A
confiança dos empresários do setor do agronegócio brasileiro caiu 8,6 pontos no
segundo trimestre de 2018, na comparação com os primeiros três meses do ano.
Segundo dados divulgados quarta-feira (25/7) pelo Departamento do Agronegócio
(Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Índice de Confiança do
Agronegócio (IC Agro) marcou 98,5 pontos no período, contra 107,1 no trimestre
anterior. O resultado abaixo dos 100 pontos indica pessimismo moderado.
A
pesquisa foi feita com 645 produtores e industriais do agronegócio, logo depois
da greve dos caminhoneiros, no final de maio e início de junho. Segundo o
diretor titular do Deagro da Fiesp, Roberto Ignácio Betancourt, o movimento
colocou em evidência a perda de fôlego da recuperação econômica e as dúvidas
quanto aos projetos que vão surgir após as eleições. “A principal contribuição
para a perda de confiança se deve à piora significativa na percepção quanto à
situação do país, que caiu bruscamente em todos os elos pesquisados da cadeia”,
disse.
Todos
os segmentos pesquisados tiveram recuo na confiança. A indústria de insumos
agropecuários atingiu os 99,2 pontos, o que representa uma queda de 16,9 pontos
ante o trimestre anterior, sendo a maior queda registrada desde o início da
pesquisa. Betancourt ressaltou que o resultado é reflexo da turbulência gerada
pela paralisação. “No caso dos fertilizantes, por exemplo, além da deterioração
na avaliação das condições gerais da economia, o setor foi fortemente impactado
pela paralisação e posterior indefinição sobre o tabelamento dos fretes
mínimos. O mês de maio fechou com entregas de apenas 1,8 milhão de toneladas,
cerca de 700 mil toneladas abaixo do volume que seria considerado normal para o
mês.”
No
caso da indústria de alimentos e tradings houve queda de 7,9 pontos, resultando
na marca de 98,2 para a confiança. Segundo os dados, a pontuação é decorrente
da piora dos ânimos quanto às condições atuais e expectativas para o futuro.
Mesmo assim, as empresas mostram que confiam mais nas condições de seus
próprios negócios e menos nas condições da economia.
Para
o produtor agropecuário, houve recuo de 6 pontos em relação ao trimestre
anterior, passando para 98,5 pontos. Para o produtor agrícola, a retração foi
de 4,3 pontos, chegando aos 102,0. “Ainda assim, é importante destacar a
interrupção de uma trajetória de três altas consecutivas, iniciada no 3º
trimestre do ano passado. A percepção a respeito da economia brasileira pesou sensivelmente
para a queda”, disse o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB), Márcio Lopes de Freitas.
O
indicador apontou ainda que os custos alcançaram 49 pontos, sendo o mais baixo
desde o primeiro trimestre de 2016. O item foi pressionado principalmente pelas
expectativas. Segundo Freitas, muitos agricultores anteveem que terão de pagar
mais pelos insumos, diante do esperado aumento nos fretes e repasse da alta do
dólar observado nos últimos meses. “O fato de os produtores agrícolas sustentarem
uma certa confiança pode ser explicado principalmente pelo momento no mercado
de grãos, cujos preços permanecem em bom patamar, apesar de uma relativa
desvalorização no fim do segundo trimestre”, disse Freitas.
Também
houve recuo na confiança dos pecuaristas, que baixou 11 pontos, atingindo 85,3,
sendo os pecuaristas de corte, os mais desanimados. “Os preços do boi gordo
estão em queda desde janeiro. Os produtores de gado leiteiro, por sua vez,
impediram uma perda de confiança ainda maior, tendo em vista a recuperação dos
preços do leite nos últimos meses”, afirmou.
Outra
variável que pesou para a percepção pessimista do produtor pecuário foi o custo
de produção (48,9 pontos), que recuou para níveis similares ao observado em
meados de 2015 e início de 2016. (ABr)
Quarta-feira,
25 de julho, 2018 ás 18:00
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