O
presidente do PSDB, governador Geraldo Alckmin, já enfrenta resistências para
cumprir seu primeiro desafio político à frente do partido e, assim, obrigar
toda a bancada da Câmara a apoiar a reforma da Previdência, com discussão
marcada para esta semana e votação prevista na próxima semana. Parte dos
deputados rejeita uma eventual imposição da Executiva nacional da legenda e qualquer
possibilidade de punição caso votem contra as mudanças nas regras da
aposentadoria. A direção tucana ainda não decidiu sobre o tema.
O
governador de São Paulo, pré-candidato à Presidência da República em 2018,
surpreendeu até mesmo aliados ao defender essa proposta publicamente após a
convenção na qual foi eleito, anteontem, em Brasília. Seu gesto, associado aos
elogios à agenda de reformas e à política econômica do governo Michel Temer,
foi bem recebido pelo Palácio do Planalto e pode abrir uma janela de negociação
com o PMDB para a próxima eleição.
Segundo
o primeiro-vice-presidente do PSDB, também eleito anteontem, governador Marconi
Perillo (GO), o governo vai precisar liberar recursos por meio de emendas aos
parlamentares para conseguir aprovar a reforma.
Os
líderes do PSDB terão dificuldades, porém, para unificar a bancada em torno do
fechamento de questão – quando a bancada deve votar em bloco pelo apoio ou pela
rejeição de uma proposta, sob risco de punição, desde a advertência até a
expulsão. O Placar da Previdência, elaborado pelo Grupo Estado, mostra que dos
46 deputados federais do PSDB, apenas sete disseram que votarão a favor da
reforma – 12 são contrários à proposta, 11 estão indecisos e 16 não quiseram
responder.
“Fechar
questão é uma medida extrema. Isso ainda não foi discutido”, disse o deputado
federal Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara.
Em
avaliações reservadas na legenda, tucanos afirmam que o fechamento de questão,
caso seja aprovado pela Executiva nacional, terá apenas um valor simbólico, uma
vez que não haveria punição para quem descumprisse a ordem partidária. “Se for
para expulsar o deputado do partido, acho difícil fechar questão. Hoje não há
consenso na bancada”, afirmou o senador Tasso Jereissati (CE).
Com
a determinação, porém, os deputados dizem que ganhariam o argumento em suas
bases de que foram “obrigados” a seguir a orientação do PSDB. Alckmin já
afirmou que pretende trabalhar para persuadir os parlamentares sobre a
necessidade de aprovação da reforma.
"O
que o governador Geraldo Alckmin disse é que o convencimento é a melhor maneira
de conseguir votos. O fechamento de questão vai ser discutido pela bancada e
pelo partido se o projeto for colocado em votação”, disse o deputado Silvio
Torres (SP), secretário-geral do PSDB.
Êxito
Durante
sua breve interinidade no comando do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto
Goldman tentou convocar a Executiva para discutir o fechamento de questão, mas
não obteve êxito. A primeira reunião da nova Executiva tucana deve ocorrer
nesta semana. Alckmin vai se encontrar antes com a bancada para discutir a
reforma da Previdência.
A
avaliação no entorno do governador paulista é de que, se ele conseguir fechar
questão ou pelo menos ampliar a margem de votos favoráveis à reforma entre os
deputados, seu nome será visto como líder desse processo, o que lhe colocaria
em evidência como representante do centro político e ainda atrairia a confiança
do mercado.
“Antes
(da convenção) tudo se resumia a sair ou ficar no governo. Agora que saímos, a
questão é saber se votaremos ou não a favor da reforma da Previdência”, disse o
ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico
do PSDB. (AE)
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