Os
consumidores que caíram no rotativo do cartão de crédito ou usaram cheque
especial pagaram juros mais caros em novembro, de acordo com dados do Banco
Central (BC), divulgados quinta-feira (27/12).
A
taxa de juros do cheque especial subiu 5,3 pontos percentuais, em relação a
outubro, ao chegar em 305,7% ao ano, em novembro. As regras do cheque especial
mudaram em julho. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os
clientes que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos
passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a
do cheque especial definida pela instituição financeira.
A
taxa média do rotativo do cartão de crédito subiu 4,1 pontos percentuais em
relação ao outubro, chegando a 279,8% ao ano, no mês passado.
A
taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e
inadimplentes. No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor
mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 255,6% ao ano em novembro,
com aumento de 2,4 pontos percentuais em relação a outubro.
Já
a taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo
da fatura (rotativo não regular) subiu 5,7 pontos percentuais, indo para 296,8%
ao ano.
O
rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor
integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo,
as instituições financeiras parcelam a dívida.
Em
abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes
no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos
consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor em junho deste ano.
Mesmo
assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual
porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.
Modalidades caras
As
taxas do cheque especial e do rotativo do cartão são as mais caras entre as
modalidades oferecidas pelos bancos. A do crédito pessoal, por exemplo, é mais
baixa: 122,9% ao ano em novembro, com redução de 3,1 pontos percentuais na
comparação com o mês anterior. A taxa do crédito consignado (com desconto em
folha de pagamento) chegou a 24,3% ao ano, estável em relação a outubro.
A
taxa média de juros para as famílias caiu 0,3 ponto percentual para 51,6% ao
ano. A taxa média das empresas caiu 0,1 ponto percentual, atingindo 20,3% ao
ano.
Inadimplência
A
inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas
físicas, chegou a 4,8%, com redução de 0,1 ponto percentual. No caso das
pessoas jurídicas, houve recuo de 0,1 ponto percentual para 3%. Os dados são do
crédito livre em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado
no mercado.
No
caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo,
destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura)
os juros para as pessoas físicas subiram 0,1 poto percentual para 7,7% ao ano.
A taxa cobrada das empresas caiu 0,5 ponto percentual para 9,2% ao ano. A
inadimplência tanto das pessoas físicas quanto das empresas caiu 0,1 ponto
percentual para 1,6% e 2%, respectivamente.
Saldo dos empréstimos
Em
novembro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$
3,202 trilhões, com aumento de 1,1% no mês e de 3,6% no ano. Em 12 meses, a
expansão chegou a 4,4%. Para este ano, segundo previsão divulgada em setembro,
o BC projeta crescimento do crédito em 4%.
Esse
estoque do crédito corresponde a 46,8% de tudo o que o país produz – Produto
Interno Bruto (PIB) – com aumento de 0,2 ponto percentual em relação a outubro.
Em 12 meses, houve recuo de 0,2 ponto percentual.
Projeções para 2019
Para
próximo ano, o BC espera por uma expansão maior do saldo do crédito, em 6%. No
segmento de pessoas físicas, a estimativa é de alta de 7% no estoque de
empréstimos, “em linha com a aceleração do consumo das famílias”, segundo o
Relatório de Inflação, divulgado no último dia 20. Para pessoas jurídicas, a
projeção é de expansão de 5%, “influenciada, entre outros fatores, pela
continuidade do processo de captação de recursos por parte das empresas nos
mercados externo e de capitais, em substituição aos recursos do SFN [Sistema
Financeiro Nacional]”.
A
carteira de crédito livre deve crescer 10,5% e os empréstimos do segmento
direcionado, 1%. (ABr)
Quinta-feira,
27 de dezembro, 2018 ás 12:30
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