Pela
12ª vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por
unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu na quarta-feira (21/03)
a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 6,75% ao ano para 6,5% ao ano. A
decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Com
a redução de hoje, a Selic continua no menor nível desde o início da série
histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa
foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar
14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,75% ao ano em fevereiro,
o nível mais baixo até então.
Apesar
do corte de hoje, o Banco Central está afrouxando menos a política monetária.
De abril a setembro, o Copom havia reduzido a Selic em 1 ponto percentual. O
ritmo de corte caiu para 0,75 ponto em outubro, 0,5 ponto em dezembro e 0,25
ponto nas reuniões de fevereiro e de hoje.
A
Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a
inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
IPCA acumula 2,84% nos 12 meses terminados em fevereiro, abaixo do piso da meta
de inflação, que é de 3%. O IPCA de março só será divulgado no início de abril.
Até
2016, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%,
com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017 e 2018,
o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação,
portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar abaixo de 3%.
Inflação
No
Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a
autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2018 em 4,2%. De acordo com o
boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC,
a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,63%.
Do
fim de 2016 ao fim de 2017, a inflação começou a diminuir por causa da recessão
econômica, da queda do dólar e da supersafra de alimentos. Depois de uma
pequena subida no fim do ano passado, por causa dos reajustes dos combustíveis,
os índices voltaram a cair no início deste ano. O recuo foi motivado por novas
quedas nos preços dos alimentos e dos serviços, setor ainda afetado pela demora
na recuperação da economia.
Crédito mais barato
A
redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o
crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade
econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam
crescimento de 2,83% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços
produzidos pelo país) em 2018. A estimativa está superior à do último Relatório
de Inflação, divulgado em dezembro, no qual o BC projetava expansão da economia
de 2,6% este ano.
A
taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais
taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o
excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o
crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o
crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da
inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de
que os preços estão sob controle e não correm risco de subir. (AE)
Quinta-feira,
22 de março, 2018 ás 00:05
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