O presidente Michel Temer disse
que foi vítima de uma "armadilha" montada em várias frentes, com o
aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), para desestabilizar o governo.
Em conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e também com o
presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), na noite de segunda-feira,
29, Temer pediu apoio do partido para a votação das reformas trabalhista e da
Previdência e disse não ter dúvidas de que provará sua inocência no Supremo
Tribunal Federal (STF).
"Eu não renuncio sob nenhuma
hipótese", repetiu o presidente aos tucanos, dando a entender que a
batalha pode ser longa, até mesmo na Justiça. No diálogo, Temer usou várias
vezes a palavra "armadilha" e disse que o deputado afastado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR) - flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil - acabou
caindo na "cilada" planejada pelos delatores da JBS.
Os ministros da Secretaria-Geral
da Presidência, Moreira Franco, e da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy,
também participaram do encontro, em um hotel da capital paulista.
Apesar da pressão das bases
tucanas e da bancada da sigla na Câmara dos Deputados pelo desembarque do PSDB
do governo, o apelo do presidente surtiu um resultado imediato favorável ao
Palácio do Planalto, que tenta emplacar a narrativa de que o pior já passou.
Durante o Fórum de Investimento
Brasil 2017, evento com empresários que ocorreu ontem no mesmo hotel da reunião
de cúpula, os principais quadros do partido aproveitaram as câmeras para fazer
discursos solidários a Temer.
O ministro das Relações
Exteriores, Aloysio Nunes, foi o mais enfático diante dos microfones. Ele
declarou em discurso que o governo está fazendo "profundas e
audaciosas" reformas. Temer foi chamado de "reformista" e Nunes
afirmou "ter certeza" de que o peemedebista entregará ao seu sucessor
em 1.º de janeiro de 2019 "um Brasil muito melhor".
Colega de Nunes na Esplanada dos
Ministérios, Imbassahy seguiu a mesma linha. "A posição (do PSDB)
permanece inalterada: é a posição que o Tasso havia anunciado de apoio ao
governo, às reformas e na expectativa de algo que possa melhorar a
situação" disse o ministro ao chegar para abertura do fórum.
Julgamento
Questionado sobre como ficaria a
situação se o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), marcado para começar no dia 6 de junho, resultar em
cassação de Temer, Imbassahy evitou opinar. "Aí, é especular."
Já Temer "garantiu" que
o Brasil vai chegar ao fim de 2018 "com a casa em ordem". Ao falar da
crise política atual, o peemedebista disse que vai ficar até o fim de seu
mandato, destacou que tem confiança no bom funcionamento das instituições e que
é preciso respeitar o que estabelece a Constituição.
Nos bastidores, porém, auxiliares
do presidente Temer não escondem o receio de uma delação de Rocha Loures e do
possível desembarque do PSDB. Não sem motivo: até agora, o PSDB mantém a
posição de "compasso de espera".
Otimismo
Moreira Franco, que esteve na
reunião com os tucanos anteontem, disse acreditar que o PSDB continua
"firme" no governo Temer. "Foi uma conversa boa e proveitosa,
capaz de garantir, a eles e nós, que as reformas passarão", disse ao
Estado.
O ministro-chefe da
Secretaria-Geral da Presidência definiu os assuntos ali tratados como
"caminhos para o futuro".
A portas fechadas, Temer afirmou
que o pedido de abertura de inquérito apresentado contra ele no Supremo pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está "cheio de falhas".
Ele contou aos aliados que, além de seu advogado Antônio Claudio Mariz de
Oliveira, vários juristas já analisaram o caso e emitiram a mesma opinião sobre
a debilidade das acusações de Janot.
Fernando Henrique observou,
porém, que o PSDB tem feito um monitoramento rigoroso da crise, com todas as
atenções voltadas para não deixar a economia degringolar. Ele não garantiu, no
entanto, apoio incondicional ao governo Temer. A próxima reunião da bancada
tucana será o termômetro da adesão ao Planalto. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Quarta-feira, 31 de Maio, 2017 as
10hs20
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