Tramita
no Congresso desde 2013 um projeto de lei que altera a Lei de Execução Penal
para extinguir a revista íntima de visitantes em presídios, prática que, embora
considerada vexatória por defensores dos direitos humanos, impede a entrada de
drogas, armas como canivetes e celulares que muitas mulheres escondem na
vagina.
A
proposta passou pelo Senado e, em 2014, foi remetida à Câmara dos Deputados,
onde na semana passada foi aprovado na Comissão de Segurança Pública e Combate
ao Crime Organizado.
O
projeto determina que a “revista pessoal deverá ocorrer mediante uso de
equipamentos eletrônicos detectores de metais, aparelhos de raio-x ou aparelhos
similares, ou ainda manualmente, preservando-se a integridade física,
psicológica e moral da pessoa revistada e desde que não haja desnudamento,
total ou parcial”. Também proíbe o uso de espelhos, esforços físicos repetitivos,
bem como preserva a incolumidade corporal da pessoa revistada.
Para
proteger as pessoas que precisam entrar nos presídios, fixa que “a revista
manual será realizada por servidor habilitado e sempre do mesmo sexo da pessoa
revistada, garantindo-se o respeito à dignidade humana”, deixando ao critério
dessa pessoa a realização “em sala apropriada apartada do local da revista
eletrônica e sem a presença de terceiros”.
A
proposta, atualmente relatada pelo deputado João Campos (PRB-GO), também
destaca que “a revista pessoal em crianças ou adolescentes deve garantir o
respeito ao princípio da proteção integral da criança e do adolescente, sendo
vedado realizar qualquer revista sem a presença e o acompanhamento de um
responsável.”
A
proposta encontra resistência por parte da categoria dos agentes
penitenciários. “Realmente, é muito frequente essa situação das esposas ou
acompanhantes estarem escondendo algo onde não se possa ver, mas eu acho que
deve ser excluído esse tipo de inspeção, porque hoje em dia tem o avanço
[tecnológico]”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Agentes Disciplinar
Terceirizados da Bahia (Sindap-BA), Orlando Saraiva. .
Atualmente,
estados como Rio de Janeiro e São Paulo já proibiram a revista íntima por meio
de leis locais. Também há recomendações da Defensoria Pública, como no Rio
Grande do Norte, nesse sentido. No entanto, segundo a Associação de Amigos e
Familiares de Presos (Amparar), a prática da revista íntima ainda é recorrente,
inclusive em locais em que já há scanner.
Se
o projeto for aprovado, a regra passará a valer em todo o país. Para tanto,
ainda é preciso passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara
dos Deputados.
Segunda-feira,
21 de maio, 2018 ás 00:05
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