Pesquisa
do Datafolha mostra que o brasileiro está mais insatisfeito com a condução de
Jair Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus. Segundo o instituto, em
levantamento feito na segunda-feira, dia 25, e na terça-feira, dia 26, 50% dos
2.069 entrevistados consideram o manejo da crise pelo presidente ruim ou
péssimo – 5 pontos a mais do que em 27 de abril e 17 acima do registrado em 18
a 20 de março, na primeira aferição do tipo.
A
margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. A aprovação do desempenho
de Bolsonaro segue a tendência de estabilidade identificada na avaliação geral,
ficando nos mesmos 27% de um mês atrás. Já 22% o acham regular na crise.
A
piora na avaliação acompanha a turbulência instalada no governo, que perdeu há
quase duas semanas o segundo ministro da Saúde em meio à pandemia por não
concordar com as orientações de Bolsonaro, que critica o isolamento social e
defende a ampliação do uso da cloroquina contra a Covid-19.
Com
efeito, a pasta comandada interinamente pelo general Eduardo Pazzuelo viu
desabar sua aprovação popular. No começo da crise, era de 55%, subindo para 76%
no começo de abril, quando o ministro Luiz Henrique Mandetta comandava um foco
de resistência às políticas de Bolsonaro.
Após
a queda de Mandetta e a entrada de Nelson Teich, em 17 de abril, a aprovação
aferida dez dias depois pelo Datafolha voltara aos 55% iniciais. Agora, são 45%
de ótimo/bom, de todo modo bastante acima dos 27% do presidente.
Bolsonaro
é pior avaliado em regiões populosas, nas quais a presença do vírus e a disfunção
do cotidiano tendem a ser maiores. No Nordeste e no Sudeste, ele tem 52% de
rejeição à sua atuação. Os mais ricos (62% de ruim/péssimo entre quem ganha
mais de 10 salários mínimos) e instruídos (57%) são os mais insatisfeitos.
Os
governadores de estado, em sua maioria antípodas de Bolsonaro na disputa, como
João Doria (PSDB-SP), seguem melhor avaliados do que o chefe do Executivo.
Pressionados pelas quarentenas prolongadas, eles também registram perdas: de
54% de aprovação, oscilaram para 50%, menor índice nominal desde o começo da
pandemia.
Acham
seus governadores regulares no combate à Covid-19 24% e os insatisfeitos são
25%, um salto de 5 pontos ante a pesquisa anterior. Os chefes estaduais do Sul
seguem sendo os mais bem avaliados, com 68% de ótimo e bom, seguidos pelo bloco
empatado de Nordeste (53%), Norte/Centro-Oeste (52%) e Sudeste (50%).
A mais populosa região do país é a com maior
rejeição a seus governadores na crise, 31%, enquanto o Sul só registra 11% de
ruim e péssimo. Desta vez, o Datafolha apurou a percepção de responsabilidade
dos governantes pela disseminação do patógeno pelo país, que teve 419.340 casos
e 25.945 mortes até a tarde desta quinta (28).
Para
33%, Bolsonaro é muito responsável pela curva de infecção do Sars-Cov2. Outros
20% acham que ele é um pouco responsável, enquanto 45% o eximem de
responsabilidade.
Entre
os que mais acham que ele é responsável estão dois grupos que, durante 2019,
estiveram mais ao lado do presidente: os mais ricos (42%) e instruídos (43%).
Já os grupos que mais isentam Bolsonaro são os maiores de 60 anos (50% acham
que ele não tem responsabilidade) e as donas de casa (52%).
No
nível estadual, o quadro é mais róseo para os governadores. Acham vós
responsáveis 19%, ante 20% que veem um pouco de responsabilidade. Para 58%, não
há nada a debitar na conta dos governadores sobre o espraiamento do vírus. O
cruzamento dos dados de aprovação com o grau de adesão do entrevistado a
medidas para tentar mitigar a crise apontam para uma divisão em times no país:
os que estão com os governadores e os que estão com Bolsonaro.
A
aprovação do presidente é inversamente proporcional ao grau de adesão ao
isolamento social, indo de 42% de ótimo e bom entre quem diz viver normalmente
a 16% entre os totalmente ilhados em casa. No grupo mais preponderante (50% da
população), aqueles que só saem quando é indispensável, a taxa está em 26%.
Entre
aqueles que defendem a adoção do confinamento mais radical, o “lockdown”, só
15% acham Bolsonaro ótimo ou bom. Já o caminho é inverso quando o que está em
questão é a avaliação dos governadores. Sua aprovação cresce de 30% entre os
que não respeitam quarentenas para 52% entre os isolados, marcando 54% no grupo
dos que só saem quando é indispensável. Seguindo a mesma lógica, 58% dos que
aprovam o “lockdown” acham seus líderes nos estados bons ou ótimos na crise.
*Folha
online
Sexta-feira,
29 de maio, 2020 ás 10:00
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