O
Brasil ainda vai levar pelo menos dois anos para voltar a ter uma taxa de
desemprego de um dígito, segundo estimam economistas. No trimestre encerrado em
outubro, a desocupação no país ficou em 12,2%, pelos dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta
(30). O resultado é melhor que o do mês anterior, mas ainda está distante do
patamar anterior à crise.
O
índice de desocupação, medido pela Pnad Contínua, está em dois dígitos desde o
trimestre encerrado em fevereiro de 2016, quanto atingiu 10,2%. Em janeiro, a
taxa era de 9,5%. Um estudo feito pela consultoria Schwartsman e Associados
mostra que, para cada crescimento de um ponto porcentual acima do PIB potencial
(o quanto o País pode crescer com as condições já existentes na economia), o
desemprego medido pela Pnad Contínua responde caindo 0,5 ponto. O PIB potencial
do País é estimado pela consultoria em 2% por ano.
O
estudo aponta que seria preciso o país crescer 7% no ano que vem para que a
taxa de desocupação ficasse abaixo de 10% já em 2018. A previsão mais otimista,
porém, é ele crescer 3,5%. “A sensação térmica da economia é medida pelo
emprego. O país voltou a crescer, mas isso não significa que esteja tudo bem”,
diz o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. “O impacto
dos últimos anos é catastrófico. Ainda não temos certeza de quanto o país vai
crescer daqui para frente, mas o desemprego só deve ficar abaixo de 10% se a
evolução do PIB for parruda. Se o Brasil crescer só razoavelmente, na casa dos
3%, o desemprego só voltará a um dígito em 2020”, diz.
Luiz
Castelli, da consultoria GO Associados, concorda que, apesar da evolução mais
favorável do mercado de trabalho e das perspectivas positivas para a economia
brasileira, a taxa de desemprego pode descer a um dígito somente em dois ou
três anos. Segundo ele, o movimento de geração de vagas é consistente com a
recuperação gradual da economia, mas ainda há riscos de que a retomada seja
prejudicada por incertezas políticas no ano que vem.
“O
último trimestre do ano que vem será mais difícil de prever, pois teremos os
efeitos da eleição. Não sabemos se haverá algum estresse. Ou seja, as dúvidas
no campo político podem limitar o número de novas contratações”, alertou
Castelli. O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados,
diz que a resistência do desemprego em um patamar elevado deve interferir nos
discursos eleitorais. “Por mais que a inflação esteja controlada e que o País
tenha saído da recessão, esses conceitos são difusos para a população. As
discussões de política econômica de 2018 devem ter a geração de emprego como
mensagem subliminar.” (AE)
Sexta-feira,
1º de novembro, 2017 ás 09hs30
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