O
presidente Michel Temer deve tirar a reforma ministerial do papel nas próximas
semanas. A informação é confirmada por fontes no Palácio do Planalto e por
parlamentares do chamado Centrão – o grupo pressiona para ganhar mais espaço no
governo. Temer já comunicou alguns de seus interlocutores no Congresso sobre a
intenção de redesenhar a distribuição de cargos de primeiro escalão nos
próximos 15 dias. Com as mudanças, o PSDB deve perder dois dos seus quatro
ministérios, enquanto PMDB e PP podem ganhar mais espaço.
A
antecipação da reforma foi revelada domingo (11/11) pela “Folha de S.Paulo”.
A reportagem apurou que a ideia inicial do presidente é reduzir o tamanho do
PSDB no governo pela metade. Dos quatro ministérios que detêm atualmente –
Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos -, os tucanos
continuariam com dois. Sob forte pressão do PTB e do PP, Temer deve tirar Bruno
Araújo (PE) do Ministério das Cidades e Luislinda Valois (BA) dos Direitos
Humanos.
Antonio
Imbassahy (BA) tende a perder a Secretaria de Governo, mas, como se tornou uma
figura próxima do presidente, pode ser deslocado para outra pasta. O tucano é
alvo de críticas de parlamentares e está desgastado na função por não atender
aos pleitos da base. Já Aloysio Nunes Ferreira (SP) deve continuar à frente do
Itamaraty.
Segundo
um integrante da base governista, o objetivo do Palácio do Planalto é tornar a
composição do governo proporcionalmente mais justa aos votos obtidos pelos
partidos em pleitos importantes. Nesse sentido, o PSDB é visto como uma legenda
que entrega menos do que outros partidos aliados ao governo. Os tucanos ficaram
divididos nas votações que avaliaram a admissibilidade das duas denúncias
penais contra Temer, por exemplo.
Com
essa reestruturação dos cargos, Temer estaria preparando terreno para dirimir a
insatisfação dos congressistas, visando a garantir apoio para uma possível
votação da reforma da Previdência. “É uma decisão difícil para o presidente em
função da lealdade de alguns tucanos. Mas essa decisão, pelo andar da
carruagem, é cada dia que passa mais inevitável”, afirmou o vice-líder do PMDB
na Câmara, deputado Carlos Marun (MS).
“Todos
os partidos que estiveram conosco nessas disputas devem ser aproveitados em
conformidade com o grau de sua lealdade. O índice de lealdade hoje passa pelo
PMDB, PP, PSC. Uns tiveram mais e outros tiveram menos. Os que tiveram maior
porcentual de lealdade devem ser mais valorizados”, afirmou o vice-líder.
Desgosto
Se
confirmar a promessa feita ao Centrão, Temer corre o risco de deixar desgostosa
a ala do PSDB que vota com o governo em um momento em que se articula a votação
da reforma da Previdência. Uma fonte ligada ao Centrão lembra, no entanto, que
o presidente não pode deixar de dar uma resposta ao PTB e PP, partidos que
estão “jogando duro” com ele.
Há
governistas que acham que vale a pena se livrar de parte do PSDB mesmo com o
risco de perder votos porque o Planalto poderá ser compensado com a fidelidade
do PP e do PTB. Assim, a aposta no Centrão é que o PP ficará com Cidades e o
PMDB retomará o controle da Saúde. A cobiça do Centrão em relação ao ministério
comandado por Bruno Araújo se deve ao poder de investimento da pasta e ao seu
potencial político.
Questionado
pela reportagem, o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, disse que
Temer “está avaliando” a possibilidade de fazer uma reforma ministerial e “vai
julgar o momento oportuno de tomar essas decisões”.
“O
timing, é o presidente que tem comando sobre isso. Ele está fazendo as
avaliações dele. É importante dizer que as decisões da convenção do PSDB são
decisões que dizem respeito ao PSDB. A composição do ministério e o tempo de
fazer isso são atribuições específicas do presidente”, afirmou o ministro.
Ele
negou que a decisão de tirar a reforma ministerial do papel esteja relacionada
com o avanço da discussão feita por tucanos para que o partido deixe a base
aliada. “A convenção é um problema do PSDB. A decisão do presidente vai estar
de acordo com os interesses do País e do governo. São coisas distintas”, disse.
As
novidades sobre uma possível reforma ministerial vêm à tona um dia depois de o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), aliado de Michel Temer, dizer que está chegando
a hora de seu partido desembarcar da base aliada. “Vamos sair do governo pela
porta da frente, da mesma forma que entramos”, disse o mineiro após criticar os
“cabeças pretas”, ala que faz oposição ao Palácio do Planalto. (AE)
Segunda-feira,
13 de novembro, 2017 ás 11hs00
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