Camisetas
verde-amarelas estão espalhadas por Brasília, mas não para incentivar a seleção
de futebol, e sim para a cerimônia de posse de Jair Bolsonaro, que assumirá o
comando do país no próximo 1º de janeiro.
Desde
este domingo, dezenas de brasileiros, a maioria brancos e de classe alta, reúnem-se
em torno da Esplanada dos Ministérios, onde acontecia o ensaio geral para a
posse do novo presidente. Mas uma forte operação de segurança os manteve
distantes do cortejo que simulava o trajeto do futuro presidente.
“Estamos
um pouco tristes, mas vai ser bem melhor ver a cerimônia de verdade daqui a
dois dias”, diz Silvia Capital, 49, moradora de Brasília, que irá hospedar
parentes do Rio de Janeiro em sua casa.
Ao
seu lado, um vendedor não tem do que reclamar: em apenas uma hora e meia,
vendeu 25 faixas presidenciais amarelas e verdes com o rosto de Bolsonaro, a 10
reais cada.
Os
Dragões da Independência, regimento de cavalaria que integra a guarda
presidencial, passam perto dos curiosos, que aplaudem: “Brasil! Brasil!”,
gritam. Assim como o presidente eleito, capitão reformado do Exército, eles
mostram fascínio pelo mundo militar, e a maioria acha que os anos de ditadura
foram bons para o país.
Alguns
puxam pelo braço soldados que vigiam o ensaio, para tirar uma selfie. Outros,
fazem transmissões ao vivo da cavalaria pelo Facebook.
A
cerimônia será marcada por um esquema de segurança rigoroso e sem precedentes,
que inclui um sistema antimísseis e a proibição de guarda-chuvas, mochilas e
carrinhos de bebê.
–
‘Um momento histórico’ –
Daniel
Dias Santos, 52, não se intimida com o tamanho da operação. Para chegar a
Brasília, viajou por cinco dias de moto desde o Paraná. “Sempre tive vontade de
conhecer Brasília e surgiu esta oportunidade com a posse de Bolsonaro, que é
uma pessoa muito honesta, uma pessoa de bem”, diz o operador de máquinas
agrícolas.
Com
o rosto do futuro presidente estampado em sua camiseta, ele defende a
flexibilização da posse de armas, uma das promessas de campanha de Bolsonaro.
“Se o bandido está armado, por que a pessoa de bem não pode estar? ”,
questiona. “Não possuo arma, mas se ficar mais fácil, irei adquirir uma, com certeza.
”
–
‘Brasil limpo’ –
A
professora Maria do Carmo, 62, viajou do interior de São Paulo para ver de
perto seu herói. “Não quero perder nada! Nunca fui tiete de ninguém, nem de
cantor, nem de político. Mas sou Bolsonaro. ”
Maria
comprou a passagem mesmo antes da vitória eleitoral, porque estava certa de que
Bolsonaro ganharia nas urnas. “É impressionante como esse homem conseguiu mudar
meu pensamento. Porque ele quer um país limpo, e é um país como esse que eu
quero para meus netos. ”
A
professora diz que perdoa os comentários de cunho machista, racista e homofônico
feitos por Bolsonaro ao longo de sua carreira como deputado. “Ele não é homo
fóbico, mas ele não quer, e eu também não quero, ver dois homens ou duas
mulheres se beijando na rua. Tudo tem lugar certo, até para casal hetero”,
opina.
O
advogado Luiz Fernando Barth, 48, que viajou com a mulher e os dois filhos
adolescentes do município de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, espera que
Bolsonaro “livre o país do câncer da corrupção”.
Vestindo
uma camiseta de “Mulher Maravilha” com a inscrição “Bolso Linda”, a carioca
Leticia Spinelli, 43, adverte: “Ele não é santo, não sou fã de nenhum político.
Da mesma forma que fui para a rua apoiá-lo, se ele não fizer um bom governo,
vou lutar para ele sair. Porque o brasileiro merece um governo decente. ” (AFP)
Domingo,
30 de dezembro, 2018 ás 20:30
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