O
mercado brasileiro de distribuição de combustíveis atraiu a gigante suíça
Glencore, que fechou a compra de 78% das ações da distribuidora Alesat, que
detém a rede de postos de combustíveis Ale, quarta maior empresa do setor.
O
Brasil virou o paraíso das distribuidoras, que, muito influentes junto a órgãos
públicos, parecem tacitamente autorizadas a atuar cartelizadas e até mesmo como
atravessadores. Graças ao lobby dessas empresas, durante décadas os produtores
ficaram proibidos de vender o etanol aos postos, por isso as
distribuidores/atravessadores se capitalizaram muito, ditando preços. Essa
situação começa a mudar, com projeto já aprovado no Senado e pendente de
votação na Câmara, autorizando a venda direta. Também está em vigor decisão da
Justiça Federal, em caráter liminar, autorizando os produtores a venderem
etanol diretamente aos postos. A tendência é de redução do preço final para os
consumidores.
Um
dos fundadores da Ale, Marcelo Alecrim, continuará na gestão da empresa. Ele
permanecerá com 22% da companhia e assumirá a posição de presidente do conselho
de administração. O valor do negócio não foi divulgado.
É
a primeira grande operação envolvendo uma empresa estrangeira no mercado
brasileiro de distribuição desde o final dos anos 1999, que marcou a chegada ao
país de grupos como a argentina YPF (hoje Repsol) e a italiana Agip.
Depois,
o Brasil viu a saída de algumas multinacionais, como as duas citadas e a
gigante mundial Exxon, que operava no país com a bandeira Esso. Hoje, o mercado
é controlado por BR Distribuidora, a parceria Shell/Cosan e Ultra, que opera
com a marca Ipiranga.
A
Glencore tem operações no comércio internacional de combustíveis e vê a rede da
Ale como oportunidade para trazer produtos do exterior ao Brasil.
“O
investimento proporcionará à Glencore uma plataforma sólida para aproveitar as
significativas oportunidades de crescimento no setor, sendo que a maior parte
do aumento da demanda deverá ser suprido por importações”, disse a empresa em
nota.
Com
uma rede de cerca de 1.500 postos, a Ale foi responsável em 2017 por 4,3% das
vendas de combustíveis no país, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANP).
Sexta-feira,
29 de junho, 2018 ás 18:00
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