Em
depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Fake News (CPI da Fake
News), a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) detalhou na quarta-feira (4/12)
como seria a atuação do grupo que ficou conhecido como “gabinete do ódio”, que
funcionaria no Palácio do Planalto.
Segundo
ela, uma rede de assessores, comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)
e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do presidente Jair
Bolsonaro, seria encarregada de promover ataques virtuais nas redes sociais
contra desafetos da família e adversários do governo.
“Carlos e Eduardo são os cabeças, os
mentores”, afirmou a deputada aos integrantes da CPI, afirmando que os filhos
do presidente têm rede de perfis que espalham fake News.
Ex-líder
do governo no Congresso Nacional, Joice passou a ser alvo de ofensas nas redes
e foi destituída em outubro, após contrariar o governo. Na ocasião, ela se
recusou a apoiar o nome de Eduardo Bolsonaro na disputa pela liderança do PSL
na Câmara.
O
nome “gabinete do ódio” surgiu em referência aos assessores que ocupam uma sala
no terceiro andar do palácio, próximo de onde despacha o presidente Jair
Bolsonaro.
Na
audiência da CPI, a deputada afirmou que o grupo atua com uma estratégia bem
definida e organizada, que começaria com uma lista de personalidades
consideradas “traidoras” e que seriam escolhidas como alvo dos ataques.
“Qualquer pessoa que eventualmente discorde [da família Bolsonaro] entra como
inimigo da milícia”, disse.
A
publicação dos posts com memes ou ofensas seguiria um calendário estabelecido
pelo grupo e uma rede de parlamentares e assessores, além de robôs, seria
responsável por compartilhar as mensagens de forma articulada a fim de
viralizá-las nas redes o mais rápido possível.
“Escolhe-se
um alvo. Combina-se um ataque e há inclusive um calendário de quem ataca e
quando. E, quando esse alvo está escolhido, entram as pessoas e os robôs. Por
isso que, em questão de minutos, a gente tem uma informação espalhada para o
Brasil inteiro”, afirmou Joice.
A
deputada fez uma apresentação para mostrar como funciona o esquema de
distribuição de ataques e notícias falsas. Ela exibiu trechos de conversas no
Whatsapp atribuídas ao “gabinete do ódio”, com orientações sobre os
procedimentos a serem seguidos. Os diálogos teriam sido repassados por um
integrante do grupo.
“Essas
informações foram passadas a mim. Por óbvio, vou preservar a fonte. Eu não faço
parte desse grupo, demorei para conseguir essas informações, porque é muito
sigiloso, mas até algumas pessoas que fazem parte entendem que todos os limites
foram estourados”, afirmou.
A
parlamentar relatou ainda ter usado um software desenvolvido por uma
universidade americana para analisar os perfis no Twitter do presidente Jair
Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro.
Segundo
Joice, quase 2 milhões dos seguidores dos perfis deles são robôs.
Ainda
de acordo com ela, o software americano identificou 21 perfis do aplicativo
Instagram usados pelo grupo que seriam interligados para distribuir o conteúdo
de memes e notícias falsas a algumas páginas do Facebook.
“Estou
mostrando o modus operandi, estou mostrando pessoas ganhando dinheiro público
para atacar pessoas”, disse, em referência aos assessores lotados no Planalto.
(G1/TV Gliobo)
Quinta-
feira, 05 de Dezembro, 2019 ás 00:05
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