No
primeiro mês após revisão em sua política de reajustes dos combustíveis, a
Petrobras mexeu no preço da gasolina apenas quatro vezes, média de um ajuste
por semana. Para especialistas, a empresa voltou a praticar valores abaixo do
custo de importação.
Foi
o maior período de estabilidade desde que a companhia autorizou reajustes
diários, em julho de 2017, como resultado da adoção, em 6 de setembro, de
instrumentos para suavizar o repasse da volatilidade externa ao consumidor.
De
julho de 2017 a agosto de 2018, a empresa fez em média quase 18 reajustes por
mês.
A
revisão na política de reajustes foi anunciada após escalada nos preços dos
combustíveis que culminou na paralisação dos caminhoneiros contra a alta do
diesel em maio.
Agora,
a Petrobras admite passar períodos com os preços descolados das cotações
internacionais. Para evitar prejuízos, disse em setembro, pode adotar
mecanismos de proteção financeira, como operações de compra e venda de títulos
no mercado futuro.
Durante
os últimos 30 dias, foram duas altas –que levaram o preço da gasolina nas
refinarias ao recorde desde a adoção dos reajustes mensais, de R$ 2,2514 por
litro– e duas reduções. No período, a gasolina vendida pela estatal teve alta
de 0,4%.
Cálculos
feitos por especialistas mostram que a Petrobras está vendendo o combustível
com preço abaixo da chamada paridade de importação, conceito que inclui os
custos de aquisição no exterior e transporte para o Brasil.
7,5% abaixo do importado
Segundo
Walter Vitto, da Tendências Consultoria, o preço médio praticado pela estatal
no período, de R$ 2,23 por litro, ficou 7,5% abaixo dos R$ 2,40 por litro que
custariam o produto importado.
De
acordo com projeções do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), o preço
interno esteve acima da paridade de importação por apenas quatro dias entre 6
de setembro e 1º de outubro –mais recente dado disponível da consultoria.
“Podemos
dizer que reduziu efetivamente a volatilidade para o consumidor”, comentou
Vitto. “Mas, em termos de ganhos e perdas [para a Petrobras], precisamos
esperar um pouco mais. Um mês é um prazo muito curto para avaliar uma
política.”
A
possibilidade de praticar preços abaixo do mercado internacional era rechaçada
pelo ex-presidente da estatal Pedro Parente, que pediu demissão em meio à
pressão contra a empresa gerada pela paralisação dos caminhoneiros.
Ele
foi substituído pelo diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro, defensor
da mesma política de preços.
A
gestão atual nega que tenha havido mudança nessa política e diz que os
mecanismos de proteção financeira compensam eventuais perdas com a estabilidade
dos preços.
A
Petrobras não quis comentar a evolução dos preços no último mês.
A
mudança nos reajustes foi adotada depois de escalada que levou o preço da
gasolina nas bombas aos maiores níveis em mais de dez anos.
Na
última semana, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis), o litro da gasolina era vendido nos postos a R$ 4,69, em
média, no país. Nesta sexta (5), a proposta da ANP (Agência Nacional do
Petróleo, Gás e Biocombustíveis) para obrigar produtores e importadores de
gasolina a abrir suas fórmulas de preços sofreu revés do próprio governo.
Com
apoio do Ministério do Planejamento, o presidente Temer vetou dois artigos que
tratavam sobre o tema na medida provisória 838, da subvenção ao preço do
diesel.
A
ANP abriu tomada de contribuições para analisar a viabilidade de obrigar as
empresas a abrir suas fórmulas de preços por ponto de entrega.
A
agência argumenta que a transparência é necessária em um mercado monopolista.
Em
despacho no Diário Oficial, Temer diz que a abertura das fórmulas contraria os
conceitos de livre iniciativa e livre concorrência previstos na Constituição.
(FolhaPress)
Sábado,
06 de outubro, 2018 ás 10:00
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