizava serviços elétricos em via pública.

Desolada, 20 dias depois da tragédia, Danila deu à luz a um menino, que viveu com ela dentro do presídio até os seis meses de vida. “Sofri muito quando meu filho foi levado pela avó paterna dele, mas me enchi de forças e esperança de sair daqui, mudar de vida e poder criar meus filhos com dignidade”, disse.

Danila se apegou à música e cantava as letras que ela mesma compunha. Até que em agosto de 2011 foi descoberta pelo produtor musical Carioca, que decidiu dar uma oportunidade aquela moça de olhar triste, mas forte, que traz no peito o desejo de alçar novos vôos que a levem rumo à liberdade e ao sucesso.

É com a música “Crack tô fora”, que Danila grava seu primeiro CD e inicia uma campanha de enfrentamento a essa droga que cresce desenfreadamente por todo o Brasil. “Sei o que o crack faz na vida das pessoas, tenho companheiras de prisão que são dependentes da droga, uma delas teve filho na mesma época que eu e não tinha leite, amamentei o meu filho e o dela.

Tem mulheres aqui dentro que abrem mão de qualquer coisa por uma pedra de crack. Quero levar minha música e os relatos que ouvi aqui dentro, para alertar as pessoas aí fora, que qualquer um está sujeito a dar o primeiro passo rumo ao crack e na maioria das vezes é um passo sem volta. É uma droga que destrói famílias inteiras e agora está pegando as crianças, que trocam a infância pelo vício. É preciso parar o crack e isso é urgente”, explica.

O G1, portal de notícias da globo.com divulgou vídeo com música de Danila, que pode se tornar um hino da campanha de enfrentamento ao crack no Brasil. Veja o vídeo aqui.

Sexta – feira, 14/10/2011 ás 7h:05

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