Uma
combinação de negligência e omissão das autoridades leva ao desabamento de um
viaduto numa das principais vias de Brasília. Se nada for feito, o pior ainda
pode estar por vir: outras áreas da capital federal estão condenadas
A
queda de um viaduto na Galeria dos Estados, numa das áreas mais movimentadas de
Brasília, seguiu o roteiro perfeito de uma tragédia anunciada. Foram pelo menos
sete alertas de especialistas, desde 2009, sobre a necessidade de reparos
urgentes na estrutura do viaduto que cedeu na terça-feira (6/02). Um relatório
concluído em 2012 pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) apontou
os riscos da estrutura precária do viaduto. O alarme, no entanto, foi
sucessivamente ignorado pelas autoridades do DF. Nada foi feito. Infiltrações,
vibrações e rachaduras visíveis – tudo passou incólume pelo governo, como se
fossem problemas triviais incapazes de afetar alguém.
A tragédia só não foi maior por um capricho do
destino: apesar dos quatro carros esmagados, além de um restaurante atingido
pelo asfalto que cedeu, o desabamento não fez vítimas – os 20 minutos que
faltavam para o horário do almoço, em geral de pico, foram suficientes para
deixar completamente vazio o local destroçado, como se uma força superior
tivesse afastado os transeuntes com a mão. Um verdadeiro milagre.
O
inconcebível é viver numa capital condenada a ficar a mercê de milagres por
omissão e negligência do poder público, comandado por servidores públicos
sustentados com dinheiro público. A Defesa Civil não descarta novos
desabamentos, e por isso, o local foi completamente isolado. Parte do Eixão
Sul, principal via da cidade que liga as regiões norte e sul, ficará
interditado pelo menos até o próximo dia 19. Para tentar correr atrás do
prejuízo, que só não foi maior por obra e graça do acaso, os órgãos
responsáveis estão elaborando um plano emergencial para a recuperação da
estrutura danificada. “O DER, a Novacap e a Secretaria de Infraestrutura vão
atuar juntos. Vamos fazer um escoramento desse viaduto e uma análise criteriosa
da estrutura”, informou o diretor-geral do DER, Henrique Luduvice. Como em
casos dessa natureza, as autoridades correm atrás do próprio rabo, na vã
tentativa de remediar o desastre. (IstoE)
Segunda-feira,
12 de fevereiro, 2018 ás 11 hs00
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