Com o objetivo de manter a agenda
de votações no Congresso, o presidente Michel Temer passou o fim de semana em
reuniões e telefonemas com aliados para tentar conter a saída de parlamentares
da base que ameaçam abandonar o governo após a divulgação da delação da JBS.
Neste domingo, 21, em reunião no Palácio da Alvorada com deputados, senadores e
ministros, o presidente disse que “vai ficar até o fim” e “não vai ceder às
pressões”.
Para assegurar a estratégia do
governo, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), marcaram uma agenda extensa de votações e vão trabalhar
para que a pauta das reformas, principalmente a trabalhista e a da Previdência,
seja retomada.
No encontro informal no Alvorada,
na noite deste domingo, 21, Temer fez um apelo para que a agenda do Legislativo
não fique parada. Participaram da reunião 23 deputados, seis senadores – entre
eles Maia e Eunício –, além de 17 dos 28 ministros. Ao final, os aliados saíram
com discurso afinado, dizendo que o resultado foi “positivo”. “O encontro foi
uma grande pajelança com muita representatividade”, disse dos presentes ao
dizer que o presidente estava “muito firme”.
Mais cedo, o governo convidou
líderes de partidos e aliados para um jantar no Alvorada para demonstrar apoio
a Temer, mas acabou cancelado pelo risco de baixa adesão. No entanto, com a
mobilização do dia, se transformou no encontro informal com alto quórum.
Com a investida de Temer sobre a
base, o Planalto conseguiu, por exemplo, segurar o ministro de Minas e Energia,
Fernando Coelho Filho, do PSB, mesmo com a decisão do partido de migrar para a
oposição.
Congresso
Apesar de parte do governo
defender a tentativa de manter a votação da reforma trabalhista nesta
terça-feira, 23, como forma de testar a base, há quem ache a medida
“arriscada”, já que até mesmo o relator da matéria no Senado, Ricardo Ferraço
(PSDB-ES), está indeciso. “Querem passar um clima de normalidade, mas não vejo
normalidade em nada. O que há é uma sociedade estarrecida com as notícias que
têm aparecido.”
Na Câmara, os deputados devem
tentar votar nesta semana projeto que regulariza benefícios fiscais concedidos
aos Estados, além de oito medidas provisórias (MPs) que estão próximas de
perderem a validade. No Senado, a principal pauta é a votação em segundo turno
da proposta que trata do fim do foro privilegiado. Segundo o líder da maioria
na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), o governo não pode “viver de
crise”. “Não vamos abrir a guarda. A pauta segue. Queremos solucionar a questão
política, mas sem perder o foco das reformas.”
Investida jurídica
O Planalto reconhece o clima
“desfavorável”, mesmo após ter adotado uma estratégia de desacreditar o delator
Joesley Batista e contestar a gravação da conversa usada como base para o
inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Temer também ficou decepcionado,
segundo interlocutores, com a iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), de apresentar um pedido de impeachment ao Congresso. (AE)
Segunda-feira, 22 de Maio, 2017
as 10hs40
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