Uma
ampla reforma da Previdência, como meio de se salvar os Estados e a própria
União do colapso financeiro e fiscal, foi defendida pelo governador Marconi
Perillo durante palestra que realizou na abertura do Painel Especial sobre a
Crise Financeira Estadual realizado ontem e hoje (22) na sede do BNDES, no Rio
de Janeiro. Ao lado do governador anfitrião, Pezão e do economista, Raul
Velloso, Marconi iniciou suas explanações tecendo críticas às imposições feitas
pelo Congresso Nacional e a União. "Se não fizermos a reforma da
Previdência, os Estados vão falir", disse.
“Muitas
vezes os governadores e prefeitos são acusados de incompetentes, pouco
resolutivos, omissos ou de pouca coragem para enfrentar desafios graves",
afirmou Marconi. "Na verdade, grande parte dos problemas que os estados
vivem hoje está diretamente ligada a decisões que são tomadas no Congresso
Nacional, ou a partir de iniciativas do governo federal que são
compulsórias", disse ele. "Nós somos obrigados a cumpri-las. Nós não
temos mais o que fazer do ponto de vista de programas de austeridade, teto de
gastos. Tudo o que tinha de ser feito, foi feito”, afirmou.
O
governador declarou que o percentual de cobrança previdenciária feito em Goiás,
de 14,25%, ainda é insuficiente para fechar a conta do pagamento dos
benefícios. "Nós precisaríamos de 40%, mais a parte do Estado se quisermos
fazer o equilíbrio”. Por esta razão, Marconi entende que se o Brasil não fizer
uma reforma da previdência que resolva pelo menos a questão da idade, os
estados estão fadados a falência. “Não há dúvidas sobre isso”, reafirma.
"Sem a reforma, todo esforço que fazemos em vista de uma gestão moderna e
eficiente, austera, responsável, será em vão se nós não tivermos algo que
realmente resolva a questão previdenciária no Brasil”, completou.
Outro
aspecto apresentado pelo governador diz respeito a relação entre o número de
ativos e inativos na administração do Estado. “Em Goiás nós tivemos um recuo no
número de servidores ativos, menos de 17%, mas uma explosão no número de
inativos, mais 58%. Há dez anos, nós tínhamos um déficit previdenciário de R$
400 milhões. Neste ano chegamos a R$ 1,96 bilhão. Em condições normais nós
teríamos esse ano um déficit de menos de R$ 1 bilhão", afirmou o
governador. "Só o déficit previdenciário é quase o dobro disso. Não fosse
o problema previdenciário nós teríamos mais de R$ 1 bilhão por ano para
investimentos", afirmou.
"Esse,
como se vê, é um gravíssimo problema que enfrentamos atualmente. O mais grave
do País. Ou a gente faz a reforma da previdência ou os Estados vão falir. O
Brasil não tem saída”, afirmou Marconi. Ainda na análise do tema, o governador
alertou que se nada for feito, “daqui a dois anos não haverá mágica e nem
governador que consiga governar com um déficit como esse". "Os
Estados não irão sobreviver. Não é possível mais que algumas pessoas se aposentem
com 45 anos de idade com salário superior a R$ 30 mil. Nós temos 67% dos nossos
aposentados, ou seja, 64 mil do total recebendo acima de R$ 5 mil. Os demais
recebem acima disso e até mais de R$ 30 mil. Não há país e nem estado que
suporte isso”, disse.
Economia goiana
O
governador informou ainda que Goiás, no último trimestre, registrou crescimento
de mais de 4,5 vezes em relação ao PIB nacional. “No acumulado do semestre nós
tivemos um crescimento maior do que o Brasil de 1%. Mas nesse segundo trimestres
nós crescemos 4,6 vezes mais do que o Brasil no PIB. Isso com base no salto de
22% da agroindústria", afirmou. "Nossa balança comercial já alcançou
44 meses seguidos de superávit. Só em agosto o superávit foi de 344 milhões de
dólares", disse o governador.
Marconi
também citou os números do emprego. "Pelo oitavo mês seguido tivemos saldo
positivo no emprego. Perdemos apenas para os estados de São Paulo e Minas
Gerais, os dois mais populosos do Brasil”, acrescentou. O governador disse que
fez o dever de casa ao destacar ter reduzido a estrutura do Estado a dez
secretarias; aprovado a PEC dos gastos (que significa limite na variação de
inflação ou da receita corrente líquida, o que for menor) e ter conseguida que
as receitas primárias sejam superiores às despesas.
Receitas e despesas
“Neste
ano, nós já temos um comprometimento de 105% da nossa receita com quatro
despesas básicas absolutamente necessárias: folha, dívida, previdência e
vinculações orçamentárias. Nós teremos de conseguir 5% a mais de receita extraordinária
se quisermos chegar ao final do ano com a situação financeira equilibrada.
Isso, apesar de todo o esforço que fizemos”, disse.
Marconi
apresentou os números dos investimentos do Programa Goiás na Frente para 2017 e
2018, que prevê a execução de obras e ações que chegam a R$ 9 bilhões. “Não
temos um centavo do Tesouro para investimento. Tudo o que nós conseguimos foi
através de outras fontes, de outras variáveis”, afirmou.
O
governador também falou do Goiás Mais Competitivo e Inovador. “Trabalhamos o
governo baseado em evidências: onde estamos, metas, onde queremos chegar. Temos
desafios prioritários como educação, saúde, segurança etc. e todos os
principais indicadores de competitividade. Ainda não conseguimos alcançar os
níveis de competitividade que queremos porque os dados divulgados agora se
baseiam em números de 2012 a 2015. Nesse último ranking de competitividade,
apenas um Item é de 2016. Mas temos certeza que no próximo ano vamos dar um
grande salto em relação a competitividade no ranking nacional”.
Sábado
23 de setembro, 2017 ás 00hs05
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